tag:blogger.com,1999:blog-294368172024-02-20T05:56:18.636+00:00PsicologiAveiroPsicologiAveiro, o blog do ITAPA - Instituto Terapêutico Analítico Psicologia Aveiro. Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.comBlogger861500tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-18263668981158336372017-02-20T11:29:00.001+00:002017-02-20T11:29:40.818+00:001 de Março de 2017 estaremos em novas instalações: Avenida Doutor Lourenço Peixinho n.º128, 1º andar, 3800-160 Aveiro<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiauGQa-VJi4h4xnD02Hf72wj_2eC7qBTSOn69g50Kcq6MouPfGbUnNnBgFIRoX2udzwr7SN2bP1lHIF9IGG6gOlN0Jcl9Q7pFe3IH7Gg65fBUkrpqkQlhks7w5WF6MD4_lpogO/s1600/itapa5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiauGQa-VJi4h4xnD02Hf72wj_2eC7qBTSOn69g50Kcq6MouPfGbUnNnBgFIRoX2udzwr7SN2bP1lHIF9IGG6gOlN0Jcl9Q7pFe3IH7Gg65fBUkrpqkQlhks7w5WF6MD4_lpogO/s320/itapa5.png" width="320" /></a></div>
João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0Avenida Doutor Lourenço Peixinho n.º128, 1ºandar, 3800-160 Aveiro, Portugal40.642617 -8.6478710000000115.120582500000001 -49.956465000000009 66.1646515 32.66072299999999tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-53250847860772645862015-05-08T11:53:00.000+01:002015-05-08T11:53:25.843+01:00Tertúlia “De como ir colhendo um Universo - Incursão musical, poética e imagética” com Ricardo Grácio<div class="clearfix _5xhk">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigf6XrtG8RCeP5z_ZQFWwl1z1sTxqD5sejISM_ylCUHakuaOgZk2Bf4cO6sEOlt-QvsAgUsVSbAAw6MvZJQdW2uZK1kqr78eqPohqLswXFkc1sDSQBsLvQ5JprKLm2OZXzxjmC/s1600/cartaz_Colhendo+Universo_final.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigf6XrtG8RCeP5z_ZQFWwl1z1sTxqD5sejISM_ylCUHakuaOgZk2Bf4cO6sEOlt-QvsAgUsVSbAAw6MvZJQdW2uZK1kqr78eqPohqLswXFkc1sDSQBsLvQ5JprKLm2OZXzxjmC/s400/cartaz_Colhendo+Universo_final.png" width="400" /></a></div>
<div class="_4bl7 prs">
<br /><br /><br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="uiGrid _51mz" style="text-align: justify;"><tbody>
<tr class="_51mx"><td class="_51m- _xki"><br /></td><td class="_51m- _51mw"><div class="clearfix _4930">
<div class="_xkg rfloat _ohf">
<div id="u_jsonp_2_11">
<div class="_6a">
<div class="_6a _6b">
</div>
</div>
</div>
</div>
<div class="_xkh _42ef">
<div class="_6a">
<div class="_6a _6b" style="height: 52px; text-align: justify;">
O ITAPA convida Ricardo Grácio para uma tertúlia sobre
o modo como o autor descobre um Universo que se apresenta diante dele,
recorrendo para isso a instrumentos como a música, a poesia e a
fotografia, acompanhados pelo seu espírito crítico e indagador,
semelhante à curiosidade tão típica das crianças.</div>
<div class="_6a _6b" style="height: 52px; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Espera-se uma
conversa informal e aconchegada em diálogo livre e espontâneo com os
participantes, sendo acompanhada por exposição fotográfica e viagem pela
obra do autor, que conta com livros de poesia, prosa e mais
recentemente um álbum musical intitulado “Coisas com Tempo”.</div>
<br />
<br /> Seguir-se-á uma pequena ceia, prolongando o convívio.<br />
<br />
<br />
<span class="fsl">Informações e inscrições através do e-mail: geral.itapa@psicologiaveir<wbr></wbr><span class="word_break"></span>o.pt<br /> <br /> Vagas limitadas a 15 participantes.<br /> Entrada e inscrição gratuitas.</span><br />
<span class="fsl"><br /></span>
<div class="_4bl7 prs">
<br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="uiGrid _51mz"><tbody>
<tr class="_51mx"><td class="_51m- _51mw"><div class="clearfix _4930">
<div class="_xkh _42ef">
<div class="_6a">
<div class="_6a _6b">
ITAPA - Instituto Terapêutico Analítico Psicologia Aveiro<div class="_5xhp fsm fwn fcg">
Rua dos Combatentes da Grande Guerra nº43 1º andar, 3810-087 Aveiro</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="_4bl7 prs">
<span content="2015-05-23T13:30:00-07:00" itemprop="startDate"><br /></span></div>
<span class="fsl"></span><br />
<div class="_4bl7 prs">
<span content="2015-05-23T13:30:00-07:00" itemprop="startDate">Sábado, 23 de Maio </span>às 21:30</div>
João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-18014785872173736452012-06-26T15:52:00.003+01:002015-05-08T11:54:38.525+01:00Sexologia ClínicaO ITAPA dispõe agora também de serviço de <a href="http://itapa.psicologiaveiro.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=65&Itemid=91&lang=pt" target="_blank">Sexologia Clínica</a>.<br />
<br />
<br />
<div style="padding-left: 60px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; letter-spacing: 0px;">O
serviço de Sexologia Clínica do ITAPA disponibiliza um tratamento
especializado em Sexologia e Terapia Sexual segundo os padrões da <i><a href="http://www.spsc.pt/spsc/index.php" target="_blank">Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica</a></i>.
Todos as pessoas são atendidas em máximo sigilo, directamente pelo
técnico com quem foi feita a marcação prévia da primeira consulta. Só
após (pelo menos) a primeira consulta se irá inter-decidir sobre o
processo terapêutico e os seus trâmites.</span> </div>
<br />
<div style="padding-left: 120px; text-align: justify;">
<em><span style="letter-spacing: 0px;"><span style="white-space: pre;"> </span><span style="font-size: 10pt;">“A
actividade sexual é também uma expressão comportamental da sexualidade e
do desenvolvimento humano que quando se encontra em desarmonia pode
provocar problemas pessoais e relacionais. A saúde sexual é pois uma
área de particular importância no nosso bem estar físico e psíquico.
Neste sentido, a terapia sexual pode ser um suporte fundamental para o
restabelecimento da qualidade de vida do(s) indivíduo(s). Nela podem ser
tratados diversos problemas, tais como: disfunção eréctil, patologias
do desejo, frigidez, vaginismo, ejaculação prematura e retardada,
problemas de relação conjugal, situações relacionadas com a orientação
da sexualidade, situações relacionadas com a integridade corporal e
sexualidade.</span></span></em></div>
<span style="font-size: 10pt;"><em> </em></span> <br />
<br />
<div style="padding-left: 120px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;"><em><span style="white-space: pre;"> </span>Quando
se fala de sexo, não existe certo ou errado, existe apenas o que faz
sentido e funciona com a maneira de ser de cada um. No entanto, é
importante não esquecer que 1+X=1, ou seja, esta nova entidade (relação)
criada por duas ou mais pessoas tem características próprias, únicas e,
por consequência, necessidades específicas também. Os corpos vão-se
conhecendo cada vez mais, descobrem-se e podem ir de encontro aos
desejos e vontades de cada um dos envolvidos. Talvez por esta razão o
sexo, por exemplo numa relação de casal, devesse ser cada vez melhor à
medida que os anos passam... então porque razão tantas vezes esmorece e
deixa de ser emocionante? Aqui, outros factores, para além dos
individuais, encontram-se implicados. A monotonia dos dias, o stress, a
pressão, a pressa dos ponteiros do relógio, as responsabilidades da
vida, as preocupações, as doenças físicas e psíquicas, etc.. levam à
necessidade de se descobrir novas formas de intimidade e de redescobrir
paixões perdidas pelos anos.</em></span></div>
<div style="padding-left: 120px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;"><em><br /></em></span></div>
<div style="padding-left: 120px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;"><em><span style="white-space: pre;"> </span>A
terapia sexual pretende ir ao encontro de todas as dificuldades que
emergem no seio de duas ou mais pessoas cuja comunicação na intimidade
se encontra parcial ou totalmente fechada, ou ainda num indivíduo,
separadamente, que num determinado momento da sua vida, por exemplo, não
se sente bem com o seu corpo e com a sua própria sexualidade”.</em></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: 10pt; letter-spacing: 0px;"><span style="white-space: pre;"> </span></span> <span style="font-size: 8pt; letter-spacing: 0px;"><em>Alexandra Loureiro</em>, Coordenadora e Surpervisora de Sexologia Clínica do ITAPA</span></div>
João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-55407478499558103242012-03-12T14:53:00.000+00:002012-03-12T14:53:48.471+00:00“A porta blindada do muro de cartão.”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO3nkj7c_6f5swmAv1z5NqymSNUlvJWxp30zxMWTKsmXI3MrqKgGFm5zYiob5SIBdmz0O-AltKc7GW4Uy-zVQayyEyvHjbQUbT2PtlN4gT0j9l_jb71-6qvg6TrFQDRiexgNUm/s1600/portablindadamurodecartao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO3nkj7c_6f5swmAv1z5NqymSNUlvJWxp30zxMWTKsmXI3MrqKgGFm5zYiob5SIBdmz0O-AltKc7GW4Uy-zVQayyEyvHjbQUbT2PtlN4gT0j9l_jb71-6qvg6TrFQDRiexgNUm/s320/portablindadamurodecartao.jpg" width="320" /></a></div><br />
<style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style> <br />
<div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">...encostado ao meu canto, cuidadosamente, faço de conta, entusiasmo...” </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Parece imperar [(in)desejavelmente] a dificuldade de expansão, da liberdade de ser-se participante, no (re)encontro com esse que afinal não se torna assim tanto num novo outro, e, que se assemelha tão similarmente aquele(s) cuja falta ainda procura colmatar. </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">O desejo (e o entusiasmo?) não está todavia tão perdido, nem passou a (in)existir, “só” não se mostra da mesma forma que se espera vê-lo para que possa ser reconhecido com tal. É como um beijo com sabor a estalo ou como uma chapada com calor de abraço.</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">...e assim digo que te amo, mas pareces nem ouvir sequer que to digo, quanto mais que o sinto...”</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Envolto em pertinentes e justificadas “queixas”(?), “não foi feito, não foi dito, não esteve (...)”, não entende (embora compreenda) que hoje (ainda lhe) faz (a mesma) falta, “não fazer, não dizer, não estar(...)”, tal como sente que foi, também se vai (re)sentindo, repeticional e quase ritmadamente, dessa mesma maneira. Mas vai, “(con)sentindo”...</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">...por favor, para além das palavras...”</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Quase súplica, “evidentemente” transferencial, que se se entremeia por entre ferozes ataques, (defesas) de elaboração complexa e completa, inabaláveis não fora o muro de cartão que defende, através dessa porta blindada, a dor de se sentir só, acompanhada da culpa de sentir estar sozinho. </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;">As palavras” parecem ser demasiadas vezes “as coisas” sem (se ter) sentido, sem sentir, “...aquelas que se podem comprar e que se podem possuir não são as mesmas que procuro, mas são nelas que me encontro... As (“coisas”) que me fazem falta, não se explicam pela física nem se dão porque alguém as fez... Só se podem sentir...”. </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">Pior é compreender e sentir nisso uma impossibilidade de mudança...”</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Transferida nas perguntas dos porquês (que nos devolve uma pseudo-fixação a um estado infantil), parecendo não entender “(...)por que raio sou assim?” (im)possibilitando-se, em defesa do (re)viver emocional, a resposta do “...por que raio me sinto desta maneira?”.</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">Nada como o fundo ser negro, a folha ser branca e as palavras serem de ambas mesmas cores...”</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">A (i)legibilidade dessa escrita fantasmática sombreada pelo contraste ausente, informa-nos (também) da precisão obsessiva com que aquelas dores são protegidas, ainda assim tão fragilmente pintadas a traço de obscura (depressiva) e clarividente (maníaca) perda de amor.</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">Abandono a minha própria vida como única forma de vos fazer perceber, de vos dizer, que me senti e me sinto abandonado por vocês... Vocês parecem continuar a não ouvir, e assim, eu vou continuar a não (vi)ver...” </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Abandonar a própria vida, como se isso pudesse ser uma montra que “alguém” vai poder finalmente apreciar, “dizer simplesmente não chega, é mesmo preciso sentir”. Abandonar a própria vida, como forma de dizer “...vejam, é isto que eu sinto, repito agora o que me fizeram a mim, fazendo-o a mim mesmo... e quem sabe aos que me rodeiam... e fazer isto que odeio aos que mais amo, continua a ser a minha precária forma de os gostar... a forma como gostaram de mim...”.</span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Fá-lo em mutismo de partilha visível, embrenhado na divina musicalidade que o acompanha como se fora a sua própria permanente ligação ao mundo externo, uma música de segurança, que faz soar a vida a um filme, onde as cenas, as melhores cenas sempre vêm de mão dada com aquele tema de encaixe perfeitamente poetizado. </span></span></span></span> </div><div align="JUSTIFY" lang="pt-PT" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; text-indent: 1.25cm; widows: 2;"> <br />
</div><div align="CENTER" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="background: transparent;">“<span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;">Onde te encontro então? Se não é nas palavras, e se é só através delas?”</span></span></span></span></div><div align="LEFT" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <br />
</div><div align="JUSTIFY" lang="" style="background: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"> <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: x-small;"><span style="background: transparent;"><span style="font-size: small;"><span lang=""> A liberdade do conforto é também o eufemismo no ardor da amplificação: “Ainda existe, demasiada, dificuldade em aceder ao trabalho interno daqueles </span></span><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="">órgãos</span></span></span><span style="font-size: small;"><span lang="">, dos quais os </span></span><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="">exames</span></span></span><span style="font-size: small;"><span lang=""> mostram a </span></span><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="">phatogenia</span></span></span><span style="font-size: small;"><span lang="">, mas não nos esclarecem sobre o seu funcionamento autónomo. Os diagnósticos, parecem ser, agora e cada vez mais, imprudentes formas de nomenclar, de colocar em catálogo os resultados dos </span></span><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="">testes</span></span></span><span style="font-size: small;"><span lang=""> efectuados aos </span></span><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="">órgãos internos</span></span></span><span style="font-size: small;"><span lang="">, mais, uma e outra vez, não caracterizam um entendimento sequer próximo da dinâmica, quanto mais do seu significado. Não é visível a profundidade do enfermo (emocional), sequer se ele de facto existe (?).”</span></span></span></span></span></span></div><div align="JUSTIFY" lang="" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-decoration: none; widows: 2;"><br />
</div><div lang="" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-align: right; text-decoration: none; widows: 2;">Castanheira, J. (2011). <span style="color: black;"><span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;"><span style="font-family: Times New Roman Italic,serif;"><span style="font-size: small;">A porta blindada do muro de cartão</span></span></span></span></span></span>. <a href="http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0301" target="_blank">Portal dos Psicólogos</a>. </div><div lang="" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-align: right; text-decoration: none; widows: 2;">ISSN: 1646-6977 - nº 384 | 12 Mar 2012</div><div style="background-color: white; border: medium none; color: black; overflow: hidden; text-align: left; text-decoration: none;"><br />
</div><div lang="" style="background: none repeat scroll 0% 0% transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; page-break-after: auto; page-break-before: auto; page-break-inside: auto; text-align: right; text-decoration: none; widows: 2;"><br />
</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-8373332376669653512011-10-31T12:33:00.001+00:002011-11-02T18:53:46.926+00:00“Literalidade e latência: da verdade unicista à mudança idiossincrática.”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTLfiREOtKdTwGLJ3OQGiS1HT8iLAVr6MxL9VE_S72XfwndQRqiey6jpEChpwfkCMkCv83AkT2w3nHz5cCwHxAPGpBHtYyTARg01B1T-wIU_SGuUvHYDWtZhiX1HQWTFBYDdF/s1600/IMG_0194.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmTLfiREOtKdTwGLJ3OQGiS1HT8iLAVr6MxL9VE_S72XfwndQRqiey6jpEChpwfkCMkCv83AkT2w3nHz5cCwHxAPGpBHtYyTARg01B1T-wIU_SGuUvHYDWtZhiX1HQWTFBYDdF/s320/IMG_0194.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Para além da literalidade e da latência, estão tantas vezes as verdadeiras mensagens, onde a genuinidade e a veracidade parecem encontrar-se na relação entre o que se expressa e o seu significado para além da sua própria aparência. Isto é, não é numa, nem noutra isoladamente que podemos achar os reais significados, da comunicação intra e extra-psíquica, mas sim na sua inter-relação dinâmica. O trabalho de leitura analítica da vigília deve, apesar de tudo, regular-se pelos mesmos ditames analíticos do trabalho dos conteúdos oníricos: entre o conteúdo manifesto e o conteúdo latente. <br />
Não é propriamente novidade, que o conteúdo manifesto seja também representativo de conteúdos latentes, e, que o significado total/real, [ou pelo menos, proximal da(s) verdade(s)] da intra e/ou extra-expressão psíquica, seja tendencialmente incompleto quando compreendido apenas nessa face que se mostra (superfície) ou na outra que não se vê (profundidade). No entanto, é com alguma cautela, e até delicadeza, que a interpretação das “preciosas verdades intra e/ou externo-relacionais” deve ser feita, já que se a busca pretender encontrar uma espécie de verdade única (“a verdade” e/ou “a interpretação”), então não haverá espaço para a amplificação do conhecimento interpretativo que permite (e tantas vezes possibilita) a existência da mudança (terapia), para em vez disso se assumir uma medíocre cristalização de algo, que por ser dinâmico (à própria imagem do universo mental) não se poderia considerar como digno de real, se imutável.1</div><br />
<ul style="text-align: justify;"><li>1 Ainda assim, poderíamos, e talvez devêssemos, pensar um pouco em ditas entidades em forma de quadros (ou quadrados) patogénicos, onde a fixação parece presidir, quer à formação do próprio estado, quer à manutenção aparentemente repetitiva e imutável do sujeito. Ou seja, como se duma dinâmica estática se tratasse, que é o mesmo que dizer que o estado seria estático pois a única dinâmica apresentada seria a própria repetição de uma dinâmica em particular, repetida vezes sem conta, por vezes até à exaustão, aquilo que por exemplo alguns apelidaram e chamam (também) de “Repetição Relacional Patogénica” [onde o indivíduo vivência as novas situações à imagem das situações antigas (fixação referencial)]. </li>
</ul><br />
<div style="text-align: justify;">Vejamos um exemplo de associação livre retirado de uma sessão de terapia (com autorização e confidencialidade asseguradas), onde a vigília se parece encontrar com o sonho, e o espaço de libertação (e até de libertinagem “psicótica”) se abriga na segurança da possibilidade de fantasiar o que realmente se fantasia, sabendo que é naquele espaço que se pode ir lá sem lá ficar, permitindo o regresso e a regressão (ou tantas vezes a mera visualização interpretativa) a estados onde, por exemplo, “o indivíduo ainda nem é indivíduo, e o mundo ainda não é mundo, do útero fusional à ausência de sexo”:</div><br />
<div style="text-align: justify;"><ul><li>“(...) Não é, uma qualquer dor que me assola… Não é? São os campos que de arroz se estendem até ao teu rosto, são. Que consolo se aloja na perdiz? Qual esforço, subindo ao encosto de um banco de jardim. Agora fá-lo, ora surpreende o entusiástico reparo que não vi. Quem era aquela janela, sentinela? Dispersão. Pressionarias aquela tecla que jamais ousaria toar-te daquele som. Aberta pela supérfula via do engenho frutífero. Não mais queria tê-la comigo, aquela janela que abrigo. (pausa) Ainda agora comecei as primeiras letras e já me vejo a olhar as palavras, que fogem pela parede e se encontram nas calmas serenatas de horror. O espreguiçadouro de Miornot, era antigo, ansião-lítico, do mesmo tipo que abismo. Quem ousa compreender estas arrogantes palavras? São também os cintilantes brilhos parquíssimos de gralhas? Para quê perder o significado de cobrir o telhado de firmes orlas de cor. Contra-pé delegado para sair caro o sabor. Não digo nada, deste mais tudo que desaparece num seguro milionésimo de calor. Servidos os quadros, parecem vidros de ligação. Permanecem permitidos apenas os que queimam agreste salva. Sejam soltas. Não querem ser mortas. Mas são. (pausa) Aquém destemida sai pelo portão de balancé. Sai pela porta que é entrada do que é. Aflige. Recomenda. Atrai-se para a contro-ladainha. Para se voltar a ver que aquela, era minha.(...)” </li>
</ul></div><br />
<div style="text-align: justify;">Convém referir que apesar da contextualização de luz exemplificativa, o trecho de sessão acima transcrito apresenta-se intencionalmente desprovido do contexto original, quer da sessão onde emergiu, quer da própria terapia, o que pode levantar com enorme facilidade os reducionismos mais precários sobre o que realmente estaria a ser “dito”. Independentemente disso, a intenção é mostrar com realidade analítica aquilo que dá título a este texto, ou seja, que da literalidade do que é dito e da latência que contém, pode ser expandido o auto-reconhecimento de significado do que normalmente não é dito, nem ao próprio e muito menos ao outro. Por outras palavras, no espaço onde o Eu se permite encontrar com o outro, pode dar-se também um renovado auto-encontro, diferente de um encontro repetido (sob a alçada dos meramente encontros passados). Talvez importe dizer que é, também, nessa livre expressão que tantas vezes os elementos de conteúdos deslocados para objectos invariavelmente insatisfatórios e consequentemente produtores de sinais e sintomas, se recolocam na via da possibilidade (previamente transferencial) do encontro com objectos realmente possibilitantes da satisfação e/ou frustração (satisfatória), aqueles que podem dar caminho ao percurso para a resolução [do(s) conflito(s)], por serem os apropriados (ou por serem pseudo-substitutos sublimantes suficientemente capazes de o serem).<br />
Claro que é, também muitas vezes, o facto das características dos objectos receptores (apropriados à satisfação e/ou frustração dos conteúdos latentes, por exemplo desejantes) serem inapropriadas para os conteúdos dinâmicos do Super-Eu que tornam o caminho desviado, quer da satisfação, quer da frustração (satisfatória), já que o deslocamento (para objectos diferentes daqueles que podem adequar-se aos conteúdos emergentes) viabiliza mormente acontecimentos sinalético-sintomáticos que podem ir, por exemplo, desde a fixação obsessiva no objecto deslocado até à psicose paranoide. Ambos exemplos, de apresentação defensiva e sinalética da depressão subjacente à (im)possibilidade do encontro amoroso interno e do posterior encontro amoroso (satisfatório e/ou frustrado) com objectos apropriados e reais do mundo externo: a liberdade para o Eu intra-integrado e para a saudável relação com o outro (no e do mundo extra-psíquico); ou, a liberdade para a auto-aceitação intra-integrada do Eu e libertadora da aceitação, possibilidadora e possibilitante, do encontro com os objectos apropriados e reais do mundo externo; ou ainda, do conflito intra-psíquico aniquilador do funcionamento sanígeno à resolução integradora do Eu, permissora e propulsionante, do funcionamento saudável.<br />
Parece fundamental fluir espontaneamente [diferente de não pensante, diferente de só sentinte (?)] para que a expressão do(s) conflito(s) possa ser também uma aproximação à sua resolução, que é também a mudança da parte vitoriosa (quando existente), não necessariamente para parte derrotada, mas muito para a coabitação integrada (tendencialmente) pacífica das “partes em conflito” (partes da (intra)psique em conflito - conteúdos inter-instâncias e/ou intra-instâncias). Por exemplo:</div><br />
<ul style="text-align: justify;"><li>Tantas vezes, a “solução” está no mediador do conflito (p.e., Super-Eu) e tantas outras nas partes aparentemente (e/ou de facto) em guerra, isto é, acontece por vezes, que os conflitos parecem ser entre conteúdos de duas instâncias (p.e., entre o inconsciente e a “quase-pseudo-consciência”), mas no fundo essas (instâncias) podem estar também em luta/trabalho para a agradabilidade do Super-Eu. </li>
<li>[Mesmo os conflitos psicóticos, são também conflitos neuróticos (intra-psíquicos, maioritariamente depressogénicos), que depois se podem revelar (principalmente) na tipologia de conflito psicótico: mundo interno versus mundo externo (mesmo que originariamente se tenham formado por ditames desta própria relação: “Eu versus mundo externo” - o que também permite dizer, não de forma meramente invertida, que também os conflitos neuróticos têm como entidades basilares conflitos psicóticos)]. </li>
<li>A agradabilidade ao Super-Eu, é também, necessariamente, a agradabilidade [(in)directa] aos cuidadores primários (já que esses, são os principais contribuintes/impressores para a formação do Super-Eu, inicial e basilar, e até para a sua existência), o que revela e torna relevante a dinâmica relacional do sujeito com o(s) outro(s) na sua vida mais tenra, como um dos principais impulsionadores conflituais ao longo de toda a vida do indivíduo humano. [Impulsionadores conflituais e/ou impressores das bases para a forma de lidar com as relações (dessa actualidade e posteriores) - internas e externas, da relação de objecto primário, à relação de objecto secundário, até à “nova relação” - posteriormente tornada potencial e/ou aparentemente principal.]</li>
<li>[Parece-me necessário salientar (apesar da postura meramente exemplificativa/ilustrativa e não contemplativa da realidade global) que também existem conflitos intra-instância-psíquica, isto é, aqueles que ocorrem dentro de uma única instância psíquica (p.e.: duas ou mais entidades/conteúdos desejantes simultaneamente incompatíveis - id; duas ou mais entidades/conteúdos de valor e/ou moral simultaneamente incompatíveis - Super-Eu; etc.), para que se possa elevar e/ou aprofundar o pensamento (talvez principalmente sobre os afectos - essas entidades de conteúdo, determinante e determinador, sobre outras entidades psíquicas especialmente subjugadas a essa tão subjugatória). Por outras palavras, este tipo de conflitos (que podem ser de etiologia diversa - de dinâmica relacional intra-instância-psíquica, intra-psíquica-inter-instâncias-específicas, intra-psíquica-global, todas as hipóteses anteriores na relação entre elas, e, todas as hipóteses anteriores na relação com o mundo externo) podem ser considerados como elementos de potencial fomentador de desencadeamento sintomático-patogénico (visível), com ou sem luta/trabalho pela posterior agradabilidade aos ditames residentes no Super-Eu, já que muitos desses conflitos não chegam a sair da sua instância, sendo resolvidos intra-instância, ou não sendo resolvidos podem também permanecer apenas dentro da instância em questão sendo percebida a sua existência maioritariamente através de conteúdos literais simbólico-representativos.] </li>
<li>Ainda a título de exemplo e para alargar a discussão, poderíamos pensar no potencial de patogenia decorrente de um Super-Eu “formado” por cuidadores primários em conflito e/ou em desacordo, p.e. um pai e uma mãe em desacordo e/ou em conflito na educação dum filho, e/ou um dos pais (ou os dois) com mensagens psicotóxicas. Não se deverá com isto pensar que será menor o potencial de patogenia de alguém com um Super-Eu formado principalmente através da relação com cuidadores primários que estiveram maioritariamente concordantes e com mensagens explicito-saudáveis (não contraditórias), já que a tarefa dos cuidadores primários é talvez uma das mais difíceis/exigentes tarefas da condição relacional humana, e também por isso, sujeita a ainda mais limites e falhas (não querendo com isto dizer que as falhas e os limites o são realmente, e, não querendo dizer que as outras tipologias relacionais são mais fáceis ou que não têm também limites e falhas, mas querendo dizer que as dificuldades das outras tipologias de relação são tipicamente, directa ou indirectamente, decorrentes das primeiras). Ainda podíamos juntar a este exemplo, a conjuntura de diversidade de cuidadores primários (principais) que pode existir, [desde um só pai a uma só mãe, a pais divorciados (com ou sem novo(a) companheiro(a)), à ausência de pais (com ou sem pseudo-substitutos), a pais adoptivos, a dois pais do mesmo sexo, etc.], estas e outras características do mundo externo, que depois de internalizadas idiossincráticamente se assumem como partes integrantes e autónomas do indivíduo. </li>
</ul><br />
<div style="text-align: justify;">Assim, da psique em conflito (entre ela própria e/ou entre ela e o mundo externo, ou ambas), podem nascer duas grandes tipologias (de referência, mas não únicas) de visibilidade (literalidade) da existência conflitual, que é naturalmente permanente e necessária, como funcionamento regular e integrante da própria vida psíquica: </div><ol style="text-align: justify;"><li>(no) funcionamento sanígeno - a visibilidade conflitual apresenta-se, ao próprio e ao outro, em formato de sublimação partilhada (p.e.: actividade/expressão visível da resolução do conflito pela via do deslocamento objectal aceitável, suficientemente bom para uma real satisfação/frustração);</li>
<li>(no) funcionamento patogénico - a visibilidade conflitual apresenta-se, ao próprio e/ou ao outro, em formato de sinal e/ou sintoma (p.e.: actividade/expressão visível da existência, contínua e continuada, do conflito sem que este encontre uma resolução suficientemente pacificadora para deixar de o ser).</li>
</ol><br />
<div style="text-align: justify;"> Desta forma, torna-se imprescindível, pelo menos referir que as generalizações acima (1 e 2), são no mínimo perigosas e absolutamente reducionistas das possibilidades infinito-limitadas a que a especificidade de caso impõe. Se quisermos uma análise cuidada, teremos que ir mais longe, até porque muitas vezes é extremamente díficil de distinguir as verdadeiras diferenças, quer entre “sublimação partilhada” e “sinal e/ou sintoma”, quer entre “funcionamento sanígeno” e “funcionamento patogénico”. Ir mais longe, não passa apenas pela mera distinção, poderá ter que passar por entender que em ambos funcionamentos, independentemente de qual, a necessidade de compreensão dos afectos (e de toda a sua gigantesca envolvente) pode ser uma ponte/caminho entre, por exemplo, o mesmo humano, criar ou destruir, perante exactamente a mesma situação. Será errado pensar-se, sequer, por exemplo, que alguém em funcionamento patogénico estará mais próximo de destruir do que criar, do que aquele em funcionamento sanígeno, tal como (agora sim) o meramente inverso(?). <br />
Para se chegar ao encontro da diversidade interpretativa, parece ser preciso encarar a dita normalidade como uma “meta-normalidade”, isto é, o que está para além dela própria é tantas vezes, também, o que a constitui como tal, não pela diferença, mas pela pertença:</div><br />
<div style="text-align: justify;"><ul><li>“Não basta dizer-se que alguém não joga com o baralho todo, quando tantas vezes até joga com mais (ou outras/diferentes) cartas, se ainda por cima a própria pessoa que disse que alguém não joga com o baralho todo, joga com o mesmo baralho que essa outra pessoa inventou”. Até que ponto as psicopatologias não são também pertença da dita normalidade, já que sem elas, tantas vezes, não haveria, por exemplo, algumas grandes criações [através dos grandes (des)equilíbrios], que depois são utilizadas pelos ditos normais, na sua dita normalidade?</li>
</ul></div><br />
<div style="text-align: justify;"> No entanto, parece ser no e do encarceramento sobre si próprio que se encontra o verdadeiro disfuncionamento e/ou funcionamento verdadeiramente patogénico (uma espécie de psicose permissora do funcionamento intra-neurótico como o funcionamento quase exclusivo), isto é, na não partilha da criação funcional (p.e. criação artística não partilhada - apesar de ainda assim esta poder ser, por vezes, verdadeiramente funcional por cumprir a função sublimatória, ainda que sem ser partilhada ao outro) e na não criação funcional ou criação de actividade disfuncional (p.e. actividade obsessivo-compulsiva de verificação da fechadura de uma porta).<br />
Por fim, importa novamente questionar (verdades tidas como elementares e seguras, quase religiosamente dogmáticas e, por isso extremamente difíceis de se acreditar sequer que se podem colocar em questão), para que a mudança seja realmente idiossincrática e não mera pertença a uma pré-verdade unicista, onde cabe tudo e todos, o que se torna tão parecido com o mesmo que nada. Como por exemplo, até que ponto existe de uma verdadeira consciência, enquanto instância intra-psíquica? A análise da análise2, serve de exemplo para a hipótese da impossibilidade duma verdadeira consciência do presente, considerando o presente como a única existência real (única realidade em que realmente vivemos/estamos - “o aqui e agora”), podemos então também considerar a consciência como uma pseudo-consciência e a pseudo-consciência como uma quase-pseudo-consciência do passado e do futuro (sendo que toda e qualquer forma de “consciência” se dá exclusivamente no presente)?</div><br />
<div style="text-align: justify;"><ul><li>2 Primeiro é necessário sentir para depois pensar os afectos, não é possível pensar sobre o que se sente sem se ter sentido primeiro. (Já que pensar sobre o que se está a sentir no próprio momento que se sente implica, no fundo, pensar-se sobre um passado ainda demasiado recente para ser distinguido do presente. O presente passa instantaneamente, uma velocidade cuja capacidade perceptiva humana não consegue destrinçar.)</li>
</ul></div><br />
<div style="text-align: right;"></div><br />
<div style="text-align: right;"><br />
Castanheira, J. (2011). Literalidade e latência: da verdade unicista à mudança idiossincrática. <a href="http://www.psicologia.pt/colunistas/ver_colunistas.php?id=105&grupo=1&nome=Jo%E3o%20Castanheira">Portal dos Psicólogos</a>. ISSN: 1646-6977 - nº 365 | 31 Out 2011 </div><div style="text-align: right;"></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-51670500898029492502011-10-27T10:23:00.000+01:002011-10-27T10:23:51.466+01:00Neuropsicologia Clínica<h6 class="uiStreamMessage" data-ft="{"type":1}" style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif; font-weight: normal;"><span style="font-size: small;"><span class="messageBody translationEligibleUserMessage">O ITAPA, dispõe a partir de hoje de serviço de <a href="http://itapa.psicologiaveiro.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=63&Itemid=89&lang=pt">Neuropsicologia Clínica</a>.</span></span></h6>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-10201669786472554012011-09-12T11:32:00.009+01:002011-09-12T12:26:34.813+01:00“Censura por transferência quotidiana.”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPNsJGcrggazVM4P8tftiZ93WyXI61KibtIuhsd4HpdmIHm0Jv08qUPtfYypJHStjYa7nhTl8VF0ymovqwwIxWOyEThXloOnlAPEz72AUtAh67A-37S0fR-oRRSSNEii3d6Gcj/s1600/Censura+por+transfere%25CC%2582ncia+quotidiana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPNsJGcrggazVM4P8tftiZ93WyXI61KibtIuhsd4HpdmIHm0Jv08qUPtfYypJHStjYa7nhTl8VF0ymovqwwIxWOyEThXloOnlAPEz72AUtAh67A-37S0fR-oRRSSNEii3d6Gcj/s320/Censura+por+transfere%25CC%2582ncia+quotidiana.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
--
</style>
<div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;">“(…)A
polícia vai surgindo na minha cabeça, a cada curva e em cada
esquina, imagino-os lá à frente, chego a ver as luzes e os coletes
reflectores, como se houvesse alguma coisa pela qual eu pudesse ser
multado(a), como se fosse necessário eles estarem lá para
reprimirem aquilo que me vai chegando à consciência(…) Chego
mesmo a ficar nervoso(a), a tremelicar, com medo de ser apanhado(a)
na <i>operação-stop</i> que se aproxima, onde após uma vistoria
detalhada ao meu carro, eu tenha que pagar uma multa e lidar com esse
prejuízo, mesmo sabendo que na verdade tenho tudo em ordem(…)”</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;">A
transcrição acima de uma sessão de terapia (devidamente autorizada
e com a confidencialidade assegurada), revela-se como um exemplo
caricaturante de uma forma de transferir a censura interna de
conteúdos inconscientes, emergentes, mas inaceitáveis e censuráveis
pelos valores e pela moral, para uma censura aparentemente externa.
Transformando-os “deslocado-projectivamente” em realidade
quotidiana imaginada, a censura do (pretenso) outro actua na ausência
do funcionamento eficaz da censura interna para esses conteúdos
latentes, que encontram agora espaço para se libertarem da polícia
interna (expressando-se pela polícia da realidade externa), e que
esse Eu encontra, numa desesperada tentativa de último recurso, uma
forma alternativa de continuar a não ver, ou de ver
“transferencial-distorcidamente” aquilo que ainda não consegue
ver como de facto significa.</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;">Por
outras palavras, a censura continua a ser de facto interna, apesar de
se tentar munir de recursos percebidos como do exterior. A
representação simbólica apresenta-se como uma arma, talvez uma das
últimas, para a manutenção da vitória que até então pertencia a
essa instância “consciente (apenas) do tolerável/aceitável”,
mas que agora se vê a perder nesse conflito. As armas do
inconsciente parecem ainda assim utilizar essa mesma arma defensiva
da subconsciência para a atacar, dando-lhe expressão simbolizada na
“pseudo-consciência”: “se não vês pelo que é, verás pelo
símbolo que o representa”.</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;">Parece
ser típica esta transferência, onde são utilizados meios
simbólicos através de elementos (possíveis de serem) reais (e) da
realidade (quotidiana), para se “falar e dizer” coisas que não
conseguem ser ditas directamente, devido a tantas vezes essas mesmas
coisas serem demasiado perturbadoras e perturbantes para serem
possíveis de serem “faladas e ditas” na sua forma
primária/originária de significado. No fundo, utiliza-se um assunto
“legítimo” em representação de um outro “ilegítimo”,
aborda-se um tema que é aceitável para dar expressão a conteúdos
que não o são.</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;">O
medo de ser apanhado pela polícia representa também o medo de se
revelar a si próprio coisas que não estão “em ordem” e que são
passíveis de “(auto)coima”, pois transgridem a lei (interna). O
emaranhado intra-psíquico em conflito, encontra-se num enredo onde a
punição interna já não basta para exercer de forma eficaz uma
censura que faça permanecer inconscientes esses conteúdos (e,
também por isso se recorre a ajuda da censura pseudo-externa).
Agora, a necessidade de integração consciente torna-se
imprescindível à resolução do conflito, já que parece não ser
mais possível manter ou reenviar para o inconsciente os conteúdos
perturbantes e perturbadores da (fantasiosa) homeostase pacífica do
Eu. </div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Para além disso, surgem ainda outros problemas: os conteúdos não
deixarão de existir mesmo que sejam devolvidos ao inconsciente ou
mesmo que nunca cheguem a ter uma oportunidade para se significarem
na “pseudo-consciência”, e também, não deixarão de se
tentarem expressar conscientemente (ainda que da forma
possível/simbólica) enquanto não houver um objecto (receptor)
capaz, sublimante ou directo, de satisfazer realmente a sua
existência. </div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Ou seja, os conteúdos existem quer o indivíduo queira ou não
queira, quer os aceite ou não, e não irão deixar de existir só
porque lhe são intra-desconhecidos. Mais, só parece ser possível
que eles deixem de ser elementos perturbadores e perturbantes (tantas
vezes disfuncionais e desencadeadores <i>phato-sintomáticos</i>)
quando o “eu inteiro” encontrar espaço para a co-existência
intra-psíquica tendencialmente pacificante entre os conteúdos
emergentes do “id” (*desejo ainda latente) e a permissão
(“consciente-directa” ou “inconsciente-subliminante”). Isso
parece só acontecer, quando esses conteúdos do “id” encontram
um objecto receptor suficientemente satisfatório e permitido
simultaneamente pela censura (pois, por exemplo, se os ditos
conteúdos encontrarem um objecto suficientemente capaz de os
satisfazer e esse encontro com o objecto for também ele
(re)censurado, o indivíduo encontra uma espécie de continuação do
conflito anterior, agora com uma nova/diferente parte a vencer de
facto o conflito).</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">*Revelo-vos agora, de forma meramente <u>ilustrativo-reducionista</u>,
que os conteúdos correspondentes ao simbolismo do trecho
inicialmente transcrito, são compostos (<u>não só mas também</u>)
por pulsões sexuais, que fazem com que o indivíduo deseje objectos,
proibidos por ele próprio. Não encontrando uma via para poder
integrar de forma minimamente tolerável a concretização da
satisfação genuína do desejo sexual, sequer com a tolerabilidade
da sua existência, o conflito intra-psíquico decorrente da
existência de “desejos indesejáveis” manifesta-se assim
sintomaticamente numa quotidiano-disfuncional e disfuncionante quase
paranóia persecutória, incontrolável, em correspondência com o
incontornável desejo, que não encontra espaço para a satisfação
relacional com o objecto. </div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Ainda, por outro lado, a quase paranóia persecutória, também por
ser incontrolável, encontra-se (também) com a defesa obsessiva de
controlo aparentemente do mundo externo, numa tentativa, frustrada
por ser deslocada (do interior para o exterior), de controlar aquilo
que é por defeito incontornável/incontrolável na vida
intra-psíquica do indivíduo, como é exemplo disso o desejo sexual
(sucintamente) referido acima. Parece que, por muito que se “queira”
não é possível escolher o que desejar ou que desejos ter (ou não
ter), tal como não me parece exequível “escolher” uma nova
“cor” para genuinamente se gostar, “só” porque seria
“conveniente” gostar de outra “cor” que não aquela de que
realmente se gosta (se é que se gosta dessa “cor”). </div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Assim, quando esses “desejos não escolhidos” se tornam
(im)pulsionadores disfuncionais do indivíduo, intra-psiquicamente e
consequentemente na sua relação com o mundo externo, então acaba
por ser (parcialmente) “desejável” lidar com esses indesejáveis
não escolhidos de forma a restabelecer ou estabelecer a
sanigeneidade (integrativa do Eu) também ela (parcialmente)
desejada. Parte deseja, parte deseja não desejar, outra parte deseja
outra coisa, o todo parece precisar compatibilizar os desejos
incompatíveis (em simultâneo), para não se clivar patologicamente
e poder assim prosseguir num caminho em que realmente se sinta a
andar.</div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
-->
</style>
</div><div style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">Castanheira,
J. (2011). <i>Censura por transferência quotidiana</i>. <a href="http://www.psicologia.pt/colunistas/ver_colunistas.php?id=101&grupo=1&nome=Jo%E3o%20Castanheira">Portal dosPsicólogos</a>.
<div style="text-align: right;">
ISSN: 1646-6977 - nº358 | 12 Set 2011
</div><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0"><tbody>
<tr><td align="right" valign="bottom" width="418"><br />
</td></tr>
<tr><td align="right" class="newsletter_navigation" valign="bottom" width="418"><br />
</td></tr>
</tbody></table></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-89521235762887510002011-02-14T09:38:00.001+00:002011-02-14T09:39:06.455+00:00“A quase pseudo-consciência relacional – Só: ser, estar, sentir (?) – uma (também) alusão à relação terapêutico-analítica.”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJrFM4Tobi-b2ah4k0kW4Oasy3WrXBhpYEvR66XQzTCYMlPlGG136YZiUUn1_W7by3toov68xqvF_N15KvsdhGuTpto5fVGkXl0WsjfWxD72oeCj8O3sFpmSN_g-jOc3FWdtDF/s1600/NACOPE_STILL3_02_800.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJrFM4Tobi-b2ah4k0kW4Oasy3WrXBhpYEvR66XQzTCYMlPlGG136YZiUUn1_W7by3toov68xqvF_N15KvsdhGuTpto5fVGkXl0WsjfWxD72oeCj8O3sFpmSN_g-jOc3FWdtDF/s320/NACOPE_STILL3_02_800.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nota introdutória: “palavra(s)” têm no texto seguinte uma dimensão semântica que ora se enquadra no seu literal significado, ora se encontra simbolizada, e, tantas vezes o discernimento da sua significação engloba ambas, ficando por vezes dúbia a aplicabilidade do quê a quando, permanecendo uma dúvida imprescindível e intencional à amplitude do sentir idiossincrático. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> (…) “Nunca antes aquelas simples e parcas palavras tinham tido valor, até que <i>X</i> mas disse!” (…) Daquela pessoa, aquele dizer transformou-se, transformou (ganhou valor, nasceu e ficou vivo). Não é o que as palavras dizem (<i>per si</i>), nem mesmo (só) o que elas nos querem dizer, é também o que quem as diz nos diz, de nós na relação com essa pessoa, nos diz dele e (talvez principalmente) dele em relação a nós, isso pode dizer-nos tanto sobre quem (também) somos… (poderíamos também pensar as palavras no sentido inverso, de nós para o outro, mas “aqui”, pretende-se visualizar, para já, a perspectiva daquele que nasce com o outro com quem aprende a “falar – com ou sem palavras”) … As palavras deixam de o ser, quando nelas, entre elas, não há relação (intra e/ou inter-humana)… Tal como deixaríamos de ser(-)humanos se fosse mesmo possível “real-mente” estarmos sós. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">É sim possível sentirmo-nos sozinhos… [Por muito que seja difícil de compreender e aceitar, “aqui”, podemos, também e até, dizer que nunca estamos acompanhados, tal como nunca estivemos e nunca iremos estar, e isso, é de facto tão “lógico” quanto dizer precisamente o contrário… no fim (e no “princípio”) o que conta, o que prevalece, o que é mais forte, é o sentir – mesmo que tenham sido criadas (e mantidas) hiper estruturas e/ou organizações “(phato-)defensivas” (que não permitam, por exemplo, o encontro da pulsão com o objecto receptor, real ou “substitutivo-subliminante”, e que em vez disso as conduzam ao sintoma patogénico, sinal disso mesmo).]</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Por muito que custe aos mais “fundamentalistas-absolutistas”, “este”, é um daqueles que se lhes abarca nos seus próprios conceitos de plenitude fantasmática, mas que os destrona pelo próprio premissar da inviolabilidade “fantasioso-racionalizante”: “simples-mente” sozinhos não existimos, até porque não conseguimos literal e “simbólica-mente” (sobre)viver. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Encontramo-nos no outro (e com o outro), o outro em nós, e o nós na relação (encontramos a partir de “aqui” um espaço para o vice-versa?). Talvez por isso a sensação de perda e do perdido se associe, uma e outra vez, ao sentimento de solidão… a depressão (que) começa no desgosto de “Amor”… tantas vezes no mais “primário”, repetido (à sua similitude, e por vezes até à exaustão) nas relações de objecto “secundário” por essa vida fora… até se encontrar “O” novo objecto na “nova relação <i>primária</i>”.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Claro que também estas palavras «até se encontrar “O” novo objecto na “nova relação <i>primária</i>”» seriam/serão apenas lugares vazios na plateia de um qualquer teatro onde nenhuma peça sequer está a decorrer, se a elas não juntarmos, não uma qualquer, mas “A” peça, “A” plateia e “O” teatro. Mesmo, e apesar, da pretensa metáfora se imiscuir no seu próprio reducionismo (in)tolerável, permito-me ainda assim, “com vocês”, “A-riscar”. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">Crónicas da Mente Esquecida, por <i>João Castanheira</i></div><div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><i>in Jornal de Albergaria</i>, 08/02/2011</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-72318482329629701432011-02-01T09:55:00.004+00:002011-02-09T16:54:11.815+00:00“A quase pseudo-consciência relacional: o conflito e o confronto (resolutivo).”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRk-4mSkgPaOUjxB0JTwEzxUYJ1Yfc9X3O7k5UtXV1QOcmXsM8YgEogeQYnX85YmWCIRgwBYSu7ZinODfFyZQG9zoyeArh6XSOYZWG5E_jgepF5MuAICLPcP2KH32iLbzZCh96/s1600/conscienciarelaciona.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5568658563367109202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRk-4mSkgPaOUjxB0JTwEzxUYJ1Yfc9X3O7k5UtXV1QOcmXsM8YgEogeQYnX85YmWCIRgwBYSu7ZinODfFyZQG9zoyeArh6XSOYZWG5E_jgepF5MuAICLPcP2KH32iLbzZCh96/s320/conscienciarelaciona.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 289px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">Parece, até, que seria “normativo” pensar-se que as relações sanígenas seriam aquelas desprovidas de conflitos (com confronto), mas o que torna as relações com potencial de sanigeneidade é, também, a existência de espaço relacional para o confronto (preferencialmente com intencionalidade resolutiva) dos conflitos que necessariamente, nelas, têm que existir (quando elas são relações tendencialmente genuínas, verdadeiras). </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, até se entende esse pensamento, desde que ele queira, pelo menos, significar que as relações saudáveis são (também) aquelas que pretendem resolver os seus conflitos e como tal, relações tendencialmente com menos conflitos por resolver, logo a emancipação da expressão “relações sem conflitos”.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tantas vezes, quando os conflitos relacionais ficam reservados a cada um dos seres individuais da relação e não encontram espaço para a partilha, esses podem tender a tornarem-se num duplo “problema”: um intra-psíquico, outro inter-psíquico. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ou seja, um conflito que pode, por exemplo, tornar-se num tabu, que não é falado, que não é discutido, que não é verbalizado, que não encontra espaço para o confronto, faz-se de conta que não existe (ou todos sabem que existe e falam sem palavras), mas isso não faz com que ele deixe de estar lá (por resolver), a existir na idiossincrasia individual e sem expressão relacional (ou com expressão quase pseudo-relacional, num espaço relacional ambíguo e quase pseudo-subliminar, sujeito à diversidade e variabilidade interpretacionais, sujeito à fantasia do que é e do que pode ser). </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Isso deixa uma margem de manobra de dimensão diversa e de amplitude imensa para a fantasia individual (por exemplo, a fantasia do que é o outro, do que é a relação, do que somos nós na relação, e mesmo do que somos nós), em contraponto com a realidade relacional (e individual). Do que dessa fantasia nasce e cresce, encontram-se demasiadas vezes as fontes dos acima ditos “problemas”… até um dia ela se desfazer (morta) pela realidade (ou não); até um dia se verificar que a fantasia não deixa de o ser, mesmo que possa ser compatível com a realidade do outro. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O outro em nós será sempre muito mais uma fantasia do que ele é (do que o que ele é mesmo), quando não encontramos espaço na relação para o vermos como ele é realmente (tal como, quando não encontramos espaço em nós para vermos mais ninguém/alguém do que nós próprios, tantas vezes nem para nos vermos a nós mesmos).</div><div class="MsoNormal" style="color: #999999; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div align="right" style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">Crónicas da Mente Esquecida, por </span><i><span class="Apple-style-span">João Castanheira</span></i></div><div align="right" style="color: white;"><i style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">in Jornal de Albergaria</span></i><span class="Apple-style-span"><span style="color: #999999;">, 25/01/2011</span><br />
</span></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-44029522701375390022010-07-08T10:09:00.006+01:002011-02-09T16:53:49.440+00:00“Verdade razoável, dúvida aliviante.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRUP6KOj0rGFqnmLTOAdIT0iBjRmR6LA2xQ7DHIWZsV3xv3QAgj_JM9QMC5V9isfTdkm8f_CTEwmdoR3PE9ZS9wSQKMmIHp3wscQ0o_Ts1Kuro1k777IGXHetKsuPlbcvVOTkD/s1600/realidadeonirica.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5491463341447811202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRUP6KOj0rGFqnmLTOAdIT0iBjRmR6LA2xQ7DHIWZsV3xv3QAgj_JM9QMC5V9isfTdkm8f_CTEwmdoR3PE9ZS9wSQKMmIHp3wscQ0o_Ts1Kuro1k777IGXHetKsuPlbcvVOTkD/s320/realidadeonirica.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 211px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<style>
<!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} span.shorttext {mso-style-name:short_text;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style><style>
<!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} span.shorttext {mso-style-name:short_text;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Torneando as dificuldades relacionais, tornando-as em hiperbólicos monstros fantasmáticos, deixando perpetuar a dúvida razoável de que ainda assim a fantasia poderá ser um objecto da realidade, encontra-se assim permanecido na busca do autêntico, que é tão duro como aqueles monstros o são de roer.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i>“Onirique <span class="shorttext">comme un rêve</span></i><span class="shorttext">, no sonho, como num sonho, terei que estar acordado, e nem acredito que já estou…” Essa sensação de (o)correr espontânea e quase livremente, como uma onírica pseudo-vigil onde de facto não é em sono, mas no sonho que se parece (re)tratar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="shorttext">É da contestável razão que cada vez mais se perde na consciência (d)o emocional, que mesmo antes de ser consciente já comandaria aquelas tropas, que vêem, vêm, os ditames do actor que não sabe que o é de tão bem que representa, ainda que agora se eleve a dúvida aliviante de poder estar a representar uma realidade de morte mais tolerável que a morte dessa realidade. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="shorttext">Quando essa (dúvida aliviante) morrer, ficará a de verdade (razoável)…(?!)<o:p></o:p></span></div><span class="shorttext"><span style="font-family: "; font-size: 12pt;"><span style="font-size: 85%;"><br />
</span><br />
</span></span><br />
<div align="right" style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">Crónicas da Mente Esquecida, por </span><i><span class="Apple-style-span">João Castanheira</span></i></div><div align="right" style="color: #999999;"><i><span class="Apple-style-span">in Jornal de Albergaria</span></i><span class="Apple-style-span">, 29/06/2010</span></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-85479721170662160262010-05-06T10:49:00.003+01:002010-05-06T10:55:43.280+01:00"ITAPA - Novas Instalações"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP0d8WLSdbpKyCEFO1t-KLy7G2ya7CCk2IwuO9ryF3lmBSgp3TacxToL61SseLOv1SormhdscM6R6cQv7MNS73OxYwnAg6riL_Kzs1wY-uPqlpI1SFOqFvHtOUY2de5FRxvvC8/s1600/aviso7junho2010.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 238px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP0d8WLSdbpKyCEFO1t-KLy7G2ya7CCk2IwuO9ryF3lmBSgp3TacxToL61SseLOv1SormhdscM6R6cQv7MNS73OxYwnAg6riL_Kzs1wY-uPqlpI1SFOqFvHtOUY2de5FRxvvC8/s400/aviso7junho2010.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5468092076021404418" border="0" /></a><br /><br /><br /><iframe width="425" height="350" frameborder="0" scrolling="no" marginheight="0" marginwidth="0" src="http://maps.google.pt/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-PT&msa=0&msid=118267169100708342664.000485d6087af1f7339e1&ll=40.639814,-8.653729&spn=0.002849,0.00456&z=17&output=embed"></iframe><br /><small>Ver <a href="http://maps.google.pt/maps/ms?ie=UTF8&hl=pt-PT&msa=0&msid=118267169100708342664.000485d6087af1f7339e1&ll=40.639814,-8.653729&spn=0.002849,0.00456&z=17&source=embed" style="color:#0000FF;text-align:left">ITAPA - João Castanheira - Psicólogo</a> num mapa maior</small>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-56652714458552221322010-04-06T09:35:00.003+01:002011-02-09T16:53:21.731+00:00“O bode introjectivo.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4vH3muZ35RCH5al_iwIp1QGX68R2M1Bxq1erp09sQj44IEADnZWaStJ3VVvrmjYiKslg8soaythaTH2NbxzvdoKyLkqYtWDoUqBmgsdZZ-S2LM9oMjOs1Ifqv9cQ34uBBWYlU/s1600/bodesssssint.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456942723590131058" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4vH3muZ35RCH5al_iwIp1QGX68R2M1Bxq1erp09sQj44IEADnZWaStJ3VVvrmjYiKslg8soaythaTH2NbxzvdoKyLkqYtWDoUqBmgsdZZ-S2LM9oMjOs1Ifqv9cQ34uBBWYlU/s320/bodesssssint.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 289px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<style>
<!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Aquele que está cego e no entanto pensa que aquilo que vê é a sua realidade e a do outro, aquela partilhada, está no entanto tão enganado quanto o outro cuja visão não está, supostamente, afectada. Ambos, um com o outro, interagem dissonante e dissociativamente, numa forma assincrónica relacional.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">(O primeiro) Aplica, como forma de base, inalterável e cristalizante, essa pré-premissa de que o funcionamento do mundo, interno e/ou externo, se regula por esses padrões daquilo que a sua visão lhe proporciona, generalizando assim o todo à sua imagem parcializada. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Poderia até ser uma forma sanigena de psicotismo se a afectação não fosse prejudicial, por exemplo, ao ponto de actuar em sentidos e direcções irreversíveis, isto é, de eliminar todas as possibilidades de ver pela cura da visão, e não pela possibilidade de cura pela alteração do mundo à imagem da sua visão cega actual. Não acredita realmente que a visão cega tem cura, ou tem medo do que a sua visão possa observar depois de curada? Há ainda a possibilidade de ter a noção de que não aceitará o que a sua visão vier a ver depois de curada, até porque a cura pode ser tão fictícia quanto a cegueira que apresenta... (O que vê e tão inaceitável e doloroso que é “preferível” tornar-se cego a ver essa dolosa realidade…) (A irreversibilidade de se tornar realmente cego e de realmente não ver.)</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">(O primeiro) Pede ao outro que veja, pede ao outro que confirme a sua visão, pede ao outro co-responsabilidade pela e para a existência dessa visão; pede ao outro ajuda manipulando-o como se manipula a si próprio descontroladamente, pede ao outro que seja uma marionete pedindo-lhe ainda que apesar disso acredite que tem vontade própria; pede ao outro que não seja outro e seja parte dele próprio, que se funda com ele, e faça parte do seu plano de adulteração do próprio, e principalmente que não só não seja um bloqueador dos objectivos de transmutação da realidade, como também seja alimento corroborativo e confirmativo de que ele não só não está cego, como até vê melhor que os demais. Pede ao outro que participe, para só ele participar.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O outro, aceita participar, (através da pseudo-imposição de “regras relacionais explicitas”, que o primeiro diz aceitar sem as compreender, regras diferentes daquelas que a visão do primeiro lhe permite aceder), até ter percebido que também ele não aguenta ser o que não é e que o primeiro lhe pede insistentemente que seja, um não ajudante, um possibilitante apenas, de que afinal estar cego é também uma forma salubre de ver. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">(O primeiro, o outro.) Repete. Abandona. Encaminha. O insuportável conteúdo introjectivo, (que) tornou evidente a impossibilidade relacional. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ambos percebem (n)a assintonia, a morte, a perda, o tempo. “Afinal de contas a culpa de estar cego antes de conhecer o outro é desse outro que agora conheci.”. Agora, o outro, passou a ser o bode introjectivo para a existência da cegueira do primeiro.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div align="right" style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">Crónicas da Mente Esquecida, por </span><i><span class="Apple-style-span">João Castanheira</span></i></div><div align="right" style="color: #999999;"><i><span class="Apple-style-span">in Jornal de Albergaria</span></i><span class="Apple-style-span">, 30/03/2010</span></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-25356466550321940112010-02-05T10:33:00.004+00:002011-02-09T16:52:39.919+00:00“Da megalomania à frustração da realidade – impasse terapêutico.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMyK2E3yR3u2JDCDrYtbB0dAWd-F2ksIG9DOYYTSvns19FkjnH1kVUfA877Hxfvl_59Vs1HUjJiMDbHpCus20tpwD2-WCwokXCVJ3WrEAXceFEJRNIwB8zdxEBouqOjJQL5xMG/s1600-h/_Planet_Earth.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5434707957022555122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMyK2E3yR3u2JDCDrYtbB0dAWd-F2ksIG9DOYYTSvns19FkjnH1kVUfA877Hxfvl_59Vs1HUjJiMDbHpCus20tpwD2-WCwokXCVJ3WrEAXceFEJRNIwB8zdxEBouqOjJQL5xMG/s320/_Planet_Earth.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<style>
<!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Segue-se um retalho real de livre associação (com a confidencialidade ética assegurada e devida autorização), onde o paciente se depara, (obviamente) <u>não só</u>, mas também, com a “impossibilidade de agir na cena analítica”:</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“…não me parece que haja nada que me possa fazer sair deste impasse, apesar de sentir que essa própria estagnação se deve a esse próprio nada… se ao menos pudesse ir fluidamente como antes, onde não existia essa preocupação de encontrar o caminho, se apenas o seguia caminhando… sentia-me lá, no sitio certo, pela hora adequada, tudo parecia fluir de forma natural e espontânea… agora a sensação de que até o próprio pensamento se defende dele próprio em busca do rumo a seguir, do próximo passo, de um destino, não propriamente de chegada, mas pelo menos de passagem… nem isso, agora acontece… de tão parado começam mesmo a doer-me as pernas de não andar… talvez já tenha caminhado mais, mais do que o que devia, mais do que podia o meu corpo aguentar… assim, não sei para onde ir, sabendo que não é aqui que quero ficar… sinto sempre o desejo excitante de prosseguir, mas cada vez que inicio a caminhada fico na dúvida se o meu sentido é mesmo esse, ou estarei mesmo a andar ao contrário… ficar aqui não quero… aqui não quero ficar… esta falta de objectivos megalómanos, ou melhor, a frustração da existência de objectivos demasiado megalómanos, terrivelmente difíceis de alcançar, talvez me esteja a impedir de começar a dirigir-me para eles, na dúvida, na grande dúvida sobre a capacidade de materialização, sobre se é real esta auto-fantasmática, se de facto é a minha verdade que terei que fazer e farei todos esses feitos, que nem sempre se vêem, mas que ao meus olhos brilham… isto não pode ser apenas só isto, tem que ser mais… exigência auto-nomenclática de ir para lá do conhecido, muito para além do já elaborado, mas muito aquém destas tremendas expectativas de megalomania exagerada… é como se não pudesse caminhar mais, sem sentir que esse caminho por onde for me leve, nos leve, até onde ainda não tínhamos ido, como a um lugar onde sempre desejamos ter estado sem nunca lá termos ido… parece-me difícil, demasiado pesado, e ao mesmo tempo tão, tão simples…”</div><div class="MsoNormal" style="color: #cccccc; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div align="right" style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">Crónicas da Mente Esquecida, por </span><i><span class="Apple-style-span">João Castanheira</span></i></div><div align="right" style="color: #999999;"><i><span class="Apple-style-span">in Jornal de Albergaria</span></i><span class="Apple-style-span">, 01/02/2010</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: white;"></span>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-2993217138173247332009-10-21T19:31:00.004+01:002011-02-09T16:51:56.370+00:00“Integridade estática do Eu dinâmico.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlZUeug4NYpqAykPfGFUpMY69-XJ27kSk6VAXkNmvCb8liRvTq4WfWesVIYnGuLaZYfShyAl7yUwvFWEbaiDJTkcpxBYYk4_bw-po0P41yU6PaHXvD9kSXKZUGK5BU6D0SrVD4/s1600-h/estaticodina.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395125285744075362" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlZUeug4NYpqAykPfGFUpMY69-XJ27kSk6VAXkNmvCb8liRvTq4WfWesVIYnGuLaZYfShyAl7yUwvFWEbaiDJTkcpxBYYk4_bw-po0P41yU6PaHXvD9kSXKZUGK5BU6D0SrVD4/s320/estaticodina.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 214px;" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">(Deve considerar-se a leitura do presente artigo de forma não generalista, estando incluídas hipóteses hiper-direccionadas de interpretação específica.)</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> <span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>A construção defensiva para a manutenção da integridade do Eu é uma necessidade natural e espontânea da dinâmica intra e inter psíquica, no entanto, essa nem sempre contribui para a funcionalidade do indivíduo, basta para isso que, por exemplo, essa construção defensiva desempenhe um papel inadequado e/ou desactualizado ao ataque real e/ou fantasmático, ou mesmo na ausência de ataque, na expectativa da possibilidade dele poder (ainda) existir (ou de existir de facto).</o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Ou seja, apesar de ser necessário fazer uma manutenção permanente da identidade é também necessário manter actualizado o sistema de manutenção. Quer isto dizer que, não é suficiente como também pode ser prejudicial manter intacta uma estrutura e organização defensivas, pois nesse caso as possibilidades de desajustamento entre os sistemas defensivos e os hipotéticos e/ou reais ataques são realmente elevadas, tornando assim as defesas em, possíveis e possibilitantes, retraimentos bloqueantes e bloqueadores da expansão individual na relação com o próprio, e consequentemente na relação com o outro.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Pode mesmo fazer a diferença entre a fixação num estado desenvolvimental anterior e a normal progressão identitária do indivíduo, onde fixar-se num estado anterior seria, num exemplo de conflito tipicamente psicótico, viver-se numa “realidade externa” (leia-se pseudo-parilhada) adulta funcionando predominantemente com uma realidade interna infantil. Esse desajustamento desadequante entre uma e outra realidade, onde a externa actual é lida (percepcionada) pela passada (e ainda actual) infantil faz com que da confrontação da realidade partilhada com a realidade idiossincrática (intra-psíquica) se originem conflitos de tipologia aparentemente psicótica. Digo aparentemente psicótica, pois à partida o conflito predominante poderia pensar-se ser entre o mundo interno e o extra-psíquico, mas nem sempre é assim, até porque na origem de muitos conflitos psicóticos estão outros de tipologia neurótica (intra e inter instâncias intra-psíquicas), e vice-versa.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> (A dicotomia de divisão de conflitos neurótico-psicótica, aparece aqui como factor potencialmente reduccionista da própria realidade conflitual, quer isto dizer que, embora se possa clivar dicotómicamente para se compreender a predominância de conflitos, de facto essa clivagem pode afastar ainda mais a possibilidade genuína da própria compreensão da dimensão total do objecto.) </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Voltando ao sistema defensivo desajustado acima exemplificado, pode mesmo dizer-se que esse inclui barreiras construídas para lidar com ataques que de facto até podem ter existido, mas que hoje já não existem mais, estando assim o individuo a defender-se no presente do seu passado. Melhor dizendo, os ataques ainda hoje existem, mas apenas na sua forma fantasmática da realidade intra-psíquica.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para o necessário (sanígeno) reajustamento inter-realidades é necessário então reajustar a auto-identificação da realidade intra-psíquica (à realidade partilhada/ relacional), onde o propósito se situará na resolução dos conflitos internos anteriores ainda presentes na realidade actual do indivíduo, ainda que tantas vezes sob formas disfarçadas de sinais e sintomas, também tantas vezes, tão diferentes e diversos da sua etiologia original e originária. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O trabalho de reintegração/reinterpretação do Eu através da resolução (emocional) da dinâmica passada (mas actual), afim de ajustar de forma congruente o individuo, primeiro à sua própria realidade interna, depois à compatibilização e interacção da realidade interna com a extra-psíquica, é um caminho de tendência morosa e com custos de sofrimento elevado, que pretendem ser coadunantes com os resultados, profundos e duradouros desse tipo de terapêutica. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A necessidade de sofrimento emocional elevado como parte integrante terapêutica ou mesmo como o percurso em si para a resolução problemática de alguém num já sofrimento insuportável, embora não seja à partida uma notícia animadora, pode apesar de tudo constituir a abertura de uma nova porta de esperança. Não será preciso muito para perceber, <u>sentindo</u>, que a resolução de problemáticas que por si só já elevam o sofrimento, terá que passar por níveis de sofrimento também eles elevados, … “não será uma guerra sem sangue, nem serão batalhas sem baixas”…</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">...desintegrar uma estrutura e organização consolidadas ao longo de toda uma vida, para as substituir por uma nova e reparadora integração genuína do Eu, intra e inter relacional, por forma a se chegar a realmente reparar o Eu pathos por um Eu saudável, é tantas vezes caminhar <u>de um falso <i>self</i> para um EU genuíno</u>.</div><div class="MsoNormal" style="color: black; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="color: black; text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: 11px; line-height: 17px;"></span></div><div align="right" style="color: #999999;"><span class="Apple-style-span">Crónicas da Mente Esquecida, por </span><i><span class="Apple-style-span">João Castanheira</span></i></div><div align="right" style="color: #999999;"><i><span class="Apple-style-span">in Jornal de Albergaria</span></i><span class="Apple-style-span">, 13/10/2009</span></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-63499417063437478922009-06-16T21:52:00.003+01:002009-06-16T21:55:13.034+01:00“A percepção toxicológica e a funcionalidade relacional.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo1CJyatLMF4bLZqzYH6NPZsPZ7ctmSpoVJa4v54PACV2OTHf2kn6wMBWKGRPeYvRVeAEZZMtTJv5t-AzVO6A1Wpizf3Pmy79wwgIrhFbJJ3k_2QeqFKjKtltadKGuRQ6dSvbF/s1600-h/relationshiptoxicity.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 312px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo1CJyatLMF4bLZqzYH6NPZsPZ7ctmSpoVJa4v54PACV2OTHf2kn6wMBWKGRPeYvRVeAEZZMtTJv5t-AzVO6A1Wpizf3Pmy79wwgIrhFbJJ3k_2QeqFKjKtltadKGuRQ6dSvbF/s320/relationshiptoxicity.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5348031317037141618" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O condicionamento proveniente da toxicologia da percepção do mundo (interno/externo) nem sempre serve a fins sanígenos, tal como poderia ser, para alguns, expectável que a sua função fosse exactamente a de emancipação da funcionalidade do ser relacional. Isto é, poder-se-ia esperar que a toxicidade incluída na visão do mundo por cada indivíduo o munisse de parâmetros de funcionalidade adequada à relação, específica e única, desse mesmo indivíduo com o mundo com o qual ele se relaciona. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>No entanto, a toxicidade, no sentido da contaminação da percepção por elementos idiossincráticos, auto, hetero e multi dirigidos, traz à relação um dos cernes da existência relacional, o da partilha de toxicidades(?). Ou seja, a necessidade de exteriorização do Eu materializado na relação com o próprio Eu, e umas tantas outras vezes com o outro (?) (esta seria uma forma, ainda primária e patogénica, narcísica de relacionamento).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A “boa” funcionalidade relacional tende a existir não necessariamente quando há uma real partilha ou inter e/ou intra-entendimento (?), mas sim quando ela serve a existência mútua dos seres que se relacionam. Melhor, quando permite consumar a existência do Eu pela existência do nós, o outro faz-nos existir (na relação que com ele estabelecemos – forma de relacionamento sanígeno).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ora, isso levanta mais uma vez, a questão linearmente psicótica da exclusividade de funcionamento intra-relacional, onde o indivíduo apenas se relaciona entre si próprio, uma espécie de psicose extrema onde o contacto com o mundo externo, aparentemente não se efectiva. Quer isto dizer que, mesmo num estado de funcionamento extremista de aparente total ausência de contacto ao mundo relacional externo ao indivíduo, dificilmente isso não passará de uma pseudo-aparência, já que esse ser teve (ou tem) que se relacionar, ainda que (pseudo) uni-direccionalmente (do mundo externo para esse indivíduo) para que pudesse sobreviver, pois o mundo externo é ainda assim o seu habitat. Até porque há alguma impossibilidade uni-direccional, pois o indivíduo ao receber do mundo externo já está a relacionar-se com ele, embora isso não signifique que devolva a esse mesmo mundo uma forma relacional que o mundo dos humanos possa, ou mesmo consiga, inter-entender.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Então, parece que o dúbio percepcional se manifesta, quer pela presença do código imposto e imprimido desde as relações primárias e precoces, quer pela toxicidade que essa imposição parece limitar/permitir os indivíduos nas novas construções relacionais. Quer isto significar que a perspectiva de abordagem analítico-relacional de base, umas tantas vezes impede a construção genuína de novas relações, e outras tantas vezes permite que haja abertura pré-disposta a essas novas formações.<span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Apesar da existência de fundamentos base, que funcionam como reguladores e até por vezes como padrões de aceitação/rejeição e funcionalidade/disfuncionalidade relacionais, isto é, das relações primárias para as novas relações, isso tem vindo a ser visualizado como objecto de análise para a mutação profícua do indivíduo. Ou seja, será a partir do (re)conhecimento desse material inconsciente, primário e primitivo, que posteriormente será possível ao indivíduo crescer genuinamente nas novas relações, se a nova relação for genuinamente nova em toda a dinâmica multi direccional que a contempla.</p> <br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 15/06/2009</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-23281734313811208782009-04-30T20:36:00.002+01:002009-04-30T20:43:50.419+01:00“A vontade inconsciente de matar a minha mãe (complexo de Édipo negativo?).”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl9iieom1WRct-lQVeOLzBpmcQVCR27oevKd6YW4Ia-fbFomgYvBy0nUszPgrskkwswMd-GRsi3ta2PuF0Ek1NTkJ9t57QCUhw6ANViYVWeCfWPnUZc7UACFexnPKIuD3ydEFE/s1600-h/%C3%A9diponegativo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 245px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl9iieom1WRct-lQVeOLzBpmcQVCR27oevKd6YW4Ia-fbFomgYvBy0nUszPgrskkwswMd-GRsi3ta2PuF0Ek1NTkJ9t57QCUhw6ANViYVWeCfWPnUZc7UACFexnPKIuD3ydEFE/s320/%C3%A9diponegativo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5330572076790087506" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i style="">Extracto de uma sessão</i>, com a confidencialidade devidamente assegurada, paciente em associação livre…<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /><span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“A elaboração intrapsíquica do relacionamento edipiano primário na forma invertida de papeis, onde o pai representa “a mãe a conquistar”, devido à indisponibilidade materna percebida e/ou fantasiada para ser conquistada pelo filho, encontrou-se mais tarde, na vida adulta desse filho, na emersão para a pseudo-consciência da actividade pulsional de morte do desejo inconsciente de matar a sua mãe.<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Matar a mãe que o pai representa fantasmáticamente, ou matar a mãe real?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Este “Édipo” parece encontrar-se agora num estado secundário confusional, ou pelo menos num estado de continuidade confusional primário, onde não entende qual o seu papel natural, não sabendo quem conquistar (pulsão de vida/sexual) e quem matar (pulsão agressiva/ de morte).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A angústia proveniente da dúvida permanente instaurada parece alimentar a confusão primitiva sobre quem é quem, hetero fantasiando, e sobre quem é ou que “Édipo” deve ser (ou deveria ter sido).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">E onde cabe o papel do irmão de “Édipo” no seio desta tentativa frustrada de perceber quem é a mãe a conquistar e o pai a aniquilar?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Édipo” sente-se demasiado fragilizado para ser o guerreiro conquistador que a natureza dele próprio espera que ele seja, a luta é demasiado feroz, os adversários são mais fortes, e existe ainda o fantasma de não saber quem são os aliados e quem são os inimigos, “Édipo” está confuso e decide não lutar.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mais tarde descobre que mesmo que não queira essa(s) guerra(s) não se pode dissociar de a(s) travar, se não lutar morre (é aniquilado, foi?), se lutar pode morrer, pode matar (conquistar o objecto de investimento sexual/de vida), mas não pode nem consegue pacificar antes de ir para a guerra.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Será que ele ao conquistar confusionalmente o pai, isto é, o pai em representação invertida da mãe, não estará também a conquistá-lo a ele enquanto pai realmente?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Conquistar o pai (de facto) implica matar a mãe (de facto), ou matar a mãe é matar o pai que funciona em representação materna (?) possibilitando assim conquistar a mãe “real”?”<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 28/04/2009</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-69196566533725429072009-04-17T16:01:00.002+01:002009-04-17T16:27:54.809+01:00“O inter-entendimento bi-focal e a existência humana.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYEhONGVj0v80ObgY_t-AaTTqUqMnxPkoe3MXLzHJG3OELbDUKSBPp-Xu4yiotsPjmBItxiYuylygdvONryR9I6bWqaE8cbY_GMWWrduiK2YoDw_w6cfCAMeHTa08gigahfuei/s1600-h/artistic-humaninter.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYEhONGVj0v80ObgY_t-AaTTqUqMnxPkoe3MXLzHJG3OELbDUKSBPp-Xu4yiotsPjmBItxiYuylygdvONryR9I6bWqaE8cbY_GMWWrduiK2YoDw_w6cfCAMeHTa08gigahfuei/s320/artistic-humaninter.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325682023577262946" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A situação desencadeada pela diversidade factorial e desencadeante pela unicidade causal, constrói deliberadamente a forma dispersa de entoação do cântico interno, essa linguagem de <b style="">entendimento</b> próprio que é o próprio entendimento, a comunicação pré-linguística é já ou é ainda nomenclaticamente a propriedade de significação e significado do construto da percepção elaborada da fantasmática proveniente dos quase fios de realidade capaz de estar imbuída na consecutiva e permanente auto-dissertação e também vinda da internalidade primária, aquela que é aparente e dubiamente seca de extras ao interior, a <b style="">impossibilidade fusional na própria impossibilidade de clivagem</b>. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Por outra perspectiva, a <b style="">sintonia comunicacional</b> parece ser, não só mas também, sinónimo do estado fusional primário, ou pelo menos da emancipação dos traços e reservas disso, uma espécie de sentido e sentimento do intra e inter entendimento que anteriormente e na sua fase mais precoce permitiu a sobrevivência fantasmática e real de um novo ser no aclamado mundo extra uterino.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Pela vida fora, a transferência do <b style="">entendimento primário</b> parece repetir-se em replicação contínua da mais reptiliana forma relacional, como e sob a forma padronizada de relação com o mundo, a fim de possibilitar significação prévia e posterior à existência individual, revelando-se a imprescindível necessidade de identificação primária na construção de relacionamentos subsequentes, assim, minimizando as consequências da insegurança e incerteza que caracterizam a desmistificação dos fantasmas de confrontação com a expectativa precoce de aversividade externa, apesar dessa ser também internalizada e internalizante.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style=""> </span>Ainda de outra maneira, a sensação de <b style="">sintonia relacional </b>parece conjugar num mesmo momento temporal, a realização fusional primária e a pseudo unicidade clivada, isto é, o individuo materializa na relação com o outro a capacidade simultânea de se fundir com ele e de se separar dele, de ser um ser individual e de ser um ente relacional, de estar em “pleno” entendimento consigo e com o outro, a possibilidade novamente real e fantasmática da existência ter significado partilhado e individual. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A importância do <b style="">entendimento dual </b>e bi-direccionado, ou pelo menos da sensação dessa existência simultânea, parece ser uma das mais valorativas formas de confirmação da própria existência na sua mais básica forma de percepção de realidade, ou seja, a sensação de mutua inter-compreensão (nem que momentânea) parece permitir ao individuo infirmar a ideia da não existência, quer da pré-vida, quer da morte, e talvez o mais importante, da própria vida.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O ser só e por si só não existe mesmo existindo (?), existe muito mais na relação com o outro do que só na relação consigo próprio (?). Mesmo em condições tipificadas como patogénicas, como nas ditas psicoses severas extremas onde há um suposto comprometimento muito significativo da relação do individuo com o mundo externo partilhado, o individuo ao existir num estado clivado com tudo (ou quase tudo) o que lhe é externo parece que apesar de ainda assim existir, não existir tanto quanto os outros que lhes é ou lhes foi permitido (re)fundirem-se com a sua “mãe” após a vida intra-uterina, isto é, a sintonia comunicacional externa parece comprometida ao receptor, embora isso não signifique que para o emissor essa sintonia não exista mesmo que de forma não dual, já que ele pode estar auto-sintonizado e mesmo perceber-se hetero-sintónico, mas clivado para o mundo da partilha humano-relacional: <b style="">o inter-entendimento bi-focal</b>.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 14/04/2009</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-81116253744115859392009-03-27T16:59:00.001+00:002009-03-27T17:10:53.998+00:00“Do anonimato à consciência…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsPoLGxfmF92it32y9gAgRbSbvqjbsqdhXSd-f4tESQLehmDqUKraRCouKEu7AtY0Sd5RDPt8MUcuAoQnStVGrswuci1YOaeH9mxdQ0t7fCE4hJxiljLEGUMnGzMl6hljex3LD/s1600-h/anonimato.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsPoLGxfmF92it32y9gAgRbSbvqjbsqdhXSd-f4tESQLehmDqUKraRCouKEu7AtY0Sd5RDPt8MUcuAoQnStVGrswuci1YOaeH9mxdQ0t7fCE4hJxiljLEGUMnGzMl6hljex3LD/s320/anonimato.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5317915647872408322" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">No texto que se segue não estão presentes construtos de generalização, mas sim especificidades idiossincráticas, com trâmites de confidencialidade devidamente acautelados.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Permitida a confrontação com o presente sinalético em auto-percepção de disfuncionalidade, a exploração do conjunto de fontes promissoras das resoluções pretendidas parece causar ainda mais a continuidade do estado parcial depressor, já de si dependente da fantasia de realidade construída sobre um passado cuja negligenciação fora demasiado elaborada em formato de rigidez, (pseudo)estática e indutor de papéis correspondentes a “Eu’s” falsos. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Agora que já não parece possível retroceder ao inconsciente tão elevados e poderosos conteúdos que não param o desejo de emancipação, esses emergem e amparam o grau confusional que parece trazer ainda mais frustração do que aquela que era desgostada pela simples confusão anónima. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A desmistificação dos padrões impostos e imprimidos pelos cuidadores primários parece agora ter fortalecido o “id” na emancipação das pulsões humano-naturais e fragilizado os ditames que os faziam ficar presos a si próprios em transformações transitórias, dificuldades de existir intrapsiquicamente em pacificação identitária.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Agora que as forças se começam a equivaler na sua potência, a revolta pelo tempo em que a parte mais forte foi a verdadeiramente indesejável começa a apoderar-se do jogo interno, e a frustração mais uma vez se torna a manifestar pelo sentido de impotência de antes não lhe ter sido possibilitado sentir o seu “Eu real”, e de ainda lhe parecer distante a concretização das potencialidades de auto-resolução emotiva.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Uma pessoa (des)construída que repara que não é quem era, mas que apesar disso o foi e o tem sido, e que agora passou a existir um vazio de identidade por preencher, que lhe traz de volta à (re)construção, pois toda a construção anterior de auto e hetero identificação parece ter ficado perdida na falsidade que construíram para ela, e que ela aceitou (como é normal que se faça na “devida altura”) em agradibilidade para a sobrevivência.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Agora na busca incessante da genuinidade, sente a identidade perdida e parece não saber quem é, preferindo muitas vezes ser novamente os “Eu’s falsos anteriores” a não ser ainda ninguém, pela angústia de “não ser”.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 24/03/2009</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-12978620464303876962009-02-13T15:51:00.002+00:002009-02-13T15:54:40.966+00:00“A mesma diferença.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRYQJBUSQxq5ZPPp1Gfsc41062mQTTIoW4mv9tjsKBWfCzyiZrcHegxOSliio0kER31T4TmiC7Nhtxdis-cz674EYBUZqNq0ZKnljIRDRA4_m3hJTqbtYWz7sgQV2fCThZAHNu/s1600-h/batalha+psiquica.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 259px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRYQJBUSQxq5ZPPp1Gfsc41062mQTTIoW4mv9tjsKBWfCzyiZrcHegxOSliio0kER31T4TmiC7Nhtxdis-cz674EYBUZqNq0ZKnljIRDRA4_m3hJTqbtYWz7sgQV2fCThZAHNu/s320/batalha+psiquica.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302310642087155266" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Diluídas as expectativas em confrontações com a realidade partilhada, as fantasmáticas platonímicas desencontram o seu lugar no conflito psicótico permitindo à re-elaboração devolvida significar os primeiros passos para a resolução conflitual anterior e/ou para um novo surto de psicose. Da mesma experiência psíquica de confrontação com o mundo externo, é possível que o mesmo indivíduo caminhe num confusional estado de dualidade ou multiplicidade direccional, onde a resolução de “conflitos consequentes” origina outros em consequência dessas resoluções, grandemente devido à não abordagem primária da génese conflituosa, e ao trabalho continuamente secundário e secundarizante das consequências finais e intermédias. Não quer isto dizer que a importância das consequência seja negligenciada ou diminuída, mas não será benéfico esperar que se a fonte inicial de “conflito aversivo” e disfuncional continuar a existir, que os conflitos daí decorrentes possam simplesmente ser re-solucionados sem que apareçam uma e outra vez, sob esta e a outra forma. Na diversidade de formatos mais ampla da aparência observável da batalha interna, essa diversidade é tantas vezes sinónimo da mesma diferença, ou seja, a guerra é a mesma as batalhas é que são diferentes. Resolver (um)a batalha, não é o mesmo que acabar com a guerra, apesar de haverem batalhas com capacidade de a finalizar.<br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 12/02/2009</div></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-13591528652751043672009-01-15T17:47:00.002+00:002009-01-15T18:42:25.437+00:00“O todo e a vida intrapsíquica.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh5ybbtY3wXpqZ7Pw49WIMtUGYfXw4qcCSPNr7vsNZNgMerOMXWGkfd2nXpwR7dzO_0QlXpT_DE53a8pMl9w8_AtErmWus3QZvoyfxDYDLHHb84wvZbhSZl1Cxm0CHLQ8KbCad/s1600-h/incons.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 258px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh5ybbtY3wXpqZ7Pw49WIMtUGYfXw4qcCSPNr7vsNZNgMerOMXWGkfd2nXpwR7dzO_0QlXpT_DE53a8pMl9w8_AtErmWus3QZvoyfxDYDLHHb84wvZbhSZl1Cxm0CHLQ8KbCad/s320/incons.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5291592405983452370" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Condigno artifício colectivo que oferece permissão ao “<i>self</i> global” para ludibriar o “<i>self</i> específico”, que percorre em linhas que o próprio nem almeja saber que existem, uma forma elaborada de escape ao doloso impenetrável de tão insuportável e insuperável que esse pode ser, para esse ser, sendo “apenas” dele e ele próprio, alienar salutarmente (?) a consciência de si.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Codificação intrapsíquica não tanto aleatória quanto se “gostaria” que fosse, o seu fluxo, fluidez e fluência comportado pela regulação de parâmetros bem mais precisos e menos subjectivos do que tanto “jeito” daria pensar-se que assim seria, importa a parcimónia necessária ao imprescindível estado de permanência inconsciente, esse grande todo que é o “Eu” integra um tão escasso sentido “proprioceptivo” (e logo também “heteroceptivo”) que é quase mais real dizer-se que a própria consciência não existe, se essa for zelosamente interpretada como tal.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Correndo o risco de formulações e fundamentações pouco populistas e até mesmo agressivamente radicais, posso mesmo dizer que a percepção de consciência e a própria em si, não é mais do que “apenas” mais uma parte da outra parte do grande todo, ou seja, a consciência é apenas uma parte do inconsciente, isto é, ela está contida nele (e não o contrário). Esta afirmação faz parecer que ela existe, mas é importante relevar que essa existência é condicionada por um mundo “ambiental” mais forte onde ela vive e está inserida: o inconsciente (o que pode fazer com que a consciência não seja assim tão consciente quanto isso).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não é mero “cálculo filosófico” colocar-se a típica questão do pseudo saber, sendo quer uma auto, quer uma hetero crítica fundamental para se chegar a saber que se sabe ou não se sabe realmente, isto é: “Estarei <i>Eu</i> realmente consciente de <i>mim</i> (e do <i>mundo</i>)?”.<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 13/01/2009</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-45628174176649031952008-12-24T15:41:00.002+00:002008-12-24T15:47:09.544+00:00“Dúvidas genuínas de um dito psicótico.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo2kx64BpqfE_x4vdYvw-gEFkv6D-gSZMXZLn-DSZCXOltYGEO-uLGfb-Mgo0jozFNMDiBGRGdA8uVHBVWSw7ZHSk-rjDOVvthEhfnS1D4wqUqS0D1FyD60ePJTi2RpSjgnmSZ/s1600-h/Psychoticcamisa+de+for%C3%A7as.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 277px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo2kx64BpqfE_x4vdYvw-gEFkv6D-gSZMXZLn-DSZCXOltYGEO-uLGfb-Mgo0jozFNMDiBGRGdA8uVHBVWSw7ZHSk-rjDOVvthEhfnS1D4wqUqS0D1FyD60ePJTi2RpSjgnmSZ/s320/Psychoticcamisa+de+for%C3%A7as.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5283383350294111890" border="0" /></a><br /><br /><br />O texto que se segue inclui trechos aleatórios de um “dito psicótico”, cuja identidade, trâmites totais de confidencialidade e consentimento informado foram devidamente salvaguardados.<br /><div style="text-align: justify;"><br />“Onírica intrusiva em estado de vigília, não na área de transferência, figura-se num suposto surto psicótico de alienação de uma realidade para uma outra cuja validade é tão questionável quanto a primeira, onde a veracidade e a índole genuína impõem perspectiva perceptiva incontornável, onde o controlo não existe apesar de também não preexistir anteriormente, afinal que ditames reguladores de norma fundamentam as alterações neurológicas, químicas e eléctricas, que nos fazem meramente acreditar que o funcionamento anterior a essas mudanças era o que nos conduzia a uma visão distante da turbulência errónea, à distorção da imagem, do próprio e do mundo?<br />Poderá a simplicidade básica regida pelo papel regulador da frequência mais comum conter a potenciação e o poder de elaborar as regras que devem ser seguidas e mantidas para discernir o que é o quê, se a dinâmica inconclusiva e permanente do todo mais geral que tudo, nos parece dizer que o mais claro seria não existirem regras de conclusão pura para fundar a visão que se constrói do mundo?<br />Será assim de tão difícil aceitação que todos os outros possam estar tão errados quanto eu? Se eu sou psicótico, como me poderão os outros demonstrar, a mim e a eles próprios, que não o são, eles em vez de mim? De qualquer forma não faz qualquer sentido que se diga que há quem não seja psicótico, se todos distorcemos claramente a realidade total, interna e externa, vendo-a como só nós conseguimos ver, o acesso à realidade como uma espécie única e individual, quando se pensa que à sintonia comunicacional, e se crê ver o que os outros também vêm, isso é tão real quanto a realidade que eu digo ver quando me dizem que são frutos alucinogénicos. Não será essa dimensão, uma simbólica? Uma diferente daquelas que o pseudo-comum-não-psicótico diz não conseguir aceder, e logo nega a existência da possibilidade?<br />Estou tão convencido como os demais que o que vejo é real, se me dizem que não é, não poderei eu dizer-vos o mesmo?<br />Pois, e também podem perfeitamente dizer que é fantástica ou fantasmática, ou simples filosofia, indubitável mas duvidosa demais para fazer-vos perceber que a minha realidade é apenas igual à vossa, o que digo é que todos a vemos diferente. Tão diversa é a construção, que vos levo a crer que não pode ser normal ou mesmo no caso dela existir, mesmo assim não é real, mas será que a vossa o é?<br />Querem-me convencer que as coisas que vejo são construções da minha mente, que de facto não existem neste nosso mundo, querem que eu deixe de ver, deixe de acreditar, querer cegar os meus olhos com psicofármacos, querem-me acalmar e calar para que eu não vos possa dizer que os cegos são vocês, que são vocês que no fundo não vêem, são vocês aqueles que temem, sim que têm tanto medo de estar enganados que mais vale que os que vos contestam sejam apagados, escondidos e enclausurados em instalações dignas, para que não possam perturbar a vossa realidade certeira, aquela que vocês têm a certeza que é a realidade real.<br />Também me chamam outros nomes, como perturbado ou esquizofrénico, deixa-vos mais seguros pensar que conhecem e controlam a realidade que querem ver e impor, e não, não pode ninguém ver outra coisa qualquer senão, no caso de o dizer, é condenado às vossas interessantes nomenclaturas psiquiátricas, folheadas dum catálogo patológico, inventado por vós, uma realidade tão inventada pelas vossas cabeças quanto a realidade que vejo é inventada pela minha.<br />Sim, não nego a revolta que já nem se esconde nestas palavras, o problema não é me discriminarem por ser o vosso suposto doente mental, o problema é vocês continuarem a achar piamente que não há nada de verdade no que vêem pessoas como eu. Até parece que alguém é dono da verdade! Pelos vistos há quem almeje ser, um deus tão deus, como todos aqueles que vocês também generosamente inventaram, para fins tão nobres como por exemplo a diminuição do medo de existir e de não existir e do receio de viver e de não viver, para terem uma paz que não teriam se não os inventassem. E depois o louco sou eu!”<br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 23/12/2008</div></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-55921668100923545392008-11-22T13:36:00.002+00:002008-11-22T13:45:18.296+00:00“Auto-(des)cobertas.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifGv6okoEsQEdzTbRIec4GqdxrsRtzhqnndRvVY1H-5ugHdQnSv4woAT92QL0-eckMuF0uDyhWFVG-4iEoOTdUKxxOL2hYYhJW5UuH4Clz51oWtjPoSJlFS4SESQIqYCsWPRs9/s1600-h/descobertas.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifGv6okoEsQEdzTbRIec4GqdxrsRtzhqnndRvVY1H-5ugHdQnSv4woAT92QL0-eckMuF0uDyhWFVG-4iEoOTdUKxxOL2hYYhJW5UuH4Clz51oWtjPoSJlFS4SESQIqYCsWPRs9/s320/descobertas.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271477211841213778" border="0" /></a><br /><o:smarttagtype namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" name="PersonName"></o:smarttagtype><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><object classid="clsid:38481807-CA0E-42D2-BF39-B33AF135CC4D" id="ieooui"></object> <style> st1\:*{behavior:url(#ieooui) } </style> <![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Que “auto-(des)cobertas” poderão ser capacitadoras de influência relevante ao ponto de servirem de estimuladoras de modificações, cuja profundidade seja o bastante, para que essas mudanças perdurem e o sejam realmente?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Será necessário que a valoração relativa, se compatibilize entre o “sentimento” (proveniente do “<i>prazer</i>”), o “pensamento” e comportamento observável, e que a direcção da conveniente, indispensável e permanente luta intrapsíquica encontre harmonia entre os diversos “lados da(s) batalha(s)”?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O desconhecimento inevitável de uma maior parte de nós (tal como do mundo extrapsíquico) do que da outra parte que julgamos conhecer, parece tornar a genuinidade num conceito ingénuo e distante e o conhecimento num termo longínquo, efémero e desadequado, onde a conflituosidade se encontra e a (sobre)vivência acontece. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Esse é o mundo onde a valoração já relativa de si, se encontra permanentemente enviesada pelos ditames regedores dos conteúdos a que esse mundo se permite (con)ter, ditames esses que na maioria das vezes não sendo congruentes entre si, lutam por uma espécie de supremacia e não tanto pela “homeostase intra-instancional”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A “auto-sobrevivência mental” aos acontecimentos (des)integrados, originários quer da própria imensidão interna, quer das dimensões inter-actuadas do mundo externo, não parece ter o mesmo significado que a “auto-vivência mental”. A primeira incide mais sobre “formas patogénicas” do desenrolar dos conflitos interiores e a segunda mais sobre “formas saudáveis” dos conflitos internos se (re)solucionarem.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Quando a funcionalidade interna se encontra comprometida pelas “vitórias patogénicas” de certos conflitos, então a (dis)funcionalidade aparente torna-se também dependente desses “vencedores inimigos”.<span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Pode ser que não se aceitem “essas (des)cobertas”, cujo sofrimento provocado pela aceitação pode levar quer à continuidade do padrão patológico anterior (ou padrão saudável), quer à cisão desse padrão antigo conjuntamente com a construção de um novo, mas o caminho da não aceitação (permanente e não temporária) pode ser um dos elementos impeditivos ao desbloqueio patogénico (se for caso disso).<span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Não se propõe de todo a existência de conceitos na sua plenitude, nem tão pouco o conhecimento dessa existência na sua amplitude máxima, até porque é indispensável e salutar que assim seja e assim esteja (inconsciente), mas realce-se que há partes que necessitam emergir para a “consciência” para que a parte que “queremos” vitoriosa, vença de facto.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Nem se pretende clarificar uma abordagem que permita focar e identificar tipologias infindáveis de conflitos, nem especificar alguns deles, apenas talvez (re)lembrar, que os há, e que alguns desses que existem precisam urgentemente de “apoio consciente” para que essa instância ganhe alguma força e algumas armas adicionais, tal como há outros cuja necessidade para a boa saúde mental é precisamente a inversa.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Pode ser tão útil descobrir como cobrir, para isso deve ser analisada a idiossincrasia envolta no todo individual e a do(s) conflito(s) que forçam o indivíduo à “sobrevivência mental”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ainda é necessário especificar que a emersão e a imersão (de conteúdos entre instâncias intrapsíquicas), não são de maneira nenhuma sequer formas que por si só são (re)soluções, mas sim mecanismos facilitadores (ou perturbadores) de diminuição (ou acréscimo) posterior da influência e direcção dos conflitos ou mesmos dos conflitos <st1:personname productid="em si. Assim" st="on">em si. Assim</st1:personname>, pode mesmo dizer-se que não basta (des)cobrirmo-nos para nos conhecermos nem que seja um pouco melhor e para que esse conhecimento seja um auto-suficiente mentor de mudança, é sim necessário, para que isso aconteça, que tenhamos competências (ou as saibamos criar ou adquirir) para lidar com o que de nós nos for permitido que conheçamos.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 18/11/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-8620718111069811882008-11-07T22:29:00.001+00:002008-11-07T22:38:12.478+00:00“Do estado fusional ao indivíduo…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNrLOB-F_NQXFL3xHPLVqCxDY9pHk5t6Z8TbrPEA5jVl636MZintFOZ9acNmzyI0eBnEvlYhXEFgER-XAXh1H3CvCd36uaiZP5dHC4mXXZDsOA0FkDDegtzdtmPx8cdJZq293D/s1600-h/prem.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 200px; height: 197px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNrLOB-F_NQXFL3xHPLVqCxDY9pHk5t6Z8TbrPEA5jVl636MZintFOZ9acNmzyI0eBnEvlYhXEFgER-XAXh1H3CvCd36uaiZP5dHC4mXXZDsOA0FkDDegtzdtmPx8cdJZq293D/s320/prem.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5266048501929312274" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">A divisibilidade do estado fusional em trâmites de ainda pseudo-individuação é um processo cujos desenvolvimentos tendem a ser de ténues diferenciadores de quais dinâmicas jogam para pertença de um e de outro estado. A (re)necessidade (re)corrente de voltar ao anterior estado fusional de padrão intra-relacional, parece ser um elemento vital que entende fornecer competências para que o indivíduo se torne num ser individual, de forma “quase” protegida, segura e confiante quanto baste, agora no mundo externo tal como no mundo intra-uterino.<br />Neste sentido circunscrito, nota-se de forma evidente que quando não existe a possibilidade físico-mental de voltar fornecer um conteúdo “pseudo-fusional” adequado, a esse ainda “pseudo-indivíduo-mental”, este último tal como o primeiro, podem “apenas” retardar ou então eliminar o processo comum “padronizado” de “fusão-individuação” inicial.<br />Este comprometimento processual desde que meramente retardatário, não aniquila as intra e inter competências, nem os intra e inter papéis, quer fusionais, quer individuais, mas no caso do prolongamento excessivo (ou da ruptura total) da desvinculação forçada e não desejada por parte daquele que ainda não é psiquicamente individuado, então muito dificilmente isso não lhe trará consequências nefastas para o seu bom desenvolvimento mental, precoce e futuro.<br />Não é aqui que começa a vida, mas é agora que essa entra em contacto com o mundo extra-uterino, e é agora que pela primeira vez existe a possibilidade de separação “real” do anterior estado de fusão, e essa é uma possibilidade cuja desejabilidade de concretização é não só elevada como imprescindível, a seu tempo e de forma doseada, com o mais volta que vai que ainda é característico e necessário, dar continuidade ao vínculo que permite a desvinculação enquanto processo saudável e natural, isto é, a desvinculação apenas no sentido do estado pré-precoce de fusão mãe-filho no pós-parto.<br />Se neste primeiro contacto com a agressividade do mundo externo não existir a protecção fusional materna, o indivíduo recém-nado poderá tender a desenvolver características de insegurança, ansiedade e depressão precoces (entre outras), que irão quase necessariamente repercutir-se também mais tarde de forma auto-incompreensível ao próprio indivíduo, já que esses elementos não irão estar disponíveis ao livre acesso consciente.<br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 04/11/2008</div></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-65954673401386891612008-10-17T20:56:00.001+01:002008-10-17T21:00:19.493+01:00“Exteriorização real ou fantasmática?”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht-JpFNovwwhxZ-rWNBA8Oypp62MeeHjfmO1bVbvK3f1EMWPTOqtxmDYSSy0u6vt_udjYHgFnbOVQy7W9qa4-ePaC17KgF2mikIUmQuq-A5PG7wJLhGiv-1GB9csDzkAjj7y0Z/s1600-h/psychotic_writing.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht-JpFNovwwhxZ-rWNBA8Oypp62MeeHjfmO1bVbvK3f1EMWPTOqtxmDYSSy0u6vt_udjYHgFnbOVQy7W9qa4-ePaC17KgF2mikIUmQuq-A5PG7wJLhGiv-1GB9csDzkAjj7y0Z/s320/psychotic_writing.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5258214562173765314" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Entre o pensar que se exterioriza e o exteriorizar-se de facto, existem diferenças significativas no funcionamento mental de cada uma das formas de “pseudo-exteriorização” (ou “exteriorização fantasmática” ou “exteriorização/internalização psicóticas”) e exteriorização real (materialização da exposição da realidade intrapsíquica ao mundo externo).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Na exteriorização real, o indivíduo atinge um nível real de contacto com o mundo externo e com os objectos que o compõem, o mundo da “realidade partilhada” pelos demais. Na “exteriorização fantasmática” o sujeito pode até pensar que comunicou com o “exterior”, mas o que de facto fez foi construir em si e através de si próprio uma continuação da realidade intrapsíquica anterior como se esta fosse proveniente da relação com conteúdos externos. Assim, por via de um potencial padrão relacional induzido/imprimido pelo meio externo primário (em consonância com as características idiossincráticas pessoais), o sujeito pode elaborar um padrão relacional psicótico (inconsciente) como forma privilegiada de se “relacionar” consigo e com o mundo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Esse padrão de relacionamento (ou da falta dele) com a “realidade partilhada”, na forma tradicionalmente inconsciente, pode levar o indivíduo a ter a consciência que a “verdade” formulada intrapsiquicamente é compatível com a “realidade partilhada”, não se apercebendo assim que essa é uma “realidade auto-construída” e não uma que se construiu em contacto com os frutos relacionais “verdadeiros aos olhos dos outros”.<br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 14/10/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-65346443020934549312008-10-06T16:15:00.002+01:002008-10-06T16:20:39.751+01:00“Cuidado, eles podem não saber o que fazem…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwNwYL9V-ZXryowu25kilc-haDg4IlgiLOsDj21kxY_-sAy5X54w32gZvIny9UdqXYMPtKSKqjRQegbpgtrRkEoXyfXdsU_UAiZbqa7DwNVg0shQDuYt-6Lv4wMDLFlIvuilBF/s1600-h/hipnos.gif"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwNwYL9V-ZXryowu25kilc-haDg4IlgiLOsDj21kxY_-sAy5X54w32gZvIny9UdqXYMPtKSKqjRQegbpgtrRkEoXyfXdsU_UAiZbqa7DwNVg0shQDuYt-6Lv4wMDLFlIvuilBF/s320/hipnos.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254061063030798850" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">O objectivo deste escrito, pretende ser apenas um fomento para a discussão, que apelido de alerta. É de “estados auto e hetero (pseudo?) hipnóticos” induzidos de forma espontânea e não intencional, e logo em ambiente nada controlado, que vos pretendo falar. Da delicadeza e hipotética subjectividade a que este tema não consegue escapar, tentarei contribuir para que se possa perceber na prática do que se trata. Unicamente para que não se complexifique em demasia esta abordagem, irei deixar de lado todos os estados induzidos cuja fonte seja de indução externa ao nível de substâncias que activam e alteram o funcionamento neuronal, as vulgas drogas, lícitas ou ilícitas.<br /></div><div style="text-align: justify;"><br />Assim, para que seja possível que se induza ao próprio ou a outros um “estado hipnótico” de forma inconsciente, espontânea, e não intencional, é necessário que as características do objecto/pessoa, em que é induzido tal estado, sejam propícias ou até adequadas a esse feito, isto é, a globalidade estimulante (interna e/ou externa) percebida pelo receptor em conjugação com as suas predisposições idiossincráticas são os principais determinantes da possibilidade de alguém se auto hipnotizar “sem querer” ou de ser hipnotizado “pelo meio” também sem o meio ter essa intenção clara de ser um meio hipnotizador e/ou hipnotizante.<br /><br />A discussão do parágrafo anterior, é exemplificativa da generalização base para a fundamentação do tema, mas o meu objectivo compromete-me a ser mais específico.<br /><br />Vejamos então o seguinte exemplo, para tipificar a “hetero indução hipnótica descontrolada”.<br /><br />É prática comum (e até significativamente aceite pela comunidade clínica e científica) o uso do dito “relaxamento” como forma técnica de complemento terapêutico, como forma técnica de complemento de aulas de “yoga”, como forma técnica isolada para atingir os efeitos a que o próprio nome se propõe, e em tantas outras quase vulgarizadas situações. Claro que existem diversas tipologias para a técnica de relaxamento, mas para este exemplo serve-nos basearmo-nos apenas no “relaxamento conduzido” quer por “técnico qualificado”, quer por “técnico sem qualificação”. O “relaxamento conduzido” pode ser o estimulante particular do mundo externo que permite desencadear o “sono hipnótico” no indivíduo cujas especificidades o levem a “perceber” esse estímulo como um “alheador” eficaz da realidade que pode ser encontrada quer no estado de vigília, quer no estado de sono, ou seja, situa o individuo num estado “provisório (e/ou permanente)” da área de transferência vigília/sono, que é aquele específico momento em que “sabemos” que ainda estamos acordados e ao mesmo tempo já estamos a dormir (será de boa conveniência recordar que a primeira fase de sono é a do “sono profundo”). Se para a maioria das pessoas o “relaxamento conduzido” produz os efeitos benéficos a que ele se destina, existem pessoas que a “viagem conduzida” os leva a entrarem em “hipnose pura”. O problema, grave, é que na grande maioria das vezes em que isso acontece nem o técnico, nem a pessoa “relaxada” se apercebem que algo não correu como o previsto (até porque muitos relaxamentos são feitos em grupo), e que aquilo que era suposto ser um “mero” relaxamento acabou numa hipnose não intencional. As consequências de uma ocorrência deste tipo são quase incalculáveis, visto que os estados hipnóticos permitem tanto curar um doente como adoecer um saudável. Ora se nem sequer se chega a saber que esse estado foi induzido, tanto pior, pois fica ao sabor do vento, a sugestionabilidade activa e activada sem se querer, isto é, a pessoa pode desde ser “acordada indevidamente” até ser deixada no próprio estado hipnótico sem se ter essa noção.<br /><br />E, o seguinte exemplo, para tipificar a “auto indução hipnótica inconsciente”.<br /><br />Uma festa de transe, uma noite numa discoteca, uma ida a um concerto, tal como, uma sala de aula, um ambiente familiar ou um ambiente inóspito, ou ainda, um simples pensamento, uma lembrança ou recordação, etc. Qualquer um pode servir com a mesma “perfeição” para desencadear um processo (“auto-hipnose”) que depois passa a ser (quase) exclusivamente intrapsíquico, isto é, um determinado tipo de situação externa/interna pode ser entendida pelo indivíduo como “adequada” para que ele utilize uma técnica que desconhece que possui como estratégia de adequação mental às “exigências” que percebe do meio/de si próprio. Muitas vezes são relatados como “apagões” e a pessoa nem se lembra de ter estado em determinado local por determinado período de tempo (lembrem-se, sem o efeito de qualquer tipo de drogas/substâncias externas).<br /><br />É claro que convém alertar que não é comum, ou o vulgarmente referido como normal, que isto aconteça, quer na forma auto, quer na forma hetero induzidas. Uma das características que pode propiciar a elevação e potenciação das possibilidades de indução de estados hipnóticos não intencionais (que podem ser, “bem ou mal”(?), confundidos com estados psicóticos ocasionais/esporádicos), são as características do foro psicótico, já que essas características (embora predispostas ao objecto/pessoa) para se tornarem evidentes necessitam muitas vezes de serem alimentadas ao longo da vida (apesar de existirem casos de psicoses graves que se tornam evidentes desde “demasiado cedo”). Essa alimentação é nalguns casos dirigida à perturbação e/ou destrutividade afectiva/relacional, que no caso de existir a tal predisposição psicótica, esse tipo de características evidenciam-se com intenções diversas de “homeostase afectiva/relacional” ou de “equilíbrio humanamente suportável”, ou seja, o indivíduo utiliza o seu psicotismo (ex. alheamento da pseudo realidade externa, construindo uma realidade mental mais suportável e alternativa à anterior) como defesa e em defesa da preservação dos afectos, mesmo que já “infligidos”.<br /><br />Esta variante de manifestação psicótica de conjunturas de alheação do mundo externo, formalizadas pelo indivíduo em material psíquico onde a realidade idiossincrática passa a realidade (auto) geral, na prática envolvem momentos de “sono hipnótico”, cuja percepção que a pessoa tem de si própria, e a que os objectos/pessoas externos têm dela, não é muitas vezes suficientemente assertiva para que seja possível aperceberem-se que tipo de estado mental se encontra em funcionamento a dada altura e em momentos bem definidos.<br /><br />No entanto, é ainda necessário referenciar que tanto quanto for “permitido”, podem e devem ser efectuadas medidas preventivas (mais do que remediativas), pelo menos no que respeita às actividades clínicas que possam induzir estados mentais/hipnóticos não intencionais, e logo não desejáveis. Ou seja, no caso do exemplo do “relaxamento conduzido” enquanto ferramenta complementar de trabalho terapêutico, este deve ser implementado apenas após uma análise ampla e cuidada de cada indivíduo da preexistência de características propícias à indução hipnótica não intencional, caso contrário poderá trazer consequências muito indesejáveis para o “relaxado”. No meu entender, para além disso deveriam também ser fomentadas medidas de regulamentação do exercício de práticas não clínicas de “relaxamento”, pelas mesmas razões referidas anteriormente. Não querendo centrar a questão no exemplo do “relaxamento”, ainda assim apraz-me dizer que uma técnica como esta, aparentemente ingénua e inofensiva, pode tornar-se um mecanismo muito eficaz de indução hipnótica não intencional em objectos/pessoas predispostas, e logo uma ferramenta que pode ser amplamente perigosa e altamente nefasta.<br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 30/09/2008</div></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-32357390141554967272008-09-18T20:08:00.003+01:002008-09-18T20:27:49.282+01:00“A mediatização do pseudo-saber.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW_NVyWKLrhjlKRIOUiBQ-cMKc-u5g8rZYRTVL1Hgni35vj-2kLDiMKkKRPPcBqMZH8UmO0JrAQH081IN59hY4SR4-g4CvVU_0Km_a5rHwNNL6tMWcXCjHNX4nZcMopkkYE23X/s1600-h/tv_setnoise.png"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW_NVyWKLrhjlKRIOUiBQ-cMKc-u5g8rZYRTVL1Hgni35vj-2kLDiMKkKRPPcBqMZH8UmO0JrAQH081IN59hY4SR4-g4CvVU_0Km_a5rHwNNL6tMWcXCjHNX4nZcMopkkYE23X/s320/tv_setnoise.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5247442734066881234" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <o:shapedefaults ext="edit" spidmax="1026"> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <o:shapelayout ext="edit"> <o:idmap ext="edit" data="1"> </o:shapelayout></xml><![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A importância que parece ter adquirido a cultura da incessante procura obsessiva do conhecimento ou do pseudo-saber adquirido, almeja conduzir-nos para a psicose da busca de respostas, tantas vezes a perguntas que nem são nossas e/ou a questões que nunca fizemos, ou que nem seria adequado um dia as fazermos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Caracterizem a vosso gosto, “alguns daqueles” cujas aparições, públicas ou privadas, frequentes e dissociadas de temática especializada, aludem e iludem, respostas de auto-conceito em nome da dita nomenclatura científica que trazem associada ao culto profissional envolvido, ao invés de (des)iludirem simplesmente, pela (des)mascaração da ignorância que a todos nos caracteriza.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Contudo, a velha necessidade de satisfação, real ou fantasmática, vai continuar a ser desenvolvida e a prevalecer, afim de minimizar danos, porventura maiores da insatisfação, do que da satisfação mística, ou seja, parece que mais vale pensar-se que se sabe mesmo não se sabendo até que ponto é essa sabedoria genuína, do que sofrer-se as consequências de se pensar que não se sabe de facto. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style=""> </span>Assim, esta “nova” cultura do conhecimento, parece adquirir contornos de “culto do conhecimento”, já que a essência e os processos psíquicos envolvidos são em tudo idênticos aos que se encontram noutros cultos humanos, como é o exemplo dos “cultos de fé”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Deixo também “a gosto” e à “vossa vontade” a continuidade do pensamento, no sentido das consequências da hipotética veracidade do pensamento anterior, sendo tão óbvias e tenuemente claras quanto coexistentes em contradição. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 16/09/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-38761733393686509562008-08-01T20:38:00.002+01:002008-12-11T01:44:50.870+00:00“Ficar pior, para poder melhorar…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyEOMiBu95MOIlGOZJi3UgkdZk_MmobJAfprGQTtBng0dQXZb4kVBbiCxYxAvqb8KY03BpmoFNrItB3r88b98R_f5gRan0ZQrrPNo13aXRxu71Inh30wtipDW0ZTidPjE__Uh2/s1600-h/psychotic.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyEOMiBu95MOIlGOZJi3UgkdZk_MmobJAfprGQTtBng0dQXZb4kVBbiCxYxAvqb8KY03BpmoFNrItB3r88b98R_f5gRan0ZQrrPNo13aXRxu71Inh30wtipDW0ZTidPjE__Uh2/s320/psychotic.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229636924410336978" border="0" /></a><br /><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Quando se procura um profissional de saúde mental com objectivos fundamentados para a resolução de questões de foro patológico, isso significa normalmente que a pessoa espera melhorar a sua condição de doença, o comummente “ficar bom”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Entende-se na maior parte dos casos que assim seja, pois se o objectivo fosse ficar (ainda) pior, algo de (ainda mais) “estranho” se passaria. No entanto, há casos em que para atingir o objectivo de melhorar, ou mesmo de “ficar bom”, é necessário e mesmo imprescindível que se piore primeiro.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>É necessário explicar que este “ficar pior” tem mais a ver com a percepção que o próprio paciente tem do desenrolar dos (auto) acontecimentos (mentais), do que da condição semi-objectiva que esse apresenta, ou seja, o paciente sente-se de facto pior, mas esse será um dos passos do caminho que precisa de dar, para que o ficar melhor posterior seja realmente verdadeiro, sustentável e duradouro.<span style=""> </span><span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Vejamos o seguinte exemplo. Um paciente cuja perturbação tem como um dos principais factores etiológicos o “evitamento mental presente” de um acontecimento passado altamente doloroso. Doloroso ao ponto, que a maneira que esta pessoa encontrou para lidar com sofrimento envolto a esse acontecimento, foi dissociar esse acontecimento da sua realidade mental, isto é, na sua psique (consciente) é (quase) como se nada tivesse acontecido, como se tivesse apagado ou transformado essa realidade numa muito mais suportável e menos custosa de admitir que fizesse parte da sua vida. Este paciente ao procurar ajuda de um profissional de saúde mental, vai necessariamente ter que aumentar o seu nível de sofrimento (que já era absolutamente gigantesco), pois a temática que tanto “quer” evitar será potencialmente trazida novamente à consciência afim de ser reinterpretada. Sem essa análise do passado não será possível melhorar realmente, e, com essa análise do passado irá certamente percepcionar-se pior do que o que estava antes de procurar ajuda, pois o reencontro com a origem da dor provoca uma dor maior do que a que sentia antes de procurar ajuda profissional. Essa dor mais forte, por sua vez tem tendência a desregular diversas componentes mentais e funcionais da vida da pessoa, o que ajudará e muito essa pessoa a perceber que “está pior”. No entanto, o facto de vivênciar uma dor que já deveria ter sentido, atribuindo-lhe agora um significado combinado ao acontecimento que lhe deu (parte) da origem, faz com que a dor que sentia e que levou essa pessoa a procurar ajuda desapareça, pois essa dor é agora interpretada de forma adequada e congruente com a realidade vivida no passado, deixando essa realidade de estar indevidamente transformada e dissociada. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>É claro que este é um exemplo que pela forma como está exposto diminui a complexidade do processo que é a necessidade de “pseudo ficar pior, para ficar melhor realmente”. Basta ver que, é possível fazer o contrário com muita facilidade, “ficar melhor, para ficar ainda pior depois”. Para isso bastaria que se diminuíssem as actividades sintomáticas iniciais sem que se trabalhasse a origem da problemática, isto é, se apenas se aniquilassem os sintomas. Ao fazer-se isso, primeiro a pessoa iria ter a percepção de melhoria, pois sentir-se-ia melhor, mas passado “algum” tempo seria inevitável que a dor voltasse, e tendencialmente até mais forte, pois a origem, a fonte da dor não teria sido trabalhada para que não mais a produzisse.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Quero também com isto dizer que é necessário perceber a dimensão real do que são realmente melhorias e do que é realmente ficar pior. O objectivo do terapeuta não pode (ou não deve) passar por “agradar” no imediato o paciente (e/ou as pessoas do seu mundo) com falsas melhorias e erradas expectativas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Isto não quer também dizer que não se possa dar devidamente primazia à estabilização sintomática (vide, Castanheira, J. (2005), “A Primazia da Estabilização.”<em> in Jornal de Albergaria</em> de 14/12/2005) para que se possa mais tarde, com mais segurança e estabilidade do paciente (e menor risco de “crise inadequadamente desreguladora” por introdução de temas “delicados”), analisar adequadamente o passado perturbador e perturbante do paciente.</p><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 29/07/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-8454054928464062702008-07-28T17:14:00.005+01:002008-12-11T01:44:51.097+00:00"Preliminar Psychometric Properties of the Portuguese Version of the Questionnaire about Interpersonal Difficulties for Adolescentes"<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi61vnDBi073Wb5YIFQnugRhr0SIf8AuZCOdROBSyTR6ZUizs_aZ5axFTzI5bQMx_aKP8m1_RdugQZmjYjfrC7nJeEILpYUF50xpTkQV8DEEgARBtixEoinc-igfuAwu85Gi94/s1600-h/Diapositivo1.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi61vnDBi073Wb5YIFQnugRhr0SIf8AuZCOdROBSyTR6ZUizs_aZ5axFTzI5bQMx_aKP8m1_RdugQZmjYjfrC7nJeEILpYUF50xpTkQV8DEEgARBtixEoinc-igfuAwu85Gi94/s400/Diapositivo1.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5228105575814514706" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;">Abstract</span><br /><div style="text-align: justify;"> <span style="font-family:Verdana;font-size:85%;">This study evaluated the psychometric properties of the Questionnaire about Interpersonal Difficulties for Adolescents (QIDA) in a sample of Portuguese adolescents. Exploratory and confirmatory factor analyses supported a four-factor structure of the QIDA in the Portuguese sample: Assertiveness, Heterosexual Relationships, Public Speaking, and Family and Friends Relationships. Internal consistency (α = 0.91) and test-retest reliability (r = 0.84) were appropriate. The results revealed a clear and predictable pattern of relationships between the QIDA and the Social Anxiety Scale for Adolescents, the School Anxiety Questionnaire and the International Personality Item Pool.</span></div><div style="text-align: right;"><br />por <span style="font-style: italic;">Cándido J. Inglés, João Castanheira, Filipe Ribeiro e José M. García-Fernández</span>,<br /></div><div style="text-align: right;">in <span style="font-style: italic;">XXIX International Congress of Psychology</span> (<a href="http://www.icp2008.org/">ICP 2008</a>, Berlin - Germany), 22/07/2008<br /></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-500673777851337932008-07-01T19:54:00.002+01:002008-12-11T01:44:51.244+00:00"Escola a quanto (o)brigas."<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYXKOHnaXT7x49kzeUtvUozR3TbHCAJ0KCXX_PRjv4MbWKB5wuztRwpxZT5wk7hn8-eMs1s5ZMhLG7D0CjcS-9NVFL1H0FsCUK7J1arjAkKHFnKrLaPl9bbjVvJNJxkz4zdtJ/s1600-h/diarioaveiro-escolaaquantoobrigas.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYXKOHnaXT7x49kzeUtvUozR3TbHCAJ0KCXX_PRjv4MbWKB5wuztRwpxZT5wk7hn8-eMs1s5ZMhLG7D0CjcS-9NVFL1H0FsCUK7J1arjAkKHFnKrLaPl9bbjVvJNJxkz4zdtJ/s320/diarioaveiro-escolaaquantoobrigas.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5218133484980961458" border="0" /></a><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">in Diário de Aveiro, </span>01/07/2008<br /></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-69615349618405984822008-06-26T14:14:00.004+01:002008-12-11T01:44:51.448+00:00“O Reconhecimento Parental?”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNds_0ztrYF5ECCmx-97yhGoSYXywUzgMHK7AfF3VOHCP1BH12sr6r4eU70Gryaas7nFEYsEuc_EW5cs6qwpglNuU-R2Ge_sny0I8a2gBcli_n3DNmYZDPChx6-I34ZvS_5rw_/s1600-h/reconhecimento+parental.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNds_0ztrYF5ECCmx-97yhGoSYXywUzgMHK7AfF3VOHCP1BH12sr6r4eU70Gryaas7nFEYsEuc_EW5cs6qwpglNuU-R2Ge_sny0I8a2gBcli_n3DNmYZDPChx6-I34ZvS_5rw_/s320/reconhecimento+parental.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5216180158893754930" border="0" /></a><br /><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style=""></span>Será de todo imprescindível que os objectos parentais (paterno/materno), ou os seus semelhantes significativos, não descurem na relação com os seus filhos a preservação do reconhecimento audível e visível, sem (ou quase sem) abstraccionismos comunicacionais ou subjectividades latentes, com o mínimo de distorções, deformações e ruídos perturbadores, para que a continuidade do vínculo não integre em demasia comprometimentos presentes e futuros, numa relação que se quer tão genuína quanto profunda, ao invés daquela tão falsa quanto superficial (?).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">E as verdades que se escondem por trás de uma percepção de verdade, que se pensa que se transmite, mas que no fundo o receptor não adivinha, não sabe, e pode ficar numa razoável e permanente dúvida confusional na tentativa interpretativa de compreender mensagens claramente dúbias, com entrelinhas maiores e mais valoradas que as próprias linhas, um verdadeiro caos relacional fomentado pela dispersão entre o que um pensa que diz e o que o outro pensa que ouve.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Aliado a este sistema psicotóxico relacional poderá vir a criação de um falso self relacional, se bem que é nesse falso self que reside toda a interacção relacional que passa assim a caracterizar aquela que é a verdade da relação, ou seja, o que foi criado na base da insegurança, da dúvida, da incerteza, do confuso, do disperso, do indirecto, do subjectivo, do abstracto, poderá vir a ser a forma exclusiva da relação funcionar, sendo a relação verdadeira ainda que fundamentada em princípios de inexistência ou falsidade. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Este padrão relacional de indução de dúvida permanente, pode por exemplo implicar a incapacidade do principal elemento indutor (objecto parental) em lidar com aquilo que não diz claramente, cujas motivações podem ser erroneamente (re)dirigidas ao alvo da indução (filhos) num sentido pseudo-protector de um mundo demasiado agressivo/aversivo para poder ser visto ou sentido pelos seus descendentes, quando na verdade a evasão dissociativa da realidade começa naquele que não quer que os outros a vejam ou a sintam. Normalmente, esse mundo agressivo e/ou essa realidade evadida dissociativamente é nada mais nada menos que a própria intra-realidade do objecto parental, e também a realidade externa ao objecto parental na forma como ele a percepciona. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">(A tentativa de?) Mostrar sinais sem lhes atribuir um significado, implica que o receptor o faça, mal ou bem.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 24/06/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-2690838320079760152008-06-02T18:22:00.005+01:002008-12-11T01:44:51.630+00:00«Bullying» abordado em tertúlia no Dia da Criança - Violência nas escolas «pode resultar em suicídio»<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizjbXLv6Bwb_-PFYn0Tqscfp3ZJxcItdeAR-piM1M91Fbn5Lv-7viUN82-yfgcEuEszxVTWX3TnFaF6flWtY5ZofAqfGt6mHa1vtmjaDd4Qm-N7dDS47bBA3oILvH8euqmvUYs/s1600-h/bullying+diario+de+aveiro+02_05_2008.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizjbXLv6Bwb_-PFYn0Tqscfp3ZJxcItdeAR-piM1M91Fbn5Lv-7viUN82-yfgcEuEszxVTWX3TnFaF6flWtY5ZofAqfGt6mHa1vtmjaDd4Qm-N7dDS47bBA3oILvH8euqmvUYs/s400/bullying+diario+de+aveiro+02_05_2008.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5207338257619825250" border="0" /></a><br /> <p class="MsoNormal" style="background: white none repeat scroll 0% 50%; margin-right: 0.95pt; text-align: justify; text-indent: 6.95pt; line-height: 11.75pt; -moz-background-clip: -moz-initial; -moz-background-origin: -moz-initial; -moz-background-inline-policy: -moz-initial;"> </p><br /><span style="font-size:100%;"><br /></span><p class="MsoNormal" style="background: white none repeat scroll 0% 50%; margin-right: 0.95pt; text-align: justify; text-indent: 6.95pt; line-height: 11.75pt; -moz-background-clip: -moz-initial; -moz-background-origin: -moz-initial; -moz-background-inline-policy: -moz-initial;"><span style="letter-spacing: -0.55pt;font-size:100%;color:black;" >O grupo local de Aveiro da </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >Amnistia Internacional pro</span><span style="letter-spacing: -0.8pt;font-size:100%;color:black;" >moveu, ontem, no Hotel Moli</span><span style=";font-size:100%;color:black;" >ceiro, uma tertúlia sobre <span style="letter-spacing: -0.6pt;">Bullying (violência escolar), a </span><span style="letter-spacing: -0.7pt;">propósito da comemoração do </span><span style="letter-spacing: -0.2pt;">Dia Mundial da Criança. A </span><span style="letter-spacing: -0.6pt;">intervir estiveram o psicólogo clínico João Castanheira e um </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;">representante da Associação </span><span style="letter-spacing: -0.85pt;">Consensus, que desenvolve tra</span><span style="letter-spacing: -0.7pt;">balho na área da Violência nas </span><span style="letter-spacing: -0.75pt;">Escolas e Mediação Escolar.</span><br />O Diário de Aveiro falou <span style="letter-spacing: -0.65pt;">com João Castanheira, no senti</span><span style="letter-spacing: -0.15pt;">do de saber o nível actual de </span></span><span style=";font-size:100%;color:black;" >ocorrências do fenómeno, <span style="letter-spacing: -0.85pt;">como se manifesta, e se as esco</span><span style="letter-spacing: -0.7pt;">las sabem lidar com a situação. </span><span style="letter-spacing: -0.75pt;">De acordo com este psicólogo, </span>apesar de o conceito de <span style="letter-spacing: -0.1pt;">Bullying ser relativamente </span></span><span style="letter-spacing: -0.15pt;font-size:100%;color:black;" >recente, </span><span style="letter-spacing: 0.7pt;font-size:100%;color:black;" >«já</span><span style=";font-size:100%;color:black;" > <span style="letter-spacing: -0.15pt;">existe há muito tempo; há casos muito anti</span><span style="letter-spacing: -0.65pt;">gos», defendendo que a solução </span><span style="letter-spacing: -0.3pt;">não deverá passar pela inter</span><span style="letter-spacing: -0.6pt;">venção política.</span></span><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style="letter-spacing: -0.55pt;font-size:100%;color:black;" >João Castanheira afirma que </span><span style="letter-spacing: -0.75pt;font-size:100%;color:black;" >«não se deve negligenciar a víti</span><span style="letter-spacing: -0.35pt;font-size:100%;color:black;" >ma», alertando para a impor</span><span style="letter-spacing: -0.05pt;font-size:100%;color:black;" >tância de «nos focarmos no </span><span style="letter-spacing: -0.6pt;font-size:100%;color:black;" >agressor, com uma intervenção </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >de fundo a nível terapêutico». </span><span style=";font-size:100%;color:black;" >«Eles próprios são vítimas <span style="letter-spacing: -0.6pt;">antes de serem agressores, ten</span><span style="letter-spacing: -0.5pt;">tando deixar de ser minimizados, inferiorizando os outros», </span><span style="letter-spacing: -0.3pt;">explica, acrescentando o tipo </span></span><span style="letter-spacing: -0.1pt;font-size:100%;color:black;" >de «agressor vítima, que res</span><span style="letter-spacing: -0.5pt;font-size:100%;color:black;" >ponde à agressão».</span><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style="letter-spacing: -0.55pt;font-size:100%;color:black;" >Actualmente, e de acordo com </span><span style="letter-spacing: -0.7pt;font-size:100%;color:black;" >o psicólogo, as agressões verbais e </span><span style="letter-spacing: -0.1pt;font-size:100%;color:black;" >a humilhação adquirem tanto </span><span style="letter-spacing: -0.65pt;font-size:100%;color:black;" >peso como a agressão física, sen</span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >do que a principal característica </span><span style="letter-spacing: -0.25pt;font-size:100%;color:black;" >do fenómeno se prende com o seu «carácter de permanência, </span><span style=";font-size:100%;color:black;" >que pode ter como resultado <span style="letter-spacing: -0.65pt;">extremo o suicídio».</span></span><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >Segundo João Castanheira, e </span><span style="letter-spacing: -0.5pt;font-size:100%;color:black;" >baseando-se em estudos já efec</span><span style="letter-spacing: -0.3pt;font-size:100%;color:black;" >tuados, «existem crianças com </span><span style="letter-spacing: -0.35pt;font-size:100%;color:black;" >predisposição para ser vítimas, </span><span style="letter-spacing: -0.45pt;font-size:100%;color:black;" >pelas suas próprias característi</span><span style="letter-spacing: -0.8pt;font-size:100%;color:black;" >cas», das quais destaca a fragili</span><span style=";font-size:100%;color:black;" >dade e a tendência para a <span style="letter-spacing: -0.6pt;">depressão. «Os agressores e as </span>vítimas têm características <span style="letter-spacing: -0.6pt;">muito semelhantes; têm é uma </span><span style="letter-spacing: -0.7pt;">forma completamente diferen</span><span style="letter-spacing: -0.75pt;">te de lidar com elas», revela.</span></span><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style="letter-spacing: -0.75pt;font-size:100%;color:black;" >No que respeita à sua opinião </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >sobre se as escolas sabem como </span><span style="letter-spacing: -0.65pt;font-size:100%;color:black;" >gerir o problema, João Castanhei</span><span style="letter-spacing: -0.3pt;font-size:100%;color:black;" >ra não hesita em responder que </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >não, acreditando estarem a pre</span><span style="letter-spacing: -0.35pt;font-size:100%;color:black;" >parar-se nesse sentido, «princi</span><span style="letter-spacing: -0.25pt;font-size:100%;color:black;" >palmente a nível informativo». </span><span style="letter-spacing: -0.45pt;font-size:100%;color:black;" >«É uma situação que se verifica, </span><span style="letter-spacing: -0.4pt;font-size:100%;color:black;" >sobretudo, nos recreios, onde as </span><span style="letter-spacing: -0.6pt;font-size:100%;color:black;" >crianças têm liberdade para parti</span><span style="letter-spacing: -0.2pt;font-size:100%;color:black;" >lhar uns com os outros; não há </span><span style="letter-spacing: -0.55pt;font-size:100%;color:black;" >supervisão, senão entre elas próprias». Na sua opinião, a solução </span><span style="letter-spacing: -0.45pt;font-size:100%;color:black;" >não passará pela anulação desta </span><span style="letter-spacing: -0.6pt;font-size:100%;color:black;" >socialização interpares.</span><span style="font-size:100%;"><br /></span><span style=";font-size:100%;color:black;" >De acordo com os estudos <span style="letter-spacing: -0.3pt;">mais recentes, o fenómeno está </span><span style="letter-spacing: -0.35pt;">presente por todo o país, inde</span><span style="letter-spacing: -0.3pt;">pendentemente da região, sen</span><span style="letter-spacing: -0.4pt;">do que «quanto mais <i>novas são </i></span><i><span style="letter-spacing: -0.05pt;">as </span></i><span style="letter-spacing: -0.05pt;">crianças, mais envolvidas </span><span style="letter-spacing: -0.15pt;">estão», com maior incidência </span><span style="letter-spacing: -0.35pt;">no sexo masculino.»</span></span></p><br /><div style="text-align: right;">por <em>Carla Real,<br /></em></div><div align="right"><em>in Diário de Aveiro</em>, 02/05/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-18883927595360909992008-05-29T20:09:00.005+01:002008-12-11T01:44:51.964+00:00“Por trás do corpo que avisto…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHXAb6C7c6Pg5J85uYnaitJqwgS5xiXxM2foIuXOrjhD1Ip43jwAOz_5bwteZLoQLNSExjHb9leuMdxsQd3kn7mBrdUbwi1nYQPFgbXTLAqRhdiJlunBRKGSoxtF57Z_hTS0YT/s1600-h/anoreticbody.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHXAb6C7c6Pg5J85uYnaitJqwgS5xiXxM2foIuXOrjhD1Ip43jwAOz_5bwteZLoQLNSExjHb9leuMdxsQd3kn7mBrdUbwi1nYQPFgbXTLAqRhdiJlunBRKGSoxtF57Z_hTS0YT/s320/anoreticbody.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5205880024491788034" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Silhueta recortada em folha de papel, mostram-se em linhas os contornos da pele, permitem diferir o quão imagética distorcida há nessa realidade construída, e o quanto ela serve perfeitamente para esconder ainda mais fundo uma dor tão distinta dessa que se quer fazer demonstrar através do corpo “auto-deformado”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Pode até parecer que não, a uma primeira e quem sabe segunda e terceira vista, que a dor posta no “concreto” de um corpo (não) corresponde a uma idealização qualquer, que é uma dor menor, ou melhor, é uma dor transformada, re-integrada, re-interpretada, uma bem mais suportável que aquela que realmente propulsiona, desencadeia, encadeia, o aparecimento dessas ditas perturbações do foro alimentar.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>É demasiadas vezes “mais fácil” lidar com uma perturbação que tende para o palpável, do que lidar com aquilo que já nem se sabe bem o que é, o que foi e o que irá ser. Mas, a isso acresce um problema, o problema de se tentar apenas lidar com a sintomatologia considerando que essa sintomatologia é o problema em si, quando ela é apenas um dos resultados consequentes do real nível problemático. Assim, além de se desconsiderar o problema fundamental, ainda se corrobora com a distorção problemática que a pessoa de forma inconsciente elaborou para tornar “mais fácil” a sua vida, ou será, menos difícil?</p> <div style="text-align: justify;"><span style=""><span style=""> <span style="font-size:130%;"> </span></span><span style="font-size:130%;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:100%;">Mais directamente, e para que não fiquem dúvidas, venho aqui afirmar algo que pretendo clarificar, que nem sempre as perturbações são aquilo que parecem à partida, e que muitas vezes são confundidos os sintomas com a doença, e um exemplo disso são as designadas perturbações do comportamento alimentar, que são o resultado sintomatológico de um quadro patogénico (prévio) e não a patologia em si (podendo no entanto tornar-se uma patologia em co-morbilidade com a(s) que a originou(aram)).</span><br /></span><br /></span></span><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 28/05/2008</div></div><span style=""></span>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-83201470021196059852008-05-03T10:49:00.002+01:002008-12-11T01:44:52.127+00:00“Na linha do umbigo…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdUd6Clu4d-E3xW42_r5Bi9S_S5634G9bU-w8pz7SoKmX0Fe17spHN55b3ceryrBjhI8GXH33QELSHvYbMd1R6wfac_peUeLHUzRtaEKzDKthQibMUnpMlTL0uxPRQd6CPBOpU/s1600-h/umbigo.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdUd6Clu4d-E3xW42_r5Bi9S_S5634G9bU-w8pz7SoKmX0Fe17spHN55b3ceryrBjhI8GXH33QELSHvYbMd1R6wfac_peUeLHUzRtaEKzDKthQibMUnpMlTL0uxPRQd6CPBOpU/s320/umbigo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5196088737166484834" border="0" /></a><br /><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Não parece assim tão claro que a possibilidade legível da linha divisória entre essa saúde (normalidade?) e essa doença (patologia?) seja assim tão pouco ténue e tão pouco ambivalente quanto tantas vezes a querem fazer parecer. No decurso de um qualquer dia-a-dia profissional, extasiado por um nível de experiência real mas ilusória, alguém se dá ao luxo de se basear e de se reduzir ao seu mais natural sentido pragmático no exercício do seu ofício. O discernimento de alter encorpado por toda a conjuntura da visão perceptiva, do que ela foi, do que ela é, do que ela se deseja tornar, sendo ainda essa nas três condições proferidas apenas uma mesma integral que apenas funciona mediante um elemento temporal imediato, pseudo-espontâneo e imediatamente passageiro. Onde reside afinal a dinâmica da prioridade hierárquica da importância? “Narciso…” (?)</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Com siso ou sorriso, com mais ou menos “Narciso”, a linha é sempre a mesma (?), daquele gigante maciço, o umbigo da espécie humana, aquele animal mamífero, a designada e auto proclamada “humanidade”, a regra implícita do “bem” comum, esse prol de si próprio(s) que a todos (co)move em massas repartidas e unitárias, entre auto-focalizações universais e auto-guiões idiossincráticos, juntos descobrimos que “a razão” não é razão em si mesma, que não é esse o sentido propulsor desta nossa pequena imensidão, se o sentido só sentindo se encontra… (?)</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para muitos estas letras poderão representar um enorme conjunto de portas fechadas, para tantos outros exactamente as mesmas portas abertas… Para outros ainda, as mesmas portas não passam de passagens sem esse obstáculo limitativo que abre e fecha… Para mim, todos têm razão no mesmo tempo, no mesmo contexto e com os mesmos objectos… Mas eu, não quero ter razão, mas reparem que “desejo” que encontrem a vossa… “Narciso…” (?) Porque haverão de existir portas sequer? Ou sequer razão?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Custa assim tanto admitir que “ela” na realidade não existe, existindo apenas um “sentimento de razão”? Será assim tão difícil perceber que por muito raciocínio que tenhamos não somos verdadeiramente racionais? Será que ainda não percebemos que “a razão” que podemos ter todos ao mesmo tempo sobre as mesmas coisas não se chama “razão” mas sim “emoção (ir)racional”? “Narciso…” (?)</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Serei eu movido pelas razões ou por razões emocionais?”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Narciso…” (?)</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Pelas duas’? Por nenhuma?”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Narciso…” (?)</p><br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 29/04/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-9757525919708372812008-03-27T15:13:00.002+00:002008-12-11T01:44:52.348+00:00“Já não aguento mais…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGglAwr8PcnqRODVjgxlC1MwQ7xtZWqn7arfd8poou2fd7Us1KbNjNoZfF-43dI4wrJdcPzXycsPhWIbCTT3WgwOeGXms5noP92SayjsAqCv0-lDA1O1VVQfoyDJ1p875vYfPi/s1600-h/janaoaguentomais.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGglAwr8PcnqRODVjgxlC1MwQ7xtZWqn7arfd8poou2fd7Us1KbNjNoZfF-43dI4wrJdcPzXycsPhWIbCTT3WgwOeGXms5noP92SayjsAqCv0-lDA1O1VVQfoyDJ1p875vYfPi/s320/janaoaguentomais.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5182441264477939266" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Chegou, cegou, aquele momento, em que o tempo não é tempo, em que o olho não me vê por dentro, ainda que apenas sinta esta dor sem fim…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“É certo que é um mal de amor, um mal do coração, mas já não aguento mais isto, este ter que pensar sem querer, este ter que sentir sem poder, esta ausência de controlo de mim e do que quero ser…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Tenho vergonha do que sinto, e mais ainda de sofrer, de berrar aos gritos e de chorar sem saber… Parece mesmo que ninguém ouve ou jamais poderá ter a capacidade de ouvir, talvez seja porque o que sinto nem de urros berros se possibilitará de sentir…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Não posso admitir que estou frágil, se sempre me incutiram a ser forte mesmo quando toda a casa já há muito que tombou, e assim violento o mundo que me envolve para que ele não perceba o quão fraco(a) estou, o quão fraco(a) sou… e assim, defendo-me do mundo aversivo, sentimento intrusivo, com fortes ataques de raiva e ódio de amor…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Não, não posso, nem consigo, controlar e dirigir a minha vida, se toda ela é dirigida para e pelo sentimento que um dia gostei de ter, que hoje me atormenta não o poder decapitar…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Decapitá-lo, era isso que eu mais queria… resta saber se ao outro, se ao sentimento, se a mim…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Queria… melhor, quero apenas poder passar cinco minutos sem pensar naquilo que não quero pensar, encontrar paz, desaparecer… se o sentimento vai sempre comigo, então eu vou juntamente com o sentimento… mas, para onde? Se já estou mais morto(a) que vivo(a)…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Ao mesmo tempo que desejo ter uma pistola apontada à cabeça, também me apercebo que já é assim mesmo que me sinto, encurralado(a) por um tiro que desejo dar, por uma pistola que desejo encontrar, mas que não a quero ter que sentir…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“E então? Nem morro nem vivo?”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Ou será isto que é viver?”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">“Está bem que não é possível, jamais, voltar a sentir-me como antes, tal como o mesmo poderá ser dito no futuro sobre o que sinto agora, mas não é também isso que me consola, nem é isso que me atormenta… o pior é o desejo de não desejar, porque o que desejo, e se o obter, se o concretizar, irá, ou poderá certamente piorar o que sinto… ou melhor, sinto-me assim porque quero o que ele(a) não me pode dar: um ele(a) ideal, sem defeitos nem feitios, sem dores… e desejar a ausência de dor será o mesmo que desejar não viver, porque não se vive sem sentir, e não se sente sem dor…”</p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 25/03/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-82976409668366327302008-03-14T19:53:00.001+00:002008-12-11T01:44:52.458+00:00“A Ingenuidade e a Genuinidade da Besta...”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7cnzwn5GP-yrwbBffomVnYRQevik0Dde0BcuphgKtpQ4bvyg0PMObDqxYl-M5nsUrfmuKINT0Er3Oak3JOagZbl8a-JU721t-3OLcMxfUDDq9iKVOOj8wAthlQX0mzZaPHFi/s1600-h/massacrebesta.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV7cnzwn5GP-yrwbBffomVnYRQevik0Dde0BcuphgKtpQ4bvyg0PMObDqxYl-M5nsUrfmuKINT0Er3Oak3JOagZbl8a-JU721t-3OLcMxfUDDq9iKVOOj8wAthlQX0mzZaPHFi/s320/massacrebesta.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5177689765568529426" border="0" /></a><br /><u><br /></u><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><u>Não procuro </u>encontrar no encontro das minhas palavras com a leitura das mesmas, um processo pelo qual se pretendem fazer valer ensinamentos concretos (ou sequer mesmo ensinamentos em si), de objectividade de valência transmissiva daquele tipo de conhecimento que por alguns (e pela sua potencial necessidade de minimização da incerteza e consequente ansiedade proveniente) só o é quando positivista, baseado (talvez) em modelos prévios e padronizados do que foi, do que é, e do que por eles é pretendido e desejado que a ciência seja: <u>uma ciência positiva</u>.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A aplicação da técnica científica na prática clínica psicológica é um processo que indubitavelmente está e estará associado à envolvência complexa do “domínio” da subjectividade-objectiva da “<u>técnica de aplicação</u> da própria técnica científica”: a arte da aplicação da técnica cientifica pela própria arte.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Será assim tão escuro esse negro?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não deverá ser suposto expectar ouvir respostas quando o que se faz são apenas perguntas, pelo menos as minhas respostas, pois são as vossas que a vós mais vos interessam, independentemente da qualidade auto-classificativa que nelas se sentem a sentir.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Exigir compreender? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A <u>liberdade da (para a) “Besta Primitiva”</u> é a “Sua” própria angústia de liberdade (libertação)?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Sou o que sou(?) também sendo o que sinto?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Se não há a aceitação por uns, há a compreensão dessa dimensão por outros?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não pretendo, “<u>aqui”</u>, ser científico (“positivo”), se não é essa a forma, se não é esse o caminho, se não é esse o conteúdo, se não é isso que mais preponderância valorativa tem para compreender <u>“o que sinto de ti”</u>.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Como exigir uma outra forma “que não sou”? O valor da génese genuina independentemente da sua produção final...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Adaptar, quando se pretende libertar a “Besta”?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Aceitar, a existência tantas vezes frustrante do existir das “barbaridades”?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não querer ser só a “Besta em Liberdade”, nem ser só ela na sua “Prisão”, mas não querer também que ela não exista quando é indissociável (d)a sua existência... não será querer ser mais (ou menos) do algo que (não) são?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ninguém tem a obrigação de conhecer o que de si lhe é “<u>intencionalmente desconhecido</u>”. “Não sei ser outro que não este EU total e repartido”.</p><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 12/03/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-7964160305512713452008-02-29T14:26:00.002+00:002008-12-11T01:44:52.641+00:00“Dinâmica e Repetição Relacional.”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipw1LS0LJoo3oUgxacL7M5CTEEZNeSWoTElMDcWZ5K9A-WFou8jn3D9ZMThXnA6Zb6wZe9PQAif_Z3ZQ_3XKWSUDhLY6aMCJUPzHpkDAEb3IsvKmk_-UZntKyrym9DJ17chJBi/s1600-h/repeti%C3%A7aorelacional.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipw1LS0LJoo3oUgxacL7M5CTEEZNeSWoTElMDcWZ5K9A-WFou8jn3D9ZMThXnA6Zb6wZe9PQAif_Z3ZQ_3XKWSUDhLY6aMCJUPzHpkDAEb3IsvKmk_-UZntKyrym9DJ17chJBi/s320/repeti%C3%A7aorelacional.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5172410210942412546" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando repetimos de uma forma cuja repetição existe independentemente da resposta ou situação a responder, voltamos a (pré) comportarmo-nos segundo aquele padrão cujo registo à muito está imprimido naquela nossa instância que nos designa os princípios, valores e moral. E até que ponto é nossa essa instância, no sentido da sua etiologia (primária) imprimida por outros, no sentido da ausência de real consciência e domínio, no sentido em que o nosso contributo intencional para a sua formação e disposição dinâmica actual é tão diminuto quanto é mínimo o nosso conhecimento sobre a nossa “auto-globalidade” psíquica.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O ponto de viragem: a percepção de controlo (e não o controlo em si) sobre a mudança. A hipótese de que a possibilidade de sermos detentores de contributos sérios e reais sobre o que os desígnios fatalistas em nós imprimidos pelos cuidadores primários é uma via para a nossa autonomia “pré-comportamental”: a criação de uma identidade pseudo alheia ao mundo externo primário. A alternativa ou o complemento “(auto) intra-induzido” à impossibilidade de não receber e ter que “aceitar” (naquela altura?) como nosso, aquilo que aqueles outros “objectos primários” nos atribuíram, para toda a nossa vida?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A interdependência extensível e inegável do vínculo sobrevivente, “pré-disposto” e exigente à própria natureza e condição mamífera, revela-se de forma tão “límpida” nas novas vinculações (reais ou fantasiadas), que esperamos tantas vezes que esses novos “objectos” compreendam e nos respondam da mesma forma que nos “ensinaram” a responder e a esperar respostas, ou pelo menos de formas semelhantes a essas provenientes das ligações afectivas primárias. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Quando essas expectativas são frustradas nas novas relações afectivas com esses novos objectos, podem dar-se acontecimentos internos de dinâmica conflituosa, como por exemplo, entre o que esperamos dos outros (novos objectos relacionais) e o que esperamos de nós (identidade expectável), entre o que os outros primários (os cuidadores “primitivos”) esperam de nós e aquilo em que nos tornámos (identidade dinâmica actual), entre o que de facto adaptamos à nova realidade relacional e o que repetimos de relacionamentos anteriores, entre o que a nossa percepção nos permite visualizar em termos de proximidade ao “eu real” do “eu ideal” e a sua inter-relação com a percepção do objecto “pseudo-externo”, entre outros.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">No entanto, é necessário destacar que a existência de conflitos internos é condição indispensável à mudança psíquica, o que não significa de todo que todos eles sejam fundamentais ao salutar “desenvolvimento” pessoal de cada indivíduo. Ou seja, apesar dos conflitos serem necessários para que ocorram mudanças, nem sempre as mudanças que ocorrem são desejáveis e/ou agradáveis, e, nem sempre os conflitos têm resoluções pacíficas ou mesmo resoluções de todo. A própria não resolução conflitual implica mudança, a mudança é de carácter contínuo e permanente, tal como a existência de conflitos, tal como a própria existência (que é sempre relacional?). </p><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 26/02/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-70177197538101287502008-02-14T22:03:00.001+00:002008-12-11T01:44:52.779+00:00“O mundo das possibilidades infinito-limitadas…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIJH_WhQorAvAUr1MfosfCeezw3tYZY_G4aLdGU8AfORWzxGbhZEQudMyqArDuq8S2AHvn0ZYeWgCz_1LthVT5qOl4h84reb1Oi9RUaFnqX0KLSc8VJhc3ptDd30WRvojp3qER/s1600-h/planetaX.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIJH_WhQorAvAUr1MfosfCeezw3tYZY_G4aLdGU8AfORWzxGbhZEQudMyqArDuq8S2AHvn0ZYeWgCz_1LthVT5qOl4h84reb1Oi9RUaFnqX0KLSc8VJhc3ptDd30WRvojp3qER/s320/planetaX.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5166960282927469698" border="0" /></a><br /> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A “pseudo-auto-impossibilitação” da visualização de expectativas de materialização futura de alternativas ao padrão circundante, vicioso e viciante, tantas vezes fruto repetido época após época de colheita, alimento relacional restrito e restritivo, vindo da semente de sempre, cuidado por essa gente, que lhe espera o fruto maduro… e se o fruto não chega?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Sem divagações, todas elas necessárias à prescrição de outras tantas mais que acções, todas elas imposto clivado pelo servo desenfreado da jaula materna…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“O que não vejo para mim, não o conseguirei alcançar (?) …”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Fatalismo, ora entorpecido ora vivo, da visão turva ou mais ou menos “hiper-focalizada”, “para ver o que vejo agora, outras tantas coisas a minha visão me impede de ver…”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A redução realista (?) à “auto-limitação natural”…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não, não será também só noutro mundo que as possibilidades (alternativas) poderão ser infinitas, se elas forem congruentes com a “verdade” de elas próprias serem um pouco das duas coisas (e mais duma que doutra dependendo das “situações”?): a percepção não clivada, onde a aceitação do significado da existência simultânea do limitado e do infinito, produz mais que um mero sentido mental impraticável. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Entre ter-se acesso a essa informação, quase consciente e tanto mais pertencente ao outro que a envolve (o inconsciente), e a incapacidade natural de controlo real da mesma, existe um conjunto de ditames que poderiam perfeitamente pesar para um dos lados do “objecto” clivado (como se só dois lados ou dimensões existissem? … ou serão todos eles o mesmo, um só?). Ou seja, o elemento “pré-teórico” apesar de ter um maior peso real tem um menor peso percebido (?) …</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O que é notório é que na prática a dimensão “teórica” é tantas vezes “auto-realçada” como a mais influente em todo o processo vital, quando ela está sobredimensionada, sendo subjugada à que verdadeiramente é detentora do poder vital de acção e de “inacção”. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Já para não falar falando, da dinâmica incontornável, incontrolável, imparável, que é a própria existência da dinâmica em si, em tudo, em todos, e sob todas as formas e perspectivas e não “pseudo-perspectivas”… Eu sei (?), mais um reducionismo clivado pela perspectiva “teórica”, uma “pseudo-perspectiva”?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Já que é tantas vezes forçoso que se clive para decidir em função da acção ou fantasia de acção, pelo menos que se clive pela forma que nos dá mais jeito, cujo proveito seja o mais benéfico para nós, dentro do que de salutar de nós esperamos (e/ou do que esperam de nós?). </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>No fundo o mundo das possibilidades é limitado pelas decisões que tomamos (no campo da tomada de decisão), ao escolhermos uma deixamos que outra se torne possível, e deterioramos a possibilidade de outras serem sequer hipóteses.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Antes de decidir, são limitadas pelo infinito e pela conjuntura das condições limitativas do próprio e do meio, e ainda pela percepção dessa limitações, e também pela focalização num dos lados… esperem, eu não disse que não havia lados?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ou então, redundância atrás de outra, vim parar ao mesmo sítio em que estava no princípio: “o mundo das possibilidades infinito-limitadas”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Porquê procurar o equilíbrio se o desequilíbrio também é homeostase?</p><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 12/02/2008</div><div style="text-align: right;"> </div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-10908092412706369062008-01-31T22:42:00.000+00:002008-12-11T01:44:53.149+00:00“Procuro iluminar-me no escuro, quando já nem a luz consigo desejar… (outra vida?)”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUGlDn-hk6EtqEV5HKMKSKIgmcak1OWyld-xZXVbgyC8Gz41Q3N17ne1GEDr3HXKbDxZQRdQ2Q8hNBVjc72RWq6HV8ORG8UjsIlbkJFkGhSwBeyBVuIZyAPY9UNvXZvMl48KVU/s1600-h/velaescuro.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUGlDn-hk6EtqEV5HKMKSKIgmcak1OWyld-xZXVbgyC8Gz41Q3N17ne1GEDr3HXKbDxZQRdQ2Q8hNBVjc72RWq6HV8ORG8UjsIlbkJFkGhSwBeyBVuIZyAPY9UNvXZvMl48KVU/s320/velaescuro.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5161777612210711154" border="0" /></a><br /> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não haverá muito tempo para discussões quando a emergência suplanta a dúvida razoável, a limitação que já existia torna-se escandalosamente maior, de um segundo para o outro, entre a vida em pleno sofrimento do segundo anterior e a expectativa do seu desaparecimento total e aniquilante no segundo que se segue…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Que sofrimento é esse não mensurável que ao mesmo tempo sugere ser dimensionado de intolerável, insuportável, incontornável, incompreensível, cuja solução aponta para hipóteses de finitude infinita, onde as ditas alternativas também infinitas não conseguem atrair nem o sentimento, nem o pensamento, nem o desejo de acção inactiva, do ser que não deseja “mais” do que a própria vida que deseja e que não consegue visualizar esse desejo (nesse momento)… Desejar a morte, não é desejar morrer, é desejar (continuar?) a vida de uma outra forma que não aquela que o fez desejar morrer (ou retirar-se daquela vida)… </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">(Um) (d)O(s) problema(s) está muitas vezes na incapacidade momentânea de desejar, expectar, imaginar, visualizar uma vida que não faça desejar àquele ser a sua própria morte: a incapacidade de sonhar ou a fixação no pesadelo(?).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A solução final, “(col)matante”, culminante, quando pretende ser a luz para iluminar a solidão, será o resultado mais escuro que a própria escuridão(?), como matar a solidão com o totalitarismo representativo da própria imensidão humanamente inatingível que ela representa? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Pois não… Não tem que fazer sentido, se o poder impulsivo estiver imbuído de expectativas de conclusão, de um final, qualquer que ele seja, um que seja “apenas” melhor que o sentimento do “segundo anterior”, nem que para isso o “segundo seguinte” seja a inexistência do ser… </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mas isso, não pode deixar de ser uma realidade enviusada, reducionista, nem diria propriamente distorcida, diria mais incompleta, aquela visão que não se dispõe a ver mais do que aquilo que a própria visão nem vê… De facto, querer morrer pela morte, não será “apenas” querer outra vida?</p><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 29/01/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-27575293698358878862008-01-18T15:04:00.000+00:002008-12-11T01:44:53.272+00:00“Esperança…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgueHDLZVOXe38e8tt8CZqEZP13hyphenhyphenAVXiIHYxtc6TnrPIP3LvH-WDoFiy5pheTD8K5SVp-zkJUNvgOggC3PqXsrR7QlU4L95OaciWz6k0uCcZuwHpIl1yyIxWY2WkPi5HybPqIg/s1600-h/esperan%C3%A7a.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgueHDLZVOXe38e8tt8CZqEZP13hyphenhyphenAVXiIHYxtc6TnrPIP3LvH-WDoFiy5pheTD8K5SVp-zkJUNvgOggC3PqXsrR7QlU4L95OaciWz6k0uCcZuwHpIl1yyIxWY2WkPi5HybPqIg/s320/esperan%C3%A7a.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5156836021662669954" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tenho tido algum <i>feed-back</i> de algumas das minhas crónicas, de pessoas reais, com problemas compatíveis com os descritos, pessoas que se revêem e que <i>choram</i> pela sua condição. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Quero dizer aqui, publicamente, a essas pessoas, e àquelas outras que não se revelam, mas que de formas semelhantes têm vindo a sentir as palavras que vou escrevendo por aqui, que o conjunto das minhas intencionalidades é em grande parte a elas dirigido. Isto é, a pretensão não é de modo algum desregular, desmotivar, descaracterizar, <i>des-qualquer-coisa</i>, mas sim ir demonstrando, à imagem das suas idiossincráticas interpretações das minhas palavras, que não estão assim tão sós nas batalhas interiores (e outras) que possam estar agora a travar, que muitas vezes (não todas) só através do contacto com a sua própria realidade é que possivelmente poderão adquirir posteriormente a esperança para a resolução ou amenização patológica (se não confrontarem a existência de um problema como o vão solucionar?), que é possível (embora muitas vezes com enorme custo pessoal) que o lado vencedor no final da guerra sejam vocês e não a doença (quando ela existe)…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Estas palavras de hoje, não pretendem ser meros adereços ou pendericalhos sem sentido, mas também não têm a intenção de ser mais do que vocês lhes possam<span style=""> </span>significar. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A virtude e riqueza das vossas palavras (significados) não está no Português em si, está na vossa implementação dos conceitos que lhes atribuem: o que significa para vocês “esperança”?</p><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 15/01/2008</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-18967005665006613172007-12-20T12:44:00.000+00:002008-12-11T01:44:53.672+00:00Boas Festas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOabOTlaCZ_3fOozDODfcwbWaS8gknddyj7_uiQAxqod-t-8ViLCuvrBEcHWSGlBAQjSBAtNinWjVl0JXbZ05rwHdoFQ21Eo9ujWdH9on_cDNsmCu1OcLzhpOp9N8MzBGzgQQb/s1600-h/feliznatal.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOabOTlaCZ_3fOozDODfcwbWaS8gknddyj7_uiQAxqod-t-8ViLCuvrBEcHWSGlBAQjSBAtNinWjVl0JXbZ05rwHdoFQ21Eo9ujWdH9on_cDNsmCu1OcLzhpOp9N8MzBGzgQQb/s320/feliznatal.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5146036669994261618" border="0" /></a><br />Desejo a todos um FELIZ NATAL e um BOM ANO NOVO!<br /><br />Tudo de bom,<br /><span style="font-style: italic;">João Castanheira</span>.João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-58125986914075884192007-12-11T23:05:00.000+00:002008-12-11T01:44:53.942+00:00“Ainda não...”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiprGOk8oCmt9EKUTAvO8vgGR7ue3jcrSV9WEL1WKqtMGNmuXmcR-GJoJzUtSs8VWnXPmge5lfGnRCdzdCXasUCbgFjFC2QHt2yZo3qSCpMiYoLIFRMF7kdkPEZQn8YtuVK9UDZ/s1600-h/women_cryteareye.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiprGOk8oCmt9EKUTAvO8vgGR7ue3jcrSV9WEL1WKqtMGNmuXmcR-GJoJzUtSs8VWnXPmge5lfGnRCdzdCXasUCbgFjFC2QHt2yZo3qSCpMiYoLIFRMF7kdkPEZQn8YtuVK9UDZ/s320/women_cryteareye.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5142857915036474722" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"> <p class="MsoNormal">…(mais) um pequeno relato <i>arredondado</i> à confidencialidade assertiva…</p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">“Ainda não foi desta que tudo se tornou mais claro e límpido na minha cabeça, por muito que tivesse anteriormente tentado fazer com que a minha vida não dependesse desse passado que me atormenta, parece-me cada vez mais obscura essa perseguição de mim para mim…” </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Cada vez mais acredito que não é o melhor caminho aquele em que dou passos de esquecimento infrutífero, e o pior é que na outra estrada, aquela que me dita uma realidade integrada, uma realidade que continuo a desejar não ter existido, aquela que é a que se parece cada vez mais verdadeira, é também a que me impede de prosseguir para uma outra que embora seja a mesma que a primeira, não me parece de todo poder ser compatível na minha atormentada cabeça…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Ainda me custa muito sequer poder pensar em aceitar, e dizê-lo em voz alta, o que me aconteceu… tenho medo do que possa acontecer, do que possa vir a voltar a fazer se o admitir…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Se ao menos fosse possível esquecer e pronto…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Acha que é possível que tenha andado todos estes anos a omitir de mim o que aconteceu?”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Eu até a mim minto…”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Quanto mais me sinto perto de conseguir me encontrar, mais me dói por todos os lados, menos me dá vontade de me mexer… continuo a achar que mesmo que grite como gritei ninguém me vai ouvir, ninguém me vai salvar… naquele dia… como foi possível deixarem que aquilo me acontecesse?... e pior, como foi possível deixarem que acontecesse mais que uma vez?...”</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>“Ainda não consigo confiar nas pessoas… e ainda não sei se algum dia vou sequer perceber o que isso pode vir a significar…”</p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 04/12/2007</div></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-63739700414565459402007-11-23T14:30:00.000+00:002008-12-11T01:44:54.232+00:00“Preguiçoso ou Depressivo?”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLwkHWjvZfWgklUKFN4gbN8x_aEBdG3F8mbUm48DHBX1JjpCJW1UDxEShyphenhyphenKOxjdJjWQzWK8Osyy8KFxsjI9mL9YRtookBUmExO5KUW5am0woVWeUV6mTR3BFFyckGGI_ZMjlei/s1600-h/JCflyer_so+imagem.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5136044705438176578" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLwkHWjvZfWgklUKFN4gbN8x_aEBdG3F8mbUm48DHBX1JjpCJW1UDxEShyphenhyphenKOxjdJjWQzWK8Osyy8KFxsjI9mL9YRtookBUmExO5KUW5am0woVWeUV6mTR3BFFyckGGI_ZMjlei/s320/JCflyer_so+imagem.JPG" border="0" /></a><br /><div align="justify">Há muitas pessoas que costumam ser classificadas como preguiçosas ou mandrionas, e que para entrarem para essa classificação (entendida na maior parte das vezes como perjurativa) basta que por exemplo sejam pouco dadas ao labor ou gostem de dormir um bom bocado.<br />Ao contrário de certas dimensões e conceitos, parece-me notório que as diferenças entre as características da patologia depressiva que se assemelham às características do rotulado “preguiçoso” são suficientemente divergentes para se entender de forma pouco ambivalente o que é que é o quê. Isso de facto não impede, nem tem impedido, de tantas vezes serem (con)fundidas uma com a outra, ou seja, na maior parte das vezes categorizam-se as pessoas como preguiçosas (quer hajam indicadores de uma ou outra situação) e só depois numa análise mais aprofundada se remete essa <em>preguiça</em> para o sintoma depressivo, se for esse o caso.<br />(É claro que quando especificado a grupos etários a confusão pode e é normalmente maior nas crianças, até porque é também nessas idades mais difícil e confuso o próprio diagnóstico depressivo, ou pelo menos é um diagnóstico que se rege, não só mas também, por sintomatologia bem diferente da mesma patologia em adultos.)<br />Ora, um bom exemplo das diferenças significativas que entre os dois conceitos existem reside no apetite pela realização de tarefas. “Não me apetece fazer nada” é exactamente o mesmo que dizer anedonia (sintoma depressivo?) sendo radicalmente diferente de dizer apenas “não me apetece nada ir trabalhar”. Isto é, neste campo, as diferenças demonstram ser claras, na depressão as pessoas por norma perdem o interesse pela grande maioria das suas actividades mesmo aquelas que são (ou eram) prazerosas, enquanto que no dito preguiçoso não há uma verdadeira perda de interesse, a pessoa simplesmente não lhe apetece fazer alguma coisa que por exemplo tem em expectativa ser muito custosa, não deixando de ter vontade de fazer outras coisas como são por exemplo as suas actividades predilectas e/ ou prazerosas.<br />Isso também não quer dizer que uma vez ou outra toda a gente tenha vontade de preguiçar, mas o que aqui se está a falar inclui uma componente de permanência temporal, ou seja, quer o depressivo, quer o preguiçoso, para o serem têm que permanecer no tempo. Ninguém deve ou pode ser considerado depressivo ou preguiçoso com base num único dia de vida.<br />Ao contrário do que o título poderia querer sugerir, não é minha pretensão concluir e citar todos os ditames que unem e separam estes conceitos, afim de querer responder a tal questão na sua plenitude. Antes disso, quero apenas alertar para a quantidade de vezes que <strong>todos nós</strong> fazemos uma coisa muito simples: diagnosticamos causalidades uma vez (normalmente a primeira) e regulamo-nos por essas conclusões que julgamos verdadeiras e devidamente fundamentadas, até que dificilmente algo e/ ou alguém nos convença que afinal não é bem assim. Isso tudo para pelo menos nos libertarmos da ansiedade provocada pelo desconhecimento: mais vale atribuir àquilo uma causa <em>estúpida</em> do que não atribuir causa nenhuma.</div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 20/11/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-67324529004006129122007-11-09T16:14:00.000+00:002008-12-11T01:44:54.363+00:00“Projecção (d)e Carências Afectivas – Alimentação Simbólica – II” (continuação)<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrvVq0DPmRX7xPlwscBfVhyW17omv6vPnVWQC3d2XSqI6GeGi-xhDz8xr51VjEyu1NtPssfsNCyfmxT0aaG3tKvm74NUy4776KMiFtGFU7PmEN9NpgCxCDP2U_4yrMtnWpTEJ/s1600-h/fome.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130879572862092018" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrvVq0DPmRX7xPlwscBfVhyW17omv6vPnVWQC3d2XSqI6GeGi-xhDz8xr51VjEyu1NtPssfsNCyfmxT0aaG3tKvm74NUy4776KMiFtGFU7PmEN9NpgCxCDP2U_4yrMtnWpTEJ/s320/fome.jpg" border="0" /></a> Na última crónica ficou no ar a questão: “Será mais fácil comer o que não queremos (só para não percebermos que não temos o que queríamos comer?) do que sofrer com a ausência dessa comida desejada?”.<br /><br />De facto, num momento inicial e imediatista parece natural que mais vale comer do que ter fome, mas e se a questão não tiver relacionamento com a fome, mas sim com o desejo por certa comida específica? Ou pior, se o que comemos não mata essa fome e ao invés ainda a salienta mais? Ou seja, pode até existir fome numa determinada pessoa, mas isso não significa que essa pessoa não tenha acesso a comida em quantidade suficiente que lhe permita saciá-la, e não significa também que a principal problemática esteja relacionada com a fome que essa pessoa sente, mas sim com a incapacidade, de origem diversa, em fazer com que essa fome seja satisfeita: a fome por comida específica.<br />Poderiam então vocês dizer que isso não é fome! E num contexto não metafórico até teria razão de ser essa pertinente refutação… Mas, afinal, o que é esta fome metafórica (?), senão uma forma explícita (ou implícita?) de carência (ou falta de…) daquilo que sentimos ser necessário para nós (mesmo que não nos apercebamos do que é que temos fome). Não é aquilo que queremos, nem o que gostaríamos de obter, mas sim aquilo que sentimos querer, o que sentimos desejar, o que sentimos que sem isso algo não vai bem dentro de nós e não vai ficar bem enquanto não o conseguirmos alcançar.<br />E, se não conseguimos alcançar aquilo que realmente sentimos ser do nosso desejo, muitas vezes tentamos satisfazer por proximidade, isto é, algo que nos traga satisfação parecida ou semelhante à satisfação que expectamos obter quando alcançássemos aquilo que sentimos desejar num primeiro plano.<br />Este tipo de transferência ou (re)direccionamento alimentar (afectivo), pode trazer diversos tipos de consequências que não têm que ter um carácter necessariamente negativo ou positivo, mas objectivamente não revela os mesmos tipos de resultados ao nível da satisfação das reais necessidades que estão por trás do próprio desejo (primário). Ou seja, a substituição do alvo afectivo por transferência de conveniência, pode traduzir-se pela incapacidade do sujeito, perante ele próprio e o seu meio, em alcançar o alimento que seria apropriado ao seu desejo alimentar. Se se substituir sempre, a capacidade de suportar a frustração pode estar contaminada, se nunca se substituir pode a capacidade de adaptação estar comprometida… Tal como as motivações que levam à substituição, poderão ser bons preditores do bom ou mau funcionamento alimentar (afectivo) do sujeito.<br /><br />A metáfora da alimentação (alimentação simbólica) tem capacidade e competências atributivas a problemáticas tão diversas como por exemplo desde as adições patológicas, aos distúrbios do comportamento alimentar enquanto sintomatologia patológica secundária, às próprias patologias primárias. Basta substituir os termos metafóricos por termos apropriados aos phatos de etiologia predominantemente afectiva.<br /><br />Onde está afinal a origem da fome?<br />Na falta da comida?<br />Na falta do auto e/ou hetero esclarecimento sobre qual a comida apropriada para a sua satisfação?<br />Na incapacidade em procurar a comida apropriada?<br />Na incapacidade em obter os recursos necessários para a obter?<br />Na incapacidade de resposta dos recursos disponíveis no meio?<br />Na incapacidade em perceber que se tem fome?<br />Na incapacidade em se reconhecer e se aceitar que se a tem?<br />Na incapacidade de comer?<br /><br />As questões assertivas sobre a etiologia da fome serão sempre mais do que estas, que à fome de cada um se façam as perguntas apropriadas…<br /><br />E você? Tem fome?<br /></div><div align="justify"></div><br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 07/11/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-47609667881046273272007-10-29T13:19:00.000+00:002008-12-11T01:44:54.645+00:00“Projecção (d)e Carências Afectivas – Alimentação Simbólica”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSGOX_rBT9APVfzd3NwVFgOuhGph-0bjsTLppL-RpiZaQOnNfYkXsuoQBKPdTnMEBdUnf5mDlhpyoYVzOtLNz4tN-nV_MEXZ_g2vQSIj50HWkz_VoZ2GIXtwos_bWUOTkYQpud/s1600-h/cake.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5126749749952048354" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSGOX_rBT9APVfzd3NwVFgOuhGph-0bjsTLppL-RpiZaQOnNfYkXsuoQBKPdTnMEBdUnf5mDlhpyoYVzOtLNz4tN-nV_MEXZ_g2vQSIj50HWkz_VoZ2GIXtwos_bWUOTkYQpud/s320/cake.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Redireccionamento do alvo afectivo (?), do <em>objecto</em> primário do nosso desejo para o <em>objecto</em> secundário do que está ao nosso alcance…<br /><br />Ter fome e fartura… (Tentativa) de saciação da necessidade primária (fome) através da hiper-ingestão desmedida, desproporcionada e (des)direccionada (fartura) que não tem a capacidade nem a competência para a saciar…<br />Se o que faz falta naquela mesa é o pão, não será então a carne que o poderá substituir, mas poderá ser ela a quem será (re)dirigido o desejo primário de comer pão. Esse desejo de comer pão não será satisfeito verdadeiramente, mas será pseudo- substituído por um outro desejo que não existia à partida, e que poderia não vir a existir se esse desejo primário tivesse sido satisfeito de verdade, ou mesmo se esse desejo tivesse tido a oportunidade de ter sido frustrado…<br /><br />Será mais fácil comer o que não queremos (só para não percebermos que não temos o que queríamos comer?) do que sofrer com a ausência dessa comida desejada?<br /></div><br /><div align="right"><em>(continua…)</em></div><br /><div align="right"><em></em></div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 23/10/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-55658980958848142112007-10-14T19:45:00.000+01:002008-12-11T01:44:54.856+00:00“Fugas por portas abertas.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR5QPduSL7ow646mfb2mpOhpfLbyMLYYI6ovvVt0L2jFbrC8loVJPqY3V236gOF1sZfB5NNeXmKU19lBzhFuAndFPAvGZYJVFX_WZsdKDU-n2w4uebHlW72mQBEmPBNXZ3MxRI/s1600-h/portasabertas.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5121267325274695410" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR5QPduSL7ow646mfb2mpOhpfLbyMLYYI6ovvVt0L2jFbrC8loVJPqY3V236gOF1sZfB5NNeXmKU19lBzhFuAndFPAvGZYJVFX_WZsdKDU-n2w4uebHlW72mQBEmPBNXZ3MxRI/s320/portasabertas.gif" border="0" /></a><br /><div align="justify">Quantas vezes deixamos passar ao lado, ou mesmo ao longe, um sorriso que poderia ter estado tão perto e não esteve sequer ao nosso alcance devido à nossa indisponibilidade para naquele momento sorrir? Se o nosso desejo era ter sorrido então o que nos impediu de o fazer?<br />Se a dado momento ou contínuo da nossa vida (por exemplo infância) não nos foi satisfeita a nossa necessidade afectiva ou nos foi continuamente frustrada, ou ainda, nos foi retirada a possibilidade de responder de forma natural e adequada àquilo que seria esperado que respondêssemos (exemplo: estar a chorar por motivos “válidos” e ser-nos pedido para parar de forma agressiva e injustificada sempre que isso acontece, ou vice-versa), então poderiam estar criadas as condições para o desenvolvimento de carências afectivas imbuídas numa possível criação de comportamento padronizado que tende a prolongar essa própria carência e a projectá-la no futuro.<br />Se a necessidade de satisfação afectiva não é concretizada de forma contínua o mais natural é que esse buraco colossal (vazio) tenha tendência a ser preenchido de alguma forma, de qualquer forma, e muitas vezes a qualquer custo. Um exemplo disso é o que acontece quando pessoas canalizam a sua necessidade de satisfação afectiva (<em>sorriso</em>) para a aquisição de bens materiais, de forma a compensar esse vazio. Numa tentativa de preenchê-lo de qualquer forma chegam mesmo a comprar de forma desmedida e a endividarem-se, não porque precisam, não porque a sociedade e o capitalismo pressiona, mas sim porque necessitam de afecto, necessitam de sorrir…<br /><br />Quando o vazio se torna insuportável, ou se acaba com o vazio vivendo, ou se acaba com o vazio e com tudo o resto.<br /><br />Parece-me claro a mim próprio que estas minhas palavras tão direccionadas são altamente redutoras de uma realidade que conta com muito mais do que isto, e cuja etiologia multi-factorial não está sequer aqui contemplada, mas parece-me ainda mais límpido que quem sente esse dito <em>vazio de sorrir</em> não tem sequer (por norma) o discernimento perceptivo para que se possa auto-conduzir ao caminho do preenchimento adequado, isto porque muitas das vezes esse preenchimento é feito ou no sentido inverso (morte) ou de forma descontrolada.<br />Essa descontrolada é referente às conhecidas crises psicóticas (como se podem considerar por exemplo os episódios maníacos), nas quais o indivíduo se rege por linguagem própria do inconsciente: os símbolos… <em>Se comprar é igual a sorrir, então vou comprar custe o que custar…</em> É quase como se obedecesse a si próprio (às pulsões) sem a capacidade de perceber que o que está a fazer terá consequências para além da satisfação imediata das suas necessidades afectivas… e, essas consequências são na maior parte das vezes graves, ou muito graves (e de forma nenhuma só ao nível financeiro).<br />Para que se entenda, andar (des)controlado por alguns ditames do inconsciente (<em>fugas por portas abertas</em>) sem que eles sejam regulados pelo valor e moral do subconsciente (imprimido) pode ser o mesmo que perder parte da dita consciência em prol do crescimento prático e final do determinismo real proveniente das pulsões primárias… Isto permite que alguém que teve por exemplo um episódio maníaco possa dizer: “Não era eu, eu não percebia o que estava a fazer! Fazia e pronto! Não me interessava quanto é que custava, eu queria e comprava… se fosse hoje nunca o teria feito, agora tenho vergonha do que fiz…”. A vergonha referida é em grande medida a parte da dita consciência que foi regulada pelos valores prévios (subconsciente) e que permitem ter ou não ter aquele comportamento, ou seja, a pulsão para a satisfação das necessidades afectivas canalizadas para por exemplo comprar bens materiais, quando regulada pela entidade intrapsíquica intermediária faz com que aquele comportamento não se materialize (naquela pessoa, e com aquele tipo de valores).<br /><br />Será caso para dizer (?): “O sorriso do meu desejo… se o que eu desejo é sorrir.”<br /></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 09/10/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-82242754863133395822007-09-27T15:19:00.000+01:002008-12-11T01:44:54.986+00:00“Raios...”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7Vp0lYFo36jHTgJruMM7h0ncpVjxpWxgkiuv8vdNkKEYM6GspDP-Euq-umPkJoPwXNpeU1d2FWe_gGZYV8bN7GpBk-Ya2kgv3LhBexMrefQUyAmL-9wWu2J2q2N18LAmnKTK1/s1600-h/raio.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5114890249662120002" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7Vp0lYFo36jHTgJruMM7h0ncpVjxpWxgkiuv8vdNkKEYM6GspDP-Euq-umPkJoPwXNpeU1d2FWe_gGZYV8bN7GpBk-Ya2kgv3LhBexMrefQUyAmL-9wWu2J2q2N18LAmnKTK1/s320/raio.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Trovões de influência mediática incutida e recepcionada como entretenimento, sem sentido de que direcção se faz guiar e não se guia, factores de impotência imponderada e ofensiva, de desintegração pela totalidade perdida por vias em que a oportunidade se lhes fez chegar, o que ela nos faz à nossa capacidade de a integrar, de ver sem a olhar, de ouvir sem cheirar, de sentir sem materializar, virtualidades imundas de ditos dignos prazeres em escalas de moral apegadas ao ascendente padrão global, essa, e também a outra, aquela que nos faz fundamentar elaboradas teorias sobre uma realidade que no fundo e no topo não passa de uma desconhecida…<br />A probabilidade de um raio atingir um animal qualquer, é baixa, muito baixa, mas ninguém sabe bem quanto ao certo, mais certo é saber-se que já algum raio algum animal atingiu (?).<br />O mais e melhor, é (isso) ser normal, isto é, o mais frequente pela curva de <em>Gauss</em>… O que significa pelo menos exactamente isso, que o mais normal pode significar também o mais aberrante se dessa perspectiva se puder e quiser olhar (!).<br />Digo, apologismos contrários à possibilidade mais adequada à nossa pequena realidade humana, ou seja, apregoo a hipótese de <em>trabalharmos</em> no sentido de aumentarmos a nossa capacidade de (re)conhecimento consciente face ao desconhecimento natural de nós e do mundo externo… Não! Digo isso nesse sentido, mas num contexto que não engloba essa natural (in)capacidade! Basicamente, obscuridade sempre que não há um raio de luz que nos permita um visualização metafórica das cores que a realidade externa nos apresenta…<br />Essa que vem de fora, que não deixa (depois) de fazer parte da nossa interna…<br /><em>Raisparta… novesforanada</em>… É (ou em principio poderá ser?) bem mais fácil aceitar e lidar com uma informação <em>errada</em> do que viver a permanente incerteza de não saber, e tudo o que isso implica…<br />As implicações ao nível das consequências dessa aceitação inconsciente não são nem têm que ser ou ter um carácter necessariamente perjurativo, desde que isso ao invés de prejudicar beneficie as pessoas que disso usufruem. Não se deve (pode?) é querer que hajam conceitos na sua plenitude, ou que na sua totalidade interpretativa não se verifiquem infinitas hipóteses alternativas de resposta.<br />Um raio poderá beneficiar nalguns campos em prejuízo de tantos outros e vice-versa, mas o real benefício será em função dos <em>objectivos</em> (?) do beneficiado, mesmo que disso ele não se aperceba ou que disso pense estar consciente. </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 25/09/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-9930932317644976852007-09-13T15:35:00.000+01:002008-12-11T01:44:55.186+00:00“Aleatoriamente?”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8c0kVxXtzxngIw4O50upR_Xhm-k5j3AzUuZDBSv6JV7lOSCGSkaf9pvcNDkKr8uKySIcPa32I_Q-TGnki6se-a6ssm2JnNpWghcuzffI7pUUpzY1R0K9HLgcUFcPcoNNzi9WW/s1600-h/sala_verde.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5109700349031107506" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8c0kVxXtzxngIw4O50upR_Xhm-k5j3AzUuZDBSv6JV7lOSCGSkaf9pvcNDkKr8uKySIcPa32I_Q-TGnki6se-a6ssm2JnNpWghcuzffI7pUUpzY1R0K9HLgcUFcPcoNNzi9WW/s320/sala_verde.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">“Não objectivo que entendam (se sentirem já é muito bom) quão pretensioso és quando te <em>auto-iluminas</em> em sentidos que não almejas que os outros possam alcançar, e te fechas nesse teu mundo tão só, só teu…”<br />“Aleatoriamente há histórias que não chegam ao fim, onde nem de sono me desperto, onde nem de som me alerto, essas palavras que não distingo ouvir…”<br />“Não me reconheço nesse passado em que dizem ter visto essa pessoa que com o meu corpo fez isso ao meu e aos vossos corpos… Não é possível que <em>EU</em> tenha feito isso… e não, não estou a negar por causa das culpas e das consequências que isso me pode trazer, <em>EU</em>, não me lembro, eu não vivi isso que vocês dizem que vivi.”<br /><br />Materialização da transformação do fantasmático em realidade congruente com o ficcionado psicótico (?).<br /><br />Aleatoriamente nada é casual, é (pode ser?) causal determinante. Absolutismo tremendo, reduccionismo excessivo.<br /><br />Não se trata de <em>borderline</em> (estado limite ou limítrofe), nem tão pouco pré-psicose, se o resultado é a integração de uma nova consciência de si perante o mundo e de si perante si próprio, após um surto de domínio inconsciente do <em>comportamento final</em>, um estado dissociativo da realidade externa (de alguma?), onde a que prevalece, a única que vislumbra é aquela em que nem ele próprio consegue discernir, pois a aniquilação da consciência de si não lhe permite ter acesso a essa parte do seu <em>EU</em>, aquela que nos permite (auto) situarmo-nos em nós e no mundo.<br /><br /><em>Pós-psicose</em>?<br /><br />Psicose próxima da realidade (…) de um <em>EU</em> cuja integração se sustenta nos padrões de moral e valor que alguém um dia <em>desejou</em> (e conseguiu) imprimir nesse subconsciente, para que ele fosse suficientemente forte ao ponto desse <em>EU</em> se regular por esses ditames. Depois de isso não ter acontecido dessa forma, integrada, o mais certo e mais viável para a <em>homeostase intrapsíquica </em>é que esse <em>EU</em> se dissocie desse desvio enorme ao padrão que o regula de forma automática, automatizada e ainda tão mais inconsciente que discernível.<br /><br />“Eu não sou assim, não fui <em>EU</em> que fiz isso!”<br /><br />O mesmo que referir que a <em>auto-imagem</em> da identidade do seu <em>EU</em> é incompatível com o acto consumado ao qual esse <em>EU</em> não se <em>auto-identifica</em>, o que permite bloquear esse acontecimento como pertencente à sua <em>auto-realidade</em>, fazendo com que o <em>EU </em>se dissocie e desintegre (“esqueça” ou não se permita “lembrar”) que <em>isso</em> de facto aconteceu.<br /><br />Poderia ser, e bem, questionada a possibilidade <em>factícia</em> ao invés da <em>psicótico-dissociativa</em>, mas o historial clínico (obviamente omitido) é demasiado vasto e extenso no tempo para que alguém actuasse durante toda uma vida sem que essa própria actuação não fosse a sua própria <em>verdade</em>.<br /><br />Mesmo que a intenção fosse claramente enganar tudo e todos (<em>simulação</em>) acerca da sua condição mental de inimputável <em>versus</em> imputável legal, o conjunto de predisposições psicóticas (materializadas) invalida em certa parte, melhor, inviabiliza em certa medida a possibilidade desse <em>EU</em> querer enganar deliberadamente os outros com a intenção clara de se fazer passar por doente mental, ou <em>alegar</em> loucura momentânea, para desculpabilizar as responsabilidades legais, até porque esta pessoa não chegou até<em> aqui</em> do nada…<br />Para ser <em>simulação</em> os seus padrões de valor e moral não poderiam necessariamente ser esses, teriam que ser uns que fossem compatíveis com <em>isso</em>, para que pudesse ter tido sempre uma realidade integrada e congruente com a <em>harmonia</em> (mesmo que conflituosa) das instâncias do seu <em>EU</em>.<br /><br />Só conhecendo a realidade (essa realidade) em “permanência temporal e de forma completa” é que seria possível querer enganar alguém acerca dessa realidade (?). Se assim não for, o <em>EU</em> engana-se a si próprio nessa parte em que não atinge níveis de capacidade de reconhecer que <em>esse processo</em> existe em si, e que esse facto (<em>isso</em>) é parte integrante das suas vivências.<br /><br />Não há uma simples negação, embora haja uma negação em si, a negação que aqui (co)existe é de características de dissociação, isto é, de forma involuntária e automática (inconsciente) o indivíduo aniquila <em>isso</em> da sua realidade que tem acesso à consciência (dissociação). Esse acontecimento aniquilatório deve-se (numa forma simplória de análise) à actividade conflituosa das instâncias psíquicas derivada de um acontecimento externo (<em>isso – comportamento final</em>) que o indivíduo compreende como mal. Sendo que mal tem um significado específico mediante os padrões de moral e valor de um <em>EU</em> idiossincrático.<br /><br />Há coisas que nos custa a acreditar que os outros possam fazer, mas há coisas como <em>isso</em> que ainda custam mais a crer que tenhamos sido nós próprios a produzir. </div><br /><div></div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 11/09/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-69647397390922036752007-08-29T21:20:00.000+01:002008-12-11T01:44:55.320+00:00“O que mexe cá dentro…”<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYy_jrI3ZnRevYFnSrKFt_pbNnnetMQR7RjCXqhKjWM6ypSjN1RNgJaMNJR2LMCnhrzHIC_Ab1IGRTQathN0BIiGurD5nnaV3UR80RC7MGNWyPKirD6iQHIykHvIEYWrq5Uw0V/s1600-h/muralha.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYy_jrI3ZnRevYFnSrKFt_pbNnnetMQR7RjCXqhKjWM6ypSjN1RNgJaMNJR2LMCnhrzHIC_Ab1IGRTQathN0BIiGurD5nnaV3UR80RC7MGNWyPKirD6iQHIykHvIEYWrq5Uw0V/s320/muralha.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5104224829911734082" border="0" /></a><br /> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT">Demasiado ruído interposto pela situação específica que despertou e desencadeia esse processo de continuidade e generalização dessa dita negatividade alheia ao próprio interno, forçada pela interpretação comum (e até mais natural) de tal acontecimento do mundo pseudo extrapsíquico. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT">Acontecimento cujo poder de influência pouco se esbate, e que até se expande no dia-a-dia, funcionando como exemplo para tudo e para todos, tomando conta, sendo premissa para todas as possíveis conclusões interpretativas e inacções vividas. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT">Essa crença fundamentada em padrões de premissas que se iniciam nessa outra, cuja rigidez interpretativa não permite quebrar essa fortaleza que disponibiliza muralhas cada vez mais altas e mais fortes, podem provocar e normalmente provocam uma indisponibilidade irracional e pouco realista perante essa outra realidade do mundo externo.<br /><span style=""></span><br />Basicamente a predisposição para a acção encontra-se comprometida derivado a esse forte em pleno crescendo, embutido cada vez mais em torno de si mesmo, em detrimento e em defesa do mal que possa advir de tudo o que lhe é exterior, que é muito claramente toda a restante realidade à própria realidade interna ou intrapsíquica.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span style=""></span>Essa predisposição se controlada pela ausência do controle consciente e pelo distanciamento da percepção da sua existência, torna a sua dinâmica ainda mais determinante no comportamento final, aquele que se diz observável. A pessoa deixa de estar realmente predisposta ou mesmo disposta a passar pelo mesmo, pois passar pelo mesmo significa usufruir de níveis elevados de sofrimento considerado inútil e altamente descompensador: “dali a única coisa que espero é sofrer”.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span style=""></span>Mas, o mesmo não tem que ser necessariamente igual, nem será igual de certeza (!?), frase que não caberá junto de alguém cujas premissas não dispõem de diversidade e abertura necessárias para não reduzir a realidade presente e futura a um exemplo do passado cuja interpretação foi, e é demasiado negra para ser vista.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span style=""></span>Não querer sofrer outra vez, ainda por cima de forma inútil e desnecessária é compreensível, mas é fundamental ter em conta que em todas as relações humanas cujas características não passam pela superficialidade, mas sim pela genuinidade, envolvem também necessariamente sofrimento. Isso não quer dizer que por envolverem sofrimento não envolvam também felicidade, ou mesmo que para se sentir feliz uma pessoa não tenha que sofrer. Pior é quando se desacredita totalmente e de forma absolutista na vida ao ponto de através de uma experiência passada só se conseguir ver um dos lados, de tantos lados que existem.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span style=""></span>Estar disponível para viver é fundamental para que se possa viver novas experiências cujo nível de descomprometimento com o passado seja minimamente adequado à actualidade presente e expectativas de futuro. Estar em conflito, isto é, querer no fundo viver algo que de facto desejamos por um lado, e que por outro impedimos previamente que aconteça com receio de nos magoarmos outra vez, pode ser, e muitas vezes é, um impedimento suficientemente grande para que nos encontremos num impasse inactivo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span style=""></span>Esse impasse inactivo, se acontecer, faz com que esse conflito aumente, pois na verdade o que realmente desejamos alcançar torna-se ainda mais distante, sendo que se fortifica o lado da batalha que menos interesse tem para nós, “apenas” para nos defendermos dum futuro que ainda não vivemos.</span></p><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 22/08/2007</div><p class="MsoNormal"><span lang="PT"><span style=""> </span></span></p><div style="text-align: justify;"> </div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-60601987016780503672007-08-06T20:55:00.000+01:002008-12-11T01:44:55.524+00:00“(Re)Viver.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqKjnVWpzmS9VFgYiuKeWTTeuCqSqo6wyb3JMdxJvlfpdXqOWxTgrVZppCqy1cE0rmKPpswMrOzbzY8VRKozU3eT6AR4an9Y7XZEyDJOTxSMWqZY1J7nF71rP41Rpp1p_jkhgL/s1600-h/re_viver.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5095681458547911922" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqKjnVWpzmS9VFgYiuKeWTTeuCqSqo6wyb3JMdxJvlfpdXqOWxTgrVZppCqy1cE0rmKPpswMrOzbzY8VRKozU3eT6AR4an9Y7XZEyDJOTxSMWqZY1J7nF71rP41Rpp1p_jkhgL/s320/re_viver.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Não há forma (que se “conheça”) de alterar o passado, mas há maneira de mudar no presente a forma como ele é visto. Essa mudança, (re)interpretação, é tantas vezes suficiente para que esse passado pareça também ele próprio ter sido alterado.<br /> <br />Quando se fala em catarse, em nome do reviver intenso de experiências passadas para que se possa “ultrapassar” essas situações que ainda nos dias de hoje são, por exemplo, elementos perturbadores e perturbantes da vida quotidiana do estado mental, isso deve querer significar pelo menos (e entre tantas outras coisas) que a re-experiência “imagética” proporcionou uma re-interpretação da experiência primária/ “real”.<br />Reviver para redescobrir novas formas de olhar, e não simplesmente “curar” através da re-existência mental de acontecimentos passados. Voltar a vivênciar o passado para permitir viver (n)o presente, especialmente quando esse passado, funciona como elemento de bloqueio da actualidade.<br /><br />Há alguém que não quisesse (realmente) mudar alguma coisa do seu passado se isso fosse possível?<br />Basta, por exemplo, aceitar hoje que esse passado é imutável para que ele próprio mude de imediato nas nossas mentes!? E, ele mudar nas nossas mentes funciona como uma alteração dessa própria realidade vivida, pois a percepção que temos dela é também ela alterada… E a realidade não é mais (ou muito mais para nós próprios) do que a forma como a vemos! Embora seja possível olharmos para um mesmo objecto do mundo externo, a possibilidade de o vermos da mesma forma é algo que ainda não é possível determinar com clareza devidamente fundamentada.<br />Verifiquemos o exemplo de um livro ou de um filme… A realidade “objectiva” é “esse objecto visível”, o livro ou o filme, mas a realidade de facto não é o livro nem o filme, é sim a forma como interpretamos o livro ou o filme. Duas realidades distintas sobre o mesmo estímulo do mundo externo…<br />Mais evidente ainda (ou para alguns menos óbvio) será o objecto do mundo externo “pedra”! A existência da “pedra” é um facto cuja questionabilidade não é relativa (ou só o é pela questionabilidade da sua própria existência). Já a interpretação da existência da realidade “pedra” torna-se difusa de difícil consenso, pois a (in)visibilidade da mesma está altamente condicionada pelo todo que constitui cada elemento “perceptor”: o ponto de vista do elemento que percebe!<br /><br />O principal objectivo que se alia a esta visão, que é também ela um construção da realidade, é a transmissão da ideia de que é possível alterar a (“nossa”) realidade independentemente do momento temporal a que ela se refere, desde que a estratégia de mudança passe primeiro por nós próprios e só depois pelo mundo externo: se nós mudarmos, mudamos a forma como vemos o mundo, pois a construção da (“nossa”) realidade parte sempre de nós.</div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 31/07/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-71996348892566399012007-07-19T16:15:00.000+01:002008-12-11T01:44:55.853+00:00“A Coisa.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHPmkMhlHStLPhVEiGAMXE6SP9-DxTQSzh6Js4QbAzzgpusrujMB-DqnTkBBx658KuXtqRkmDD18qHmv_fAUwWgZEr1mGeFgZIMuBTnA7kRddvCWecemmS4ToULeouTAQOcfTj/s1600-h/relogio+de+areia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5088928811876973010" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHPmkMhlHStLPhVEiGAMXE6SP9-DxTQSzh6Js4QbAzzgpusrujMB-DqnTkBBx658KuXtqRkmDD18qHmv_fAUwWgZEr1mGeFgZIMuBTnA7kRddvCWecemmS4ToULeouTAQOcfTj/s320/relogio+de+areia.jpg" border="0" /></a> <div align="justify">Não são certamente a quantidade de palavras que fundamentam a qualidade de um texto ou de um discurso, tal como não é a quantidade de tempo que determina a sua realidade.<br />Esta questão do factor “quanto”, funde-se muitas vezes em discursos de fundamentação e/ou desculpabilização da falta de tempo, ou seja, não se faz qualquer “coisa” ou porque o tempo não dá para tudo, ou porque não há sequer tempo.<br /><br />O tempo real não é igual para todos?<br />O tempo mental não é o que do tempo real se faz nas nossas cabeças?<br />Se respondeu sim, então é porque no fundo o tempo é igual para todos… Pelo menos em quantidade é, e em qualidade será o que dele fizer (e o que o mundo permitir)…<br /><br />Não digo que não há factores externos às pessoas que não contribuem de forma evidente e indissociável para a dimensão temporal de forma invasiva e muitas vezes até obstrutiva e dependente (ex.: guerra), isto é, o nosso tempo depende também de factores que não estão disponíveis ao nosso controle (ou percepção de controlo), mas isso, apesar de tantas vezes preponderante, não pode ser outras tantas vezes factor único de sustentabilidade.<br /><br />O que de facto acontece é tão simplesmente uma questão de se utilizar esse tempo para outra coisa qualquer, que não essa “coisa” para a qual o tempo parece definitivamente não abundar ou mesmo não chegar.<br />O interessante no meio disto tudo, centra-se exactamente no conteúdo e significado dessa “coisa” para a qual o tempo não premeia atenção.<br /><br />Não temos tempo para a “coisa” ou não damos do nosso tempo a “ela”?<br /><br />Está também indubitavelmente associado a esta ideia, o facto da hierarquia de prioridades, isto é, as outras coisas às quais o tempo foi concedido eram mais importantes do que essa “coisa” para a qual o tempo não foi sequer tempo, seja nesse tempo que se considera o imediato ou naquele outro que perspectiva tempos futuros ou vindouros. Do género de dar primazia ao trabalho para que se possa proporcionar uma vida melhor a nós próprios e àqueles de quem gostamos, agora e no futuro. Mas… e o que é isso de dar uma vida melhor (?), senão apenas uma conceptualização própria disso mesmo! Isso definitivamente não quer dizer que para esses de quem tanto gostamos seja o melhor, ou mesmo seja o mais adequado isso que nós consideramos ser proporcionar uma vida melhor. Mais isso tudo é possível em conjunto, ao mesmo tempo, no mesmo aqui e agora, e na mesma projecção de expectativas de futuro.<br /><br />O pior é que tantas vezes nem reparamos que de facto tínhamos tempo para a “coisa”, e que nem era preciso muito tempo, para que esse tempo fosse de qualidade. Mais, dar muito tempo pode mesmo significar que se deu menos tempo do que se se tivesse apenas dado, um ou dois minutos de real tempo e atenção concedida…<br /><br />Dar dois minutos de tempo sem pressa, estar realmente com a “coisa”, olhar realmente para a “coisa”, dar atenção real à “coisa”, para a “coisa” poderá ser suficiente, poderá ser bom, até mesmo ser óptimo, e será sempre mais que tempo nenhum, ou demasiado tempo de nada, ou de muito pouco…<br /><br />Essa tendência de olhar o futuro e negligenciar o presente acaba tantas vezes por ridicularizar essas teorias de fornecimento de sustentabilidade para um futuro melhor… Ter proporcionado uma vida farta de materialismos e ter negligenciado componentes básicas relacionais, vai em princípio apenas demonstrar mais uma vez que embora ajude, o dinheiro por si só não basta para que se viva bem consigo próprio… É a velha história de ter muito ou apenas algum em bens materiais… do ter e não ser… de que serve (?) se isso não serve para que se possa ter relacionamentos verdadeiros e minimamente adequados àquilo que muitos descrevem como o contínuo de felicidade… Se houve deficiências e distorções relacionais afectivas no passado que nos serviram de vínculo de aprendizagem ou de exemplo da forma como nos devemos relacionar uns com os outros, então é quase certo que nós próprios tenhamos no futuro essas mesmas dificuldades relacionais, e humano com dificuldades relacionais é tantas vezes humano perdido… na solidão de si mesmo…<br /><br />E são tantas as vezes que damos atenção à “coisa” só nas nossas cabeças…<br />Uma atenção indirecta e ineficaz para a própria “coisa”…<br />Se a “coisa” não sai da nossa cabeça, porque não concretizar a “coisa” para que a “coisa” perceba, para que “a coisa sinta”, que o nosso tempo é também do tempo da “coisa”…<br /><br />Essa “coisa” são muitas vezes pessoas, e tantas vezes “nossos” filhos…<br /><br />“Não deixe a coisa por fazer…”<br />(não vá a coisa “desaparecer”)</div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 17/07/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-32784819655306379742007-06-28T23:00:00.000+01:002008-12-11T01:44:56.323+00:00“Sete Pedras de Projecção.”<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf7aLQBhLVL8CNIEmDnirlJlgoNjpbX2qmKhLijcvrI9KdQHoQSrx5bVHhqgLT39FODTdYvfZAhVqz2oovwIQTJ4ytAVcC4cmtycw1jTLADGy_KJmq4kWEqrBMNJYdPa4S9AHJ/s1600-h/atirar+pedras.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5081239728907551650" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf7aLQBhLVL8CNIEmDnirlJlgoNjpbX2qmKhLijcvrI9KdQHoQSrx5bVHhqgLT39FODTdYvfZAhVqz2oovwIQTJ4ytAVcC4cmtycw1jTLADGy_KJmq4kWEqrBMNJYdPa4S9AHJ/s320/atirar+pedras.jpg" border="0" /></a> Quando a defesa é o melhor ataque (?) … – extractos eticamente alterados (ficcionados) de “um relato na primeira pessoa de um processo contínuo (e inacabado) de auto-conhecimento.” <br />Com sete pedras na mão sempre prontas a atirar em jeito de defesa preventiva, objectivando aniquilar qualquer tipo de ataque antes mesmo que ele ocorra, antes mesmo que ele exista ou possa ter hipóteses de vir a existir.<br /><br />“Uma só pedra não basta, não vá ela não chegar, não me vão eles atacar, e eu, não ter nada com que me defender…”<br /> <br />Defesa permanente, já independente da “estimulação externa” que desencadeia processos “normais” de auto-defesa, tanto atacaram, tanto “disseram” ser esse o padrão normal de funcionamento geral das pessoas, que agora isso tornou-se verdade, “a minha verdade…”<br /> A realidade (in)compatível ajusta-se ao próprio desfasamento criado, imprimido, tornando distante a essência da pessoa para os outros, os outros que teima em não deixar aproximarem-se, não vão eles mais facilmente atacar por melhor a conhecerem…<br /> Assim, mais vale projectar nos outros “a minha própria realidade”, ou seja, “eu ataco-os porque eles me atacam”, mesmo que essa “realidade seja só minha”, pois “como pode ser a dos outros se eu os ataco em defesa (?)”, ou seja, “mesmo antes de eles me atacarem (?) … ou mesmo que não tenham intenções de o fazer, não quer dizer que não o façam…”<br /> <br />“Porque tenho então que me defender se ninguém me ataca?”<br /> “Estarei ainda a defender-me dos ataques que sofri anteriormente, fazendo com que este seja um comportamento desadequado nos dias de hoje?”<br /> “Mesmo que ache que não estou a ser alvo de ataques é o que eu sinto e é essa a verdade que eu vivo” (…) e, “não posso deixar que eles me firam, porque não quero sofrer mais por causa disso…”<br /> “Mais vale ferir os outros que eles me magoarem a mim!”<br />“É aos mais próximos de mim que mais firo pois são os que melhor me conhecem que mais me magoaram no passado, e são esses os quais me metem mais medo por isso…”, talvez por isso também, “não me dê a conhecer à maioria das pessoas, e aquelas que o conseguem acabam por sofrer as consequências disso, pois são aquelas que têm maior capacidade de me magoar…”<br />“Mesmo que me consiga certificar que o perigo é de facto irreal, é normalmente incontrolável o acto impulsivo de apedrejar para não ser apedrejado, mesmo que só eu tenha pedras na mão!”<br />“Quando me apercebo que me aleijo (mais a mim) ao ferir os outros, principalmente aqueles de quem mais gosto (amo), tudo perde o sentido, embora o sentido seja esse mesmo (ou ainda seja hoje esse mesmo?) … Vejo-me num buraco sem fundo e sem tecto, onde faço o que não quero, porque também não optei que mo fizessem a mim.”<br />“Se me sinto perseguido (ou atacado?) é talvez por não conseguir fugir de mim próprio e de um passado que ainda vivo como se fosse o dia de hoje…”, e, “ se me sinto culpado por magoar os outros, e ando neste ciclo imparável de tristeza angustiante, é porque a responsabilidade dos meus actos é minha e não dos que contribuíram para que eu seja assim, desta forma repugnante… e, independentemente disso sou eu quem sofre as consequências disso… eu e os que mais me são próximos…”.<br />“Será que no fundo não gosto de mim, porque quem mais deveria ter demonstrado que de mim gostava, não o fez na devida altura? Tenho a sensação que sou uma merda, foi o que sempre me fizeram sentir, como se fosse uma merda!”<br />“E se eu não gosto de mim, como é que os outros podem gostar? Se calhar é mentira, se calhar dizem que gostam, demonstram que gostam, mas tudo não passa de um desejo meu de que isso seja verdade… no fundo não gostam de mim… até porque isso não só não é possível como não tem lógica nenhuma… como se pode gostar de merda? Eu não gosto!”<br />“Às vezes tenho dúvidas se vale mesmo a pena continuar junto daquela que é a pessoa que mais amo neste momento… a qualquer momento pode perceber a merda em que me tornei e serei novamente abandonado ao meu próprio amor próprio, que não é nenhum…”<br />“De facto sinto a necessidade conflituosa de estar e não estar, de me dar e não me dar, de me mostrar e de me esconder, de ir saltando de terra em terra para ver se me lembro de me esquecer… e, o que acontece sempre é que nada resulta benéfico, se quando me escondo é quando mais depressa me tento encontrar… e, quando me encontro, quando me volto a encontrar, é sempre o mesmo dilema de estar e não querer estar, a sofrer, a sofrer as consequências de uma sucessão de actos que não agi, e de uns tantos outros em que me comportei…”<br />“O que é certo é que eu não me sinto bem comigo próprio… e, tenho a noção que todos ao meu redor pagam (também) a minha factura até que o preço não seja demasiado elevado, depois deixam de pagar e abandonam-me… tenho medo que agora aconteça o mesmo, tenho medo de ficar só, mesmo que só já me sinta…”<br />“Este forte de solidão que criei (?) não vem de agora, já quando era pequeno dava por mim num canto, repleto de silêncio e brincadeiras imaginárias, estava para ali abandonado, ao deus dará, e deus não deu…”<br />“Quando alguém tenta entrar no forte, o mais normal é lutar com todas as armas que tenho para me proteger, não vá esse alguém ser apenas mais um cavalo de Tróia, um inimigo disfarçado de amiguinho saudável…”<br />“Depois, quando finalmente vejo que é amigo verdadeiro, exijo que seja um amigo perfeito, à minha imagem extremamente exigente de perfeição: uma pessoa ou é boa ou é má, não pode nem deve ser um pouco das duas ao memo tempo, ou na mesma pessoa…”<br />“Ao perceber que isso não existe (pessoas perfeitas), fortifico-me outra vez, pois o perigo que representam essas pessoas que me conhecem, é no sentido de me descobrirem como de facto eu sou: frágil, muito frágil…”<br />“Podem atacar, podem desmoronar o sentido que tenho de mim mesmo, podem querer ajudar, e isso iria implicar necessariamente uma dor muito mais forte que aquela que eu sinto agora…”<br />“E eu, não quero mais sofrer…”<br />“Já não sei se atacar é lutar ou fugir…”<br />“Já não sei se é estagnar ou fingir…”<br />“…que passa com o tempo, ou que o tempo não passa…”<br />“Cheguei a um ponto em que querer ajuda é comprometer o meu bem estar presente, numa alimentação de réstia de esperança num futuro que não me parece hoje possível que um dia se transforme no meu presente…”<br /> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 26/06/2007<br /></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-30956662196783861892007-06-14T13:37:00.000+01:002008-12-11T01:44:56.498+00:00“A(l) Re-pudica(o) das Bananas.”<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpZV-5Ascd5ZfOOd5YFBTIDoGtkzKVKFEJjGIDxklrONpzamip3zZTt15sAWr5gcdnlB8kDSHtZUaTVOs_f3MjI496H0drsj7UVJ4HjkZJYtxTP6uN__oGC9GSikjMAsBKnpHq/s1600-h/jail.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5075899091673159858" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpZV-5Ascd5ZfOOd5YFBTIDoGtkzKVKFEJjGIDxklrONpzamip3zZTt15sAWr5gcdnlB8kDSHtZUaTVOs_f3MjI496H0drsj7UVJ4HjkZJYtxTP6uN__oGC9GSikjMAsBKnpHq/s320/jail.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Bravos conceitos de moral e valor, afins de repressão primata ou de sociabilidade aceitável (?), complexos supressores de instâncias indissociáveis, artísticas formas de vulnerabilidade adequada, assertividade (des)regulada, dimensões superiores à própria condição inata, controlo do incontrolável ou sensação de segurança da possibilidade utópica (?), purificação do nojo da percepção agradável, criação sensorial do que os sentidos não falam, codificação, (des)codificação, (re)codificação…<br />A presunção do auto-conhecimento, enviesada, pelas normativas perceptíveis, aquelas e as outras, as que se objectivam e as que de aparência não se vêem. A mistificação do dado como certo, em absolutismos, reducionismos tremendos da visão perceptiva global do conjunto no seu todo. A necessidade necessária do pleonasmo organizativo, também mas não só, para corroborar com a parcimónia mental e a base primária da sobrevivência.<br />Quando tudo isto (e tudo mais) é posto em causa, a (des)regulação facilita o aparecimento do que “queremos” acreditar que não temos (vemos?), numa de superioridade intelectiva (que logo se esvai quando aparece aquela ou outra necessidade primária), nos vemos (se ainda houver discernimento para a auto-imagem) envolvidos em actividades comportamentais cujo fundamento não se pode nem deve justificar (ou julgar) por padrões de moral e valores, se nada têm a ver com a fundamentação do seu aparecimento.<br />Querer compreender algo através de um conjunto de conceitos predeterminados que não só não se adequam como também não fazem parte do mesmo mundo, é um belo exemplo de reducionismo ao mais elevado nível de actividade. É como se de repente quiséssemos perceber uma reacção “química” através (única e exclusivamente) das leis da “física”.<br />Mas o dito mundo físico, (pseudo)observável e (pseudo)objectivo, tende também ele a ser um “facilitador” da (pseudo)compreensão.<br />De uma outra forma ou perspectiva perceptiva, continua a ser do domínio do princípio da realidade, num sub-domínio de princípio de sobrevivência. Ora isso implica não anular a perspectiva compreensiva anterior, mas sim complementá-la, tendo em conta que a fonte de análise é assim sendo a mesma que fonte analisada.<br />Isto é, apesar do domínio da actuação se localizar ao nível da consciência, esta está fortemente contaminada pelos ditames provenientes do inconsciente, já que os obstáculos e barreiras moderadores estão debilitados ou mesmo inactivos, muito devido ao seu nível de importância imediata para a sobrevivência do indivíduo se encontrar altamente comprometida, face à necessidade que é percepcionada.</div><div align="justify">O título é a “solução” para a terminologia desta crónica no seu sentido, no seu contexto já houvera alguém que muito ênfase dera e contribuíra para esse algo que ainda hoje teimamos em omitir pela sua própria omissão “proprioceptiva”. </div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 12/06/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-7922666899960600372007-06-01T19:19:00.000+01:002008-12-11T01:44:56.703+00:00"Solidão Compreensiva"<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUBcJ25NaV4pXWejIFhB74AkD41dRQbDTEeVAIcf7YCVQvvKXcYp5Sy_ULE5WJUA-0JCmlpYTLO2kpRsiWaX80KUdWY25XwkHJr4opEPKXllxy2JDEvFc5XvEDz1UPWTDIDmKt/s1600-h/deserto_sarah.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5071168327606447474" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUBcJ25NaV4pXWejIFhB74AkD41dRQbDTEeVAIcf7YCVQvvKXcYp5Sy_ULE5WJUA-0JCmlpYTLO2kpRsiWaX80KUdWY25XwkHJr4opEPKXllxy2JDEvFc5XvEDz1UPWTDIDmKt/s320/deserto_sarah.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Quando todos parecem não notar a existência de alguém, no sentido em que esse alguém encontra a verdadeira solidão compreensiva, a desesperança de soluções para a vida, cada vez que se depara com situações percepcionadas como aversivas, pode tornar-se de sentido único na sua resolução prática: o alivio da dor através do seu fim radical.<br />A génese multifacetada e plurifactorial da dimensão global que pode originar o termo da vida auto deliberado pode atingir contornos cujo potencial desencadeante se atribui, não propriamente a acontecimentos externos aversivos, mas sim à conjugação da percepção dos ditos acontecimentos como de índole negativa (de forma real ou desfasada) com um conjunto de determinações preexistentes no individuo, que se referem à sua dor psíquica.<br />Quando os níveis preexistentes de dor psíquica se encontram no limiar do tolerável pelo indivíduo em questão, qualquer fonte de acréscimo de dor é o suficiente para desencadear um processo de sustentação vital, isto é, a pessoa tende a encontrar uma solução para que a dor que sente diminua ou mesmo acabe.<br />Note-se que a dor física tem um limite, ou seja, quantificando a dor não é possível sentir mais dor que “x”, enquanto que quando se fala de dor psíquica não existe um limite que se possa considerar como tal.<br />Voltando à ausência da partilha compreensiva, este é um ponto que tal como um infinito de outros, pode ser um “bom” item para despoletar um comportamento adverso à auto sobrevivência. Mas o que interessa realmente não é decifrar o conjunto (de mais a menos infinito) de itens que têm potencial desencadeante mediante as condições “adequadas” para que isso aconteça, interessa sim perceber em cada pessoa no momento “certo” qual deles está a dar um contributo importante.<br />Repare-se que isto tem uma importância grande quando se trata de remediar de forma urgente, tentando (muitas vezes em vão) impedir que alguém se suicide, mas a um prazo menos imediatista perceber o que pode desencadear não só não basta como pode não chegar realmente.<br />Será necessário mais do que remediar uma e outra vez, fazer com que isso não chegue a ser preciso, se ainda houver “tempo” para isso. </div><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 29/05/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-36384428567053872182007-05-17T18:09:00.000+01:002008-12-11T01:44:57.165+00:00“Folie à Deux.”<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0JzMZ4-zB2eN2zyDXFMajREemRc62ccHsrIpLe3r1t4gh3qtPcVwat0mNYm4VgzkUu9SSVHlYgo5sD2L4D6UuJNGIkjf-h9aoDVwee2COul9iMFYOQLSr4agGNF7IaQ7GcoqK/s1600-h/par.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5065583156429696354" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0JzMZ4-zB2eN2zyDXFMajREemRc62ccHsrIpLe3r1t4gh3qtPcVwat0mNYm4VgzkUu9SSVHlYgo5sD2L4D6UuJNGIkjf-h9aoDVwee2COul9iMFYOQLSr4agGNF7IaQ7GcoqK/s200/par.jpg" border="0" /></a> A “loucura” dos outros também pode ser a nossa “loucura” se não discernirmos que eles estão “loucos”.<br />Pareceria de óbvia facilidade a contestação da afirmação acima descrita, se ela não se referisse a uma Psicose Induzida. Este tipo de perturbação psicótica, ou de alienação patológica da realidade, surge no encalço secundário de doença, ou seja, é derivada de um elemento patológico primário com ideação delirante que consegue fazer crer a esse segundo (ou mais) elemento(s) que os seus delírios são realidade e não produto psicótico fictício.<br />Por outras palavras, uma pessoa pode ficar “louca” por acreditar que a “loucura” (delírio) de alguém não o é quando de facto não passa disso.<br />Esta perturbação reúne as condições necessárias para aparecer quando uma pessoa tem um relacionamento próximo, de longa duração e com níveis elevados de resistência à mudança, com uma outra pessoa que tem uma perturbação psicótica com predomínio de ideação delirante.<br />Dentro das relações tipo, enquadram-se mais facilmente os casais (ex. marido/ mulher) e as relações familiares (ex. pai/ filho), não querendo dizer que outros tantos tipos de relacionamentos não possam ter as características fundamentais para o desenvolvimento desta doença.<br />Os conteúdos das ideias delirantes dependem das características de cada doente (primário) e podem ser dos mais diversos, tais como, estar sob vigilância do “SIS”, “ET´s” terem entrado na sua mente controlando-a, existir uma guerra invisível que produz dores de cabeça e diarreia às pessoas, entre tantas outras ideias, tendencialmente bizarras.<br />O que pode acontecer, por exemplo, é o conteúdo da ideação delirante ser tão credível e bem elaborado que uma pessoa próxima e susceptível à sua influência forte e directa chegar a acreditar durante anos a fio que essas ideias são realidade, corroborando, vivenciando e partilhando assim a “loucura” primária do indutor.</div><br /><br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em><br /><em>in Jornal de Albergaria</em>, 15/05/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-82337467357519821082007-05-04T17:45:00.000+01:002008-12-11T01:44:57.313+00:00“Bancos de Esperma.”<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGil04ftVUapOax_MOpqY-pJcnvmbXXUXtSdJ8TeW1LzdA-Vkf4G3oExCG5fJXve3GOVAuDdAnCEQV__dlH5Wgy29tFzQnrONqY5HrQKzy6D-Q7ntwdhkwih8F-e6yQjL42fNY/s1600-h/bebeeee.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5060749815120150722" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" height="192" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGil04ftVUapOax_MOpqY-pJcnvmbXXUXtSdJ8TeW1LzdA-Vkf4G3oExCG5fJXve3GOVAuDdAnCEQV__dlH5Wgy29tFzQnrONqY5HrQKzy6D-Q7ntwdhkwih8F-e6yQjL42fNY/s200/bebeeee.jpg" width="190" border="0" /></a> A revista francesa “Paris Match” de 29 de Março de 2007 publicou um artigo intitulado “Leur père s’appelle donneur 66” ou em português “O pai deles chama-se dador 66”. Esse artigo relata um grupo de jovens que através da Internet conseguiram descobrir que são todos irmãos, filhos de um mesmo pai, o dador 66.<br />É de realçar que todos estes jovens (dos EUA) moram numa área que se pode considerar geograficamente próxima, o que de certa forma pode aumentar o risco de consequências desastrosas (pelo menos para aqueles que ainda não descobriram que são irmãos…). Essas consequências são claramente óbvias, basta que se pense que se podem encontrar ou conhecer num qualquer sítio e se relacionarem entre si de forma amorosa, marital, sexual, e outras, e, o resultado (a todos os níveis) desse tipo de relacionamentos incestuosos já todos sabemos qual é (?)…<br />Uma das questões é saber-se até que ponto a legitimidade legal dos bancos de esperma se sobrepõe às questões éticas e práticas do assunto. Por um lado, a lei em resultado das necessidades e expectativas parentais (e/ ou pré-parentais) daqueles que a todo o custo desejam ter filhos do seu sangue, por outro as consequências de se ter filhos de sangue por este tipo de vias.<br />Mais uma vez, as consequências mais directas desses actos dos progenitores são dirigidas aos filhos… Repare-se que este ponto de vista da possibilidade de ligações incestuosas derivadas ao desconhecimento familiar será apenas um dos mais diversos aspectos morais a tratar quando começa a existir também a necessidade de se abrir a discussão pública deste tema.<br />Desde o dador pago para ser pai, ou melhor, pago para ser um número protegido pela lei, até ao desejo normal desses filhos quererem saber quem está por trás daquele número… Desde as consequências possíveis de saberem que o pai é um número e não há nada que possam fazer para não ser apenas isso, alguém que recebeu dinheiro em troca para doar (diferente de dar) o seu esperma, sem pensar, sem olhar para trás, desinteressado em saber quantos e quem são esses seus filhos, até ao facto de um dia alguém descobrir que casou com a própria irmã, ou descobrir que afinal tem 243 irmãos todos a viverem lá por perto…<br /><br />Mais número, menos número…<br /></div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 26/04/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-55664119327853870792007-04-13T14:34:00.000+01:002008-12-11T01:44:57.475+00:00“soc.gov.pt”<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0DzdUqNI5ngYcasD9FRZVf2gXy8m99GDFzUQjhMgUejLuGZXEfhIEn8vSYYUS890bYBOZSO3fdaqU4we8XOf561sZsXv2IBBFF_TN6Ok0jhqNadViO0cUA5o8B0aWWRHPf_sw/s1600-h/feme.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5052927540667857682" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0DzdUqNI5ngYcasD9FRZVf2gXy8m99GDFzUQjhMgUejLuGZXEfhIEn8vSYYUS890bYBOZSO3fdaqU4we8XOf561sZsXv2IBBFF_TN6Ok0jhqNadViO0cUA5o8B0aWWRHPf_sw/s200/feme.jpg" border="0" /></a>Parece que é ainda mais grave do que se poderia antever e mais drástica do que se poderia desejar, esta revolução pacífica com que nos deparamos em tons de passividade conjunta e de inutilidade viável em níveis de impotência exacerbados, em hipérboles e outras lindas figuras de estilo, que tão bem servem e tem servido para amenizar os ânimos que não chegaram nunca a estar realmente exaltados.<br />Neste quadro de expectativas e fontes de emotividade descartadas de sentido realmente empírico é de notar que a quota parte a que de direito se remete aos demais, não se faz sentir como seria óbvio esperar de quem tanto reclama ter direito ao usufruto desse sentido (sentimento) global…<br />Para ter direitos, para os reclamar de naturalidade inata, há (deveria haver?) que retribuir com os deveres da mesma forma desmesurada com que se consideram incontestáveis os anteriores.<br />Não mais se pode (deve) esperar de um humano, que não seja isso mesmo… um humano.<br /></div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in </em><em>Jornal de Albergaria</em>, 10/04/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-44804482050117170072007-03-15T20:16:00.000+00:002008-12-11T01:44:57.762+00:00“Estrada (Obs)cura.”<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwU8jnBtcagIFGzVk7DQaY1xqvJq2vKMNwZbg1_O7C25yL1qx39v2B_ltMR5CRfkIS0V1wbCecNJr9lLSn48hhyphenhyphenmi64JD8K_SKEO1C4em5ohKNoijZ4vJs_vTcFXJFmLODp29B/s1600-h/estrada+obs_cura.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5052909454560574210" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 206px; CURSOR: hand; HEIGHT: 163px" height="168" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwU8jnBtcagIFGzVk7DQaY1xqvJq2vKMNwZbg1_O7C25yL1qx39v2B_ltMR5CRfkIS0V1wbCecNJr9lLSn48hhyphenhyphenmi64JD8K_SKEO1C4em5ohKNoijZ4vJs_vTcFXJFmLODp29B/s320/estrada+obs_cura.jpg" width="229" border="0" /></a> A permanente e natural inconstância/ imprevisibilidade da vida é por norma uma variável que tendemos a (tentar) controlar afim de minimizar os níveis de ansiedade (também naturais) que são provocados por essa fonte de (des)conhecimento que é o “futuro”(?!).<br />Por palavras meigas ou ditos eufemismos, existe uma forte componente de ligação entre o presente e todo o tipo de previsões, antecipações, prognósticos e tudo o que possa amenizar a insegurança proveniente do vindouro obscuro.<br />É necessário que se note que esse vindouro obscuro pode por exemplo ser uma (re)interpretação mental do nosso passado, e não pura e simplesmente de etiologia interpretativa de acontecimentos externos ao mundo intrapsíquico que ainda não aconteceram.<br />Ou seja, o que aconteceu no passado também pode mudar na nossa cabeça no presente (futuro). Não se pode alterar o passado, mas pode mudar-se a forma como se olha para ele.<br />Já “alguém” à muito tempo que dizia que “um Homem prevenido vale por dois”, pois se houverem procedimentos de previsão/ prevenção de acontecimentos (por exemplo) adversos a propensão para a forma assertiva de se lidar com eles pode aumentar significativamente.<br />Claro que quando se tratam de questões de tipo mais objectivo (exemplo: “em caso de incêndio, se eu tiver um extintor as possibilidades de eu lidar adequada e eficazmente com essa situação serão em princípio maiores”) as coisas parecem à partida mais claras, não querendo mesmo assim dizer que mais obvias.<br />Se por outro lado o nível de adversidade imprevista se situar com características mais subjectivas então a prevenção (preparação) pode ser tanto fulcral como insuficiente.<br />Basta pensar-se que morre alguém que nos é querido de forma interpretada como trágica e inesperada num acidente de viação… Podemos até prever (pensar) que isso é uma possibilidade real, ou seja, que pode de facto acontecer a qualquer momento, mas daí até esse tipo de pensamentos nos fornecer meios e características melhores ou mais adequadas de lidar com uma situação desse género do que se nunca tivéssemos tido esse tipo de pensamentos, vai uma distância algo longínqua.<br />De qualquer forma, e por muito que tentemos há situações em que a minimização da ansiedade do imprevisto é claramente efémera, pois sentir e vivênciar um “presente” altamente indesejável é em tudo diferente de uma imagética idealizada de uma situação nunca antes vivida.<br />Ainda por outro lado, isso não significa que os dotes provenientes dessa imagética não sejam úteis mesmo que nalgumas situações evidentemente insuficientes. É bom que se veja que o ser insuficiente não é necessariamente o mesmo que ser inadequado, pois repare-se: “o que é adequado para cada um de nós numa situação de morte de alguém querido de forma inesperada?”.<br />Devo dizer que se “espera” que o adequado seja que cada um de nós consiga à sua maneira individual viver essa situação dentro de um processo mental padrão de normalidade subjectiva para este tipo específico de luto.<br />Se achar por bem, se lhe apetecer, se quiser, se puder… contextualize o (des)contextualizado…<br />“Será que a congruência entre o comportamento, o pensamento e o conhecimento (e outros tantos factores…) atinge mesmo níveis de harmonia não conflituosa?”<br />“Um fumador espera mesmo morrer de cancro?”<br />“Para além do controlo social, para que existe (serve) a religião?”<br />“Acredita mesmo nos degelos ou precisa de ver o mar à sua porta?”<br />“O que acha que aconteceria se fosse a conduzir o seu veículo automóvel numa auto-estrada portuguesa (por exemplo a A1) e se colocasse na faixa de rodagem da esquerda (ou a mais à esquerda) a uma velocidade constante de 120 km/ hora?”<br />“Para quantas destas perguntas tem mesmo uma resposta?”<br />“Se acha mesmo que começou a fazer este pequeníssimo exercício o que é que o(a) impede de continuar?”<br /></div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 13/03/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-52008803391890777922007-03-01T15:13:00.000+00:002007-03-01T15:17:32.396+00:00“(Vi)ver uma outra qualquer.”<div align="justify">Fugir a uma realidade por “vício” na dor é consideravelmente diferente de fugir à dor para não vivenciar determinada realidade percebida como dolorosa. Poderia considerar-se mesmo como o oposto ou o contrário, mas de facto a essência potencialmente patológica tem ainda assim mais de semelhante do que de diferente.<br />Uma ou outra são formas distintas de lidar com uma realidade indesejável, mas ambas servem para um mesmo efeito, fugir a uma realidade que de tão dolorosa se torna díficil, insuportável ou “impossível” de ser vivida.<br />Ambos processos se consideram de fuga, pois ambos permitem ao indivíduo alhear-se do que o mundo externo lhes apresenta, distorcendo, inventando, reinventando, revivendo, uma realidade intra-produzida em consonância com a facilitação da necessidade da vivência imediata: “esta realidade é tão dolorosa que é melhor (vi)ver uma outra qualquer”.<br />Estas pessoas tendencialmente recusam oferir de ajuda, já que essa implica necessáriamente (vi)ver a realidade que excluiram de si, preterindo-a por uma menos má.<br />Por vezes fixadas nessa “mais fácil de (vi)ver”, não se auto-possibilitam de recursos apropriados que lhes permitam ultrapassar a dita dor que os persegue e que os consome quer seja numa ou noutra, quer queiram, quer não queiram, até fugir não passa de uma ilusão de que isso é uma possibilidade real: “fugir a elas próprias se sempre se acompanham”.</div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 27/02/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170436212032434012007-02-02T17:08:00.000+00:002007-02-02T17:10:12.033+00:00“Pré-cog.?”<div align="justify">Se houvera “alguém” que de sua prezada dignidade faria o que deveria ter feito ao invés do que mais jeito na altura lhe daria, talvez, e só talvez, a conflituosidade envolvendo essa instância psíquica, a qual se conhece pela que incorpora a dinâmica incutida de valores, se dissipasse em harmonia interior entre as outras duas (instâncias psíquicas).<br /> De forma descodificada, é também a diferença entre o que me disseram que deveria achar (pensar) e as modificações decorridas ao longo da vida dessa teoria incutida de valores. É ainda a diferença entre o que faço e o que acho (penso) que deveria fazer ou ter feito, ou entre o que “alguém” acha ou achou (pensa ou pensou) um dia e o que hoje faço ou fiz até ao dia de hoje.<br /> Essa forma reguladora e regularizada por “alguém” que não nós, acaba por nos pertencer mais do que aos outros?<br /> O comportamento… O meu inconsciente moderado pelo meu sub e dilacerado pela minha consciência, traduzido em acção (?!)… Todas (as instâncias) fazem parte da mesma, a que realmente controla: o inconsciente.<br /> “Alguém” achou por bem introduzir elementos de controlo sob o elemento controlador, pois o medo deste “chefe primitivo” é fundamentado na terrível ameaça que ele em si representa: o ser humano enquanto ser puro e simples animal (?!)…<br /> Calma! Outros animais, tão animais quanto nós têm neles introduzidos esses elementos de controlo… E essa introdução, é feita nos que não são domesticados, pelos seus semelhantes de espécie (e não só)…<br /> Em que queremos ser mais? Em que é que somos mais? Será sequer possível ser mais que alguma coisa?<br /> Uma das expressões mais hilariantes que um “alguém” de nós inventou e que atingiu um sucesso com assinalável conceptualização mítica, é aquela que diz que: “…somos diferentes porque somos seres racionais…”.<br /> O que é ser racional?<br /><br /> Uma autêntica barbaridade, querermos acreditar que somos algo que nunca iremos ser… Um autêntico “falso-self” cultivado no campo social…<br />Somos mesmo animais racionais?<br />Pense bem?<br />Volte a pensar?<br />“Tente ser tão arrogante como um cão ou tão humilde como um ser humano...”<br /> Se é assim tão racional, porque é que prevalece no cume da hierarquia que dita o comportamento o “chefe primitivo”? Aquele que nos controla e que nós apenas tentamos controlar (!?)…<br /> Parece-me tão claro que o que dominamos de nós próprios é tão pouco que nem nós conseguimos ver (!?) (porque é inconsciente, e isso quer exactamente dizer que não temos acesso a essa informação vinda de nós próprios)…<br /> Essa instância que nos controla verdadeiramente é pré-racional, é pré-cognitiva, é pré-verbal, é um mundo do qual pouco compreendemos e que não nos é possível desmentir ou aniquilar, pois a nossa própria consciência não passa de uma pequena e ínfima parte dela (do inconsciente).</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 23/01/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170436111941213182007-02-02T17:05:00.000+00:002007-02-02T17:08:31.943+00:00“Como distinguir envelhecimento normal de demência?”<div align="justify">Existe alguma dificuldade natural na distinção do que são as características próprias de um “envelhecimento normal” e de uma “demência”. Mesmo entre os técnicos de saúde cuja competência se apropria a esse efeito, as dificuldades diagnósticas estão presentes. Ainda assim, proponho deixar algumas dicas tipo, no sentido da simplificação e alerta para os que rodeiam e convivem com pessoas propensas a este tipo de confusão de nomenclatura, e/ou confusão entre um tipo de normalidade e de patologia.<br />Assim, fazem parte das características tipo principais de “envelhecimento normal” o enlentecimento ou lentificação mental, uma diminuição da capacidade de retenção de informação nova, dificuldades para evocar nomes, diminuição da flexibilidade mental e a manutenção da linguagem e da memória remota.<br />Por outro lado, como características tipo principais de “demência” incluem-se um declínio das funções cognitivas em relação ao nível anterior (alteração e deterioro da memória para registar, armazenar e recuperar informação nova e perda de conteúdos referentes à família e passado; alteração e deterioro do pensamento e raciocínio com redução do fluxo de ideias e problemáticas atencionais, etc.), um défice significativo nas diversas áreas que permitem a execução de tarefas da vida diária (vestir, comer, etc.), “consciência clara” (excepto em alterações episódicas), e, estando esta sintomatologia presente durante pelo menos 6 meses.<br />Comparando o parágrafo referente às características de “envelhecimento normal” com o referente à “demência” parece certo que a linha de distinção entre os dois conceitos é bastante ténue e até um pouco ambígua. Baseado apenas na descrição anterior encontramos poucas diferenças, sendo que as principais e mais salientes referem que no “envelhecimento normal” mantêm-se a linguagem e a memória remota enquanto que na “demência” ambas estão em princípio sujeitas a alterações e/ou deterioro.<br />Mas, é necessário fazer perceber que de facto as diferenças vão-se fazendo notar cada vez mais em consonância com a evolução, fase e tipo de “demência”. Mesmo independentemente disso, uma “demência” tem em princípio características fortes e observáveis, tais como, alterações da linguagem, do movimento, da percepção e da execução que não devem estar (em princípio) presentes no “envelhecimento normal” (podendo no entanto estar presentes noutros tipos de patologia que não uma “demência”). Estas alterações levam quase necessariamente a uma alteração do padrão comportamental e relacional anteriores do indivíduo repercutindo-se na vida familiar, social e profissional.<br />Importa saber que se tem conhecimento de casos com características semelhantes ou parecidas com as aqui descritas, se deve dirigir a um dos 3 profissionais de saúde que são mutuamente necessários para lidar com este tipo de casos, ou seja, um Psicólogo, um Neurologista e um Neuroradiologista. Todos estes 3 profissionais são necessários para fazer um diagnóstico de “demência”, não estando nenhum deles “habilitado” a fazê-lo sozinho.<br />Já no que diz respeito ao seguimento e/ou tratamento no caso de diagnóstico positivo de “demência”, isso irá depender em grande parte do tipo de “demência” diagnosticada, assim como da fase e evolução da mesma. É neste sentido útil estar atento à sintomatologia indicada para que se possa acompanhar adequadamente o mais cedo possível estes casos, já que de uma forma geral quanto mais cedo for descoberta a patologia melhor será o prognóstico.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 09/01/2007</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435872577120582007-02-02T17:03:00.000+00:002007-02-02T17:04:32.580+00:00“Relato de um mundo intra-psíquico.”É certa e aparentemente mais fácil no imediato retirar a “mão do fogo”… Mais do que isso, é até o mais próximo do que a natureza biológica nos indicia a fazer… Se queima, e dói, porquê deixar arder? E pior, ou mais difícil, porquê procurar a dor?<br /> Repare-se que procurar a dor é notoriamente divergente de provocá-la, isto é, a busca de um sofrimento já existente, e não causar uma nova dor através de uma antiga…<br /> Diga-se que é de todo intencional, esta vasta e agreste dispersão abstracta de frases cujo sentido significante se pretende invocar, através da lacuna propositada de objectividade, permitindo à perspectiva individualizada que se envolva no seu próprio carácter fantasmático e pessoal…<br /> Uma pergunta, embora básica, será: “Estando a minha mão poisada sobre um bico de fogão a gás a arder, o que é que faço primeiro?”…<br /> A dado momento a resposta poderá parecer-lhe tão básica quanto a própria questão… O seu sentido poderá esvanecer-se… Mas, de todo o seu significado sai fora, se a dor que o queima não vai embora, com ou sem bico de fogão….<br /> Chegar ao ponto de não se saber porque está a doer… Simplesmente dói… O sofrimento evitado, camuflado, retraído, recalcado, é agora uma onda permanente de dor que emerge do fundo, de onde foi forçada a ir, quando o que mais “óbvio” era sair desse seu mundo…<br /> É também e ainda a velha história do momento certo… Se nesse momento não se sofre o que há para sofrer (ou se tenta que isso aconteça) o mais certo é vir-se a sofrer de forma abstracta essa dor transformada… Transformada em dor vazia de sentido e significado, baseada num “não sei” permanente de “desesperança”…<br /> A necessidade de um significado para a dor? A necessidade de um próprio significado? Quando se está “aqui”, ou se “acaba”, ou se volta “lá” para se poder “continuar”…<br /><br /><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 21/11/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435723852721662007-02-02T17:00:00.000+00:002007-02-02T17:02:03.856+00:00“Sinais (de ti).”<div align="justify">A avaliação do estado psíquico de alguém por parte de uma qualquer pessoa pode ser fundamental como medida de fonte de encaminhamento. Pode mesmo dizer-se que existe um conjunto de factores de análise que estão ao alcance dos demais, de uma forma simples e até bastante objectiva.<br /> Importa antes de mais, ter uma noção dos conceitos de normal e patológico, que apesar de à priori parecerem demasiado abstractos e relativos, podem tornar-se mais simples e objectivos, se forem seguidos parâmetros específicos de perspectiva.<br /> Normal, dentro do contexto acima descrito, será tudo aquilo que se apresenta dentro de um padrão de norma (para uma cultura, faixa etária e sexo, de forma específica), ou muito basicamente do que é mais habitual/normal de acontecer/existir (dentro dessa cultura, faixa etária e sexo). Pode ainda referir-se como normal, tudo o que foge a esse dito padrão, desde que esse desvio não comprometa ou ponha em causa o “bom” funcionamento do indivíduo nas suas áreas de vida (pelo menos as mais básicas).<br /> Como patológico, pode considerar-se tudo aquilo que foge ao referido padrão de normalidade (e de funcionamento anterior) e que sem qualquer dúvida impede o “bom” funcionamento do indivíduo (de forma “clinicamente” significativa) numa ou mais áreas da sua vida. Pode ainda ser considerado patológico, tudo aquilo que embora não pareça desviar-se do referido padrão, mas que ainda assim afecte de forma negativa e indiscutível o funcionamento “assertivo” dessa pessoa, também numa ou mais das suas áreas de vida.<br /> Ou seja, o que aqui se quer realçar, é que qualquer um de nós pode perceber se uma pessoa está actualmente a funcionar devidamente nas suas mais diversas áreas de vida, ou se pelo contrário esse funcionamento está de certa forma debilitado, desajustado, desequilibrado, deficitário, ou mesmo se não está a funcionar (e se esse “mau” funcionamento por sua vez está a afectar a condição psíquica do indivíduo, e vice-versa). Essas áreas de vida são por exemplo a vida fisiológica (alimentação, o sono, etc.), a vida laboral (ou escolar), a vida amorosa/sexual, a vida familiar, a vida social, entre outras.<br /> Outra questão é a capacidade que quer o próprio, quer os outros têm para fazer de facto uma análise deste tipo, pois a perspectiva idiossincrática do mundo misturada com um determinado tipo de estados psíquicos incapacitantes de olhar a realidade sem que esta se apresente de forma distorcida, pode ser um dos tantos factores que funcionam como entrave à referida análise.<br /> Bom, mas essa análise pretende-se simples, superficial, prática e objectiva (!), para que ela possa cumprir um objectivo de pura e simples pré-avaliação do estado psíquico (no sentido do encaminhamento ao profissional de saúde), dentro da dicotomia do normal versus patológico.<br />Claro que tornar algo que por natureza ou “defeito” não integra essas características de simplicidade e objectividade na coisa mais fácil do mundo, requer regras para a concepção da própria análise. Regras essas que são muitas das vezes contra natura da própria realidade (ou altamente reducionistas), o que nos poderia fazer pensar que assim: quem é quem dentro da (ir)realidade?!</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 07/11/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435610159076112007-02-02T16:58:00.000+00:002007-02-02T17:00:10.163+00:00“SAPO.”<div align="justify">Ora aí está!<br />A confirmação que todos esperávamos, de que realmente todos os esforços estão a ser feitos no sentido da melhoria permanente do Serviço Nacional de Saúde!<br /> Já podemos dormir todos mais descansados pois dá para perceber que os dinheiros públicos para a saúde estão determinados a ser bem gastos, e, principalmente sempre destinados com base em premissas de valoração da melhoria dos cuidados em si e não com fundamentos meramente economicistas.<br /> É isso mesmo… Agora já não vai mal, simplesmente não vai…<br /> Deixando as dolorosas ironias de lado…<br />De que poderá valer fundamentar, direccionando as argumentações em etiologias referentes à (por exemplo) necessidade incontestável e incontornável da continuidade de um serviço, porque na realidade a sua existência contribui e implica níveis de qualidade de saúde, se (…): na percepção do pseudo ouvinte dessas argumentações não estão incluídos (reais) parâmetros de qualidade mas sim de quantidade.<br />“Nós” falamos português e “eles” numa língua inventada à pressão… Então, teremos “nós” que falar uma língua que não é nossa para que possamos ser ouvidos no nosso próprio país?! Ou vamos simplesmente deixar que uma língua nova invada o nosso território, que “eles” se ponham a falar para nós assim?!<br /> O que se passa (não!?) é mais do que a típica demonstração de poder absolutista e elitista, que não pretende ser claro, que tem segundas intenções, que se apresenta numa forma e é realmente outra…<br />Não é da minha pretensão sustentar uma de tantas “teorias da conspiração”, o que objectivo é a reflexão dirigida à acção, deixar a fantasmática improdutiva e mesmo deficitária substituindo-a por uma realidade mais positiva e mais verdadeira…<br />Cada “um” que pense por si?!<br />“Um” que pense por todos?!<br />“Nós”?! “Eles”?!<br />Divididos ou não, estamos decididamente sem mais uma ou outra coisa (e com outras tantas a mais) … Nem tudo vai mal, resta saber para quem… Mas como não estou aqui para falar de generalidades, não temos SAP, temos SAPO.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 17/10/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435495727792212007-02-02T16:57:00.000+00:002007-02-02T16:58:15.730+00:00“Burlas e burlinhas: mais um conto de fadas psicanalítico.”<div align="justify">“O lobo que veste a pele de cordeiro”, pode e deve ter diversas interpretações, aqui vou focar-me apenas em duas mediante a perspectiva da intencionalidade: o lobo que sabe que é lobo e que veste a pele de cordeiro de forma intencional, e o lobo que pensa que é cordeiro e que veste a pele de cordeiro de forma ingénua (domesticada).<br /> O que é certo é que ambos são lobos e ambos vestem uma pele que não é sua para se poderem “juntar” (aproximar) a um rebanho de potencial alimento. Forma mascarada como parte da metodologia e estratégia de caça no primeiro caso, automatismo etiológico de base genética e réptiliana (instinto sobrevivência). No segundo, a mesma estratégia e o mesmo instinto, mas intragado pela ignorância ingénua proveniente de uma domesticação ou impressão de regras e valores no aclamado sistema psíquico regulador da moral que é o subconsciente.<br /> Com ou sem princípios de moral, ambos não se livram de actuar de forma similar, ou talvez o segundo se retraia (até porque não tem necessidade real de caçar para a satisfação alimentar – comida no prato), ou caso actue fique com problemas ou desenvolva conflitos intrapsíquicos, aquilo a que vulgo se chama culpa ou peso na consciência…<br /> Independentemente disso, os dois têm um desejo inato de oralidade alimentar pelos mesmos cordeiros, os primeiros saciam-se sem problemas de moral e os segundos sentem-se culpados por acharem que fizeram mal (se o fizerem). Afinal de contas, o que está em causa acaba por não ser o que é certo ou errado fazer, mas sim o que se faz. E o que é que fazem os lobos neste conto?<br /> Parece-me que o leitor está inteirado da resposta mais assertiva à questão acima exposta, mas nem tudo é aquilo que parece, ou melhor, o mais comum são as coisas não serem bem aquilo com que se afiguram, tal como o cordeiro que é apenas um lobo. A questão deixou de ser o cordeiro que é apenas um lobo, para passar a ser: que tipo de lobo é aquele cordeiro?<br /> Por muito domesticado que esteja o lobo ingénuo o seu desejo é comer as ovelhas, por muito que esse lobo se queira esquecer do que realmente é não o deixará de ser por causa disso… Ao invés, o lobo que sabe que é lobo, aceita a sua condição de vida, aceita-se a si próprio, até porque ninguém é alguém para julgar se o lobo é mau e o cordeiro é bom… O lobo é “apenas” um lobo, e deve sê-lo como é para não o deixar de ser, no sentido em que a sua existência é tão digna como a de qualquer outro animal.<br /> Bem, a minha função não é defender o direito à existência animal enquanto ser no seu estado selvagem, até porque não é a isso a que me refiro, mas sim o direito à autenticidade que pode ser ou não imbuída de um sistema (simples ou) complexo de valores. Basicamente, ambos os lobos são autênticos, mas apenas um é genuíno.<br /> Voltando aos cordeiros, nem todos servem de alimento imediato, nem isso seria possível, pois para bem da sobrevivência de ambos, haverá sempre mais cordeiros no rebanho do que lobos a atacá-lo. Note-se também, e por muito óbvio que pareça é mesmo assim necessário referir, que os lobos existirão enquanto houver cordeiros, e tanto uns como outros são precisos para ambos (é claro que estou a ser reduccionista na metáfora diminuindo o universo a duas espécies animais, mas para o título serve quase perfeitamente…). Poderão os cordeiros viver sem lobos? (…)</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 19/09/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435386154826222007-02-02T16:54:00.000+00:002007-02-02T16:56:26.156+00:00“Dissociação física, dissociação mental…”<div align="justify">Quem me conhece, quase de certeza já me ouviu dizer que se deve “enfrentar os problemas no sentido da sua resolução”. Essa premissa de actuação deve ser altamente contextualizada e adequada assertivamente, e nunca tida como fórmula ou máxima que se aplique a qualquer situação. Mesmo antes disso é necessário compreender as ditas palavras para que não se caia em erros de interpretação que façam com que se exerça o sentido oposto do que à partida seria tido em conta como muito benéfico.<br />Ou seja, torna-se necessário esclarecer pelo menos que: existem etapas das questões problemáticas cuja dissociação é mais benéfica do que a confrontação, tornando-se assim a dissociação pontual e temporária uma forma assertiva de “enfrentar os problemas no sentido da sua resolução”; os trâmites que caracterizam quer as questões problemáticas e tudo que as envolve, quer o indivíduo, são factores condicionantes para a própria interpretação da premissa referida; por vezes, é necessário conjugar níveis de realidade e de dissociação da mesma, para que se possa sequer chegar a perceber que existe uma ou várias questões problemáticas; e, poderia continuar infindavelmente a referir pontos de referência para a relativização da frase que não deve ser dissociada de um contexto ao qual poderá ter sido aplicada…<br />Como de costume, de forma a reduzir os níveis teóricos, deve ser dado um exemplo real (com a habitual salvaguarda de confidencialidade)… Uma pessoa com uma psicopatologia, como é o caso da conhecida e vulgarizada depressão, deve sem dúvida reconhecer e enfrentar essa questão problemática no sentido da sua resolução. Ora isso não deve significar necessariamente que essa pessoa dissociar-se dessa problemática seja mau ou bom, útil ou prejudicial, ou qualquer outra classificação que se lhe queira atribuir. Pode significar sim que dissociar-se do problema quando o mais benéfico era enfrentar (confrontar) pode contribuir para o seu agravamento, ou significar que enfrentar o problema quando o mais útil era dissociar pode igualmente contribuir para pelos menos não trabalhar no sentido de uma melhoria. Basicamente, o importante nesta questão está na capacidade de discernimento no sentido de distinguir quais são os momentos para quê. É preciso fazer-se notar que numa “grande parte”(?!) das psicopatologias essa característica fundamental não tem normalmente peso suficiente para influenciar numa decisão que até nem faz parte, dessa parte do inconsciente, que é a consciência…<br />Parece-me que para quem tinha por objectivo simplificar com um exemplo prático, não fiquei sequer perto de um esclarecimento… mas devo recordar que esse pode ser apenas um objectivo subliminar e dissimulado de um outro maior: a empatia – a capacidade (sobre)humana de nos colocar-mos na posição dos outros.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 06/09/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435253727217952007-02-02T16:53:00.000+00:002007-02-02T16:54:13.730+00:00“Hipótese situacional metafórica?”<div align="justify">E se alguém chegasse à sua (legítima) casa com dois ou três guarda-costas e lhe dissesse que a partir daquele momento teria que desocupar a sua residência a bem ou mal?<br /> O que é que faria?<br /> Para onde ia você e a sua família?<br /> Que sentimentos teria perante a situação em si e perante os autores de tal acto?<br /> Pois é, esta é uma hipótese situacional metafórica que tem mais de real do que de fantasia… Será que para além daqueles que sentiram e sentem na pele a inclassificável violação de propriedade (mental), mais ninguém vê o que se passa? Obviamente que cada pessoa está (por defeito) impossibilitada de se dissociar da sua própria construção perceptiva do mundo e de si própria… Mas, essa condição não é impedimento de um esforço empático (e não simpático) que lhe permita ir mais além no que toca à dimensão (pseudo-epistemológica) da perspectiva alheia.<br /> Bem, mas não me quero afastar do tema que é desta vez uma quase pura escolha do leitor, já que a obscuridade da mensagem aparece aqui sob forma de código próprio para que cada um a decifre à sua maneira (como se isso não acontecesse sempre)… Desmistificando, a questão pode muito bem ser: Mas afinal de que se trata a dita “hipótese situacional metafórica”? Pense por si, se quiser… Leia outra vez as primeiras frases em forma de questão, se lhe apetecer… Coloque as suas próprias questões, se lhe aparecer a palavra… porquê(?)… </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 22/08/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170435134641894332007-02-02T16:47:00.000+00:002007-02-02T16:52:14.660+00:00“Eu Phatos?”<div align="justify">As palavras nem sempre são o que parecem…<br /><br /> Existe um número elevado de pessoas que chegam à consulta psicológica com uma ideia pré-formada sobre qual a patologia que consigo transportam, criada sob diversos fundamentos, desde crenças pessoais até diagnósticos clínicos anteriores.<br /> Algumas das vezes essa ideia (auto) caracterizante corresponde de forma assertiva à realidade existente, sendo assim fonte de ajuste para uma possível implementação terapêutica com potencial de sucesso acrescido. Outras tantas vezes, a referida ideia de si próprio contém um desfasamento entre a realidade percebida e a realidade existente, ou seja, por exemplo pessoas que pensam que têm depressão e que afinal têm um a perturbação da personalidade, pessoas que pensam ter uma ou várias patologias e que afinal não têm nada, e assim sucessivamente.<br /> As consequências de um desajuste deste tipo podem ser todas ou nenhumas (mais vago não poderia ser…), isto é, vai antes de mais depender da interpretação perceptiva mais do que da percepção em si. De qualquer forma, grande parte das ditas consequências estão por norma já implantadas quando chegam à consulta. Quando existe a necessidade de (re)ajustar a realidade desagregada destas pessoas, com ideias concebidas à priori, também aqui as consequências podem ser adjectivadas de mais ou menos “chocantes” consoante o grau de desajuste presente (e dependentemente de toda a complexidade de factores, assim como da existência de entidades patológicas ou não…).<br /> Por palavras meigas, (e apenas como exemplo) existem pessoas que suportam vivências sob forma de crença implantada que não corresponde à realidade em si, a realidade não deixa de existir, mas é substituída por uma outra que não é verdadeira, criando-se em si próprio o perigo da construção de um “falso self”, uma cena psicótica…</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 04/07/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170434488723012512007-02-02T16:39:00.000+00:002007-02-02T16:41:28.726+00:00“Dicotomia – polo inverso.”<div align="justify">Cabe-me a mim, também a competência da (auto) rectificação complementar, isto é, exercer a capacidade de corrigir o incompleto, completando. De forma menos alheia da luz clarividente, quero referir-me à crónica anteriormente publicada “O que não sofri...”, com a intenção de complementá-la com necessárias fontes de informação, para que a sua compreensão se torne um pouco mais holística.<br /> Nessa crónica o conteúdo mais significante refere que, e de forma talvez simplista e reducionista, “....não é o sofrimento que origina a patologia, mas sim o não vivênciar do mesmo na altura que se pode considerar como mais assertiva.”. Apesar de ter um grau de ambiguidade maior do que o seu grau de precisão, essa afirmação na sua essência de acção, está fundamentalmente no caminho mais acertado.<br /> O que falta referir diz respeito não à conceptualização teórica da informação presente, mas sim à clara omissão do polo inverso da dicotomia implícita (“sofrimento Vs. felicidade”). Quero eu dizer que, no que respeita à essência de acção quer o sofrimento, quer a felicidade funcionam num mesmo tipo de registo neste contexto que aqui é abordado. Ou seja, posso também dizer que, tal como o sofrimento não vivenciado na altura mais assertiva pode ser um dos factores de propensão à psicopatologia, também a felicidade não vivenciada na altura mais assertiva pode ser um desses mesmos factores de origem psicopatológica.<br /> Este texto parece por ora conduzir os leitores para o tema da característica presente em algumas patologias do foro psíquico referida na literatura da especialidade como embotamento afectivo. Mas, neste contexto o embotamento afectivo tal como referenciado na dita literatura não pode ser aplicado, pois significaria ausência de expressão externa de emoções e afectos. De qualquer maneira é de grande dificuldade discernir o que diferencia o embotamento afectivo característica, da falta de assertividade na expressão/ exteriorização afectiva, até porque quer num quer noutro há uma conjuntura de vivência intrapsíquica dos afectos que não dá aso a grandes permissividades de exteriorização.<br /> Para facilitar essa distinção pode dizer-se que no embotamento afectivo clássico (característica) o indivíduo não expressa de forma alguma os afectos para o mundo externo, enquanto que no contexto de não assertividade o indivíduo para além de ter a capacidade de exteriorizar os afectos, é incontornável que o faça, embora eles se apresentem sob formas diferentes daquelas que seriam as mais convenientes para a sua saúde mental.<br />Deve ser também referido que esta é uma visão que pretende separar conceitos para os compreender, conceitos esses que estão de tal ordem interligados, que seria por bem que os pudesse-mos compreender na sua globalidade conjuntural. Para além disso, como ressalva, pode obviamente ser possível, e de facto acontece, existirem casos em que o embotamento afectivo e a não assertividade afectiva estão presentes em simultâneo.<br />Como pode então a felicidade não vivenciada na altura mais assertiva ser um factor de propensão à psicopatologia?<br />A resposta a esta questão está implícita na referida crónica (“O que não sofri...”) e também nesta. Será de grande utilidade para o leitor pensar por si próprio na busca de respostas para si e para o mundo que o rodeia.<br />O que está implícito (“inconsciente”) será sempre mais explícito (“consciente”) para cada pessoa, se for a própria a achar as respostas que considera mais pertinentes (“subconsciente”) para cada pergunta.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 27/12/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170434294877564472007-02-02T16:36:00.000+00:002007-02-02T16:38:14.880+00:00“A Primazia da Estabilização.”<div align="justify">A questão da existência de problemáticas do foro psíquico no indivíduo na perspectiva da sua resolução passa pelo quase que inquestionável investimento na descoberta das etiologias fundamentais para o seu aparecimento sintomatológico. Ou seja, torna-se necessário não só aniquilar a existência da sintomatologia, como também tratar os parâmetros que deram origem à sua existência. Isto se o que se pretende tiver em conta uma real resolução da doença e não o simples tratamento dos seus sintomas.<br /> Ora, dizer-se isso parece pelo menos bastante razoável do ponto de vista terapêutico, mas isso é apenas um dos possíveis objectivos últimos a atingir numa terapêutica de carácter psicodinâmico. Quero eu dizer, ou melhor realçar, que embora isso seja de clara importância, é também necessário não descurar objectivos de carácter mais urgente.<br /> De uma forma mais específica é preciso realçar que sem o cumprimento de objectivos intermédios e de características de urgência não será possível cumprir outros tantos objectivos de médio e longo prazo.<br /> É então necessidade primária dar ênfase à estabilização do paciente nos vários sentidos que essa estabilização pode implicar, tais como a estabilização necessária à aquisição de condições psíquicas necessárias à prática da psicoterapia, como a estabilização necessária para o desempenho diário do indivíduo ausente de perigos para o próprio e para os outros que o rodeiam, como a estabilização necessária no sentido de mínima preparação para o sofrimento incontornável resultante da análise etiológica, e tantos outros motivos que a tornam tão pertinente.<br /> Basicamente, e a título exemplificativo, de nada vale uma perspectiva de análise etiológica se entretanto o paciente se matar. Isto não quer porém dizer que se deve tratar de uma forma simplista e primária a sintomatologia da doença, aniquilando-a. Até porque por norma se isso se fizer nessa perspectiva a tendência é para esses sintomas se revelarem sob outras formas. E, muitas das vezes a única forma de eles não se transformarem noutras coisas (continuando sintomas da mesma doença) é através da resolução da doença em si e não do foco sintomático.<br /> O que realmente aqui se quer deixar bem claro, é que independentemente da resolução da doença e dos seus componentes sintomáticos, é necessário dar primazia à estabilização do paciente para que seja então possível atacar a doença com níveis de segurança mais aceitáveis.<br />Descurar a estabilização em prol de uma análise directa e de um ritmo psicoterapêutico sem assertividade e adequação pode custar desde a ineficácia e ineficiência da terapia em si até a consequências alheias à terapia de prejuízo extremo para o paciente.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 14/12/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170433690914416782007-02-02T16:25:00.001+00:002007-02-02T16:28:10.916+00:00“O que não sofri...”<div align="justify">A interpretação, a adaptação e a forma de lidar com os factores do mundo externo (isto é, aqueles do foro extra-psíquico que não estão ao alcance do controlo do indivíduo) apresentam-se muitas vezes como objecto de análise terapêutica. O mais comum seria pensar-se que desses factores externos os mais relevantes para a contribuição etiológica do desenvolvimento psicopatológico seriam os designados acontecimentos aversivos, mas isso nem sempre se mostra próximo da realidade.<br />Um acontecimento aversivo é desde logo uma forma interpretativa do próprio acontecimento, e consequentemente essa forma interpretativa inicial desde logo irá condicionar toda a perspectiva de adaptação e coping (a forma de lidar com...). De toda a maneira extender-me em demasia sobre este aspecto iria também limitar a abordagem ao tema proposto. Assim, será preferível deixar a porta aberta sobre ele, para que cada leitor possa reflectir sobre a sua própria interpretação, adaptação e coping aos factores do mundo externo, sem ser influenciado pela dinâmica escrita.<br />O que realmente não pode passar em claro são as interpretações distorcidas, as inadaptações e as formas de coping que influenciam o indivíduo no sentido psicopatológico, independentemente do foro caracterológico dos acontecimentos do mundo externo.<br />Para que fique esclarecido não é aqui posta em causa a realidade, ou o que é real, pois o que interessa ao nível psíquico é a realidade de cada um e/ou a forma como cada um a vê. Interessa também pôr de certa forma em questão a realidade de certas pessoas, desde que ela seja prejudicial ao próprio e/ou aos que o rodeiam, isto é, formulações sobre a realidade de carácter psicopatológico.<br />Passando para a prática e para os exemplos (abstractos para protecção da confidencialidade dos pacientes). Em determinado momento da vida de alguém surgiu um acontecimento externo cujo grau de significância foi elevado (sendo que esse grau elevado foi incontestável, incontornável e inevitável para a própria pessoa) e ao mesmo tempo caracterizado pela pessoa como altamente negativo. Essa pessoa adaptou-se a esse acontecimento negando-o, ou seja, dizendo para ela própria que não aconteceu, não foi verdade, aquilo não se passou na sua vida. O objectivo dessa negação foi evitar que esse acontecimento da realidade externa a deixasse em sofrimento em elevado grau (essa negação poderia não ter sido patológica se não se tivesse prolongado muito para além do assertivo).<br />O tempo foi passando, até que dois anos mais tarde apareciam os primeiros sintomas de depressão. Três anos mais tarde a sua vida era auto-considerada como insuportável. Essa pessoa tinha por exemplo vontade de chorar permanentemente e quase nunca sabia sequer porque estava triste, achando que não existiam motivos aparentes para essa tristeza pois não lhe tinha acontecido nada de mau. </div><div align="justify">O que é certo é que ela tinha razão, as verdadeiras motivações que estavam na origem de toda aquela tristeza desmesurada e sem sentido aparente, estavam lactentes, remetidas para o inconsciente, sob a forma inicial de negação e sob a forma actual de auto-repressão e recalcamento.<br />Aquela pessoa tentou evitar o inevitável: o sofrimento (associado ao acontecimento externo). Esse sofrimento reprimido, e não vivenciado quando lhe era mais devido, tornou-se diferente (por alguns também considerado como maior), arrastado no tempo, fechado na sua vida intrapsíquica.<br />É de boa conveniência salientar que não é o sofrimento que origina a patologia, mas sim o não vivênciar do mesmo na altura que se pode considerar como mais assertiva. O mesmo acontecimento vivido pela mesma pessoa pode ser factor desencadeante de elementos patológicos ou não. O indivíduo singular não controla a maioria dos factores externos (e até mesmo os internos, mas isso é outra questão...), mas a forma como lhes dá significado, a maneira como lida com eles, pode ser o suficiente para diferenciar entre a patologia e a saúde mental.</div><div align="right"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 29/11/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170433312632498422007-02-02T16:20:00.000+00:002007-02-02T16:21:52.636+00:00“Terapêutica farmaco-medicamentosa.”<div align="justify">Como é do conhecimento geral, eu sou Psicólogo, e não é da minha competência profissional prescrever terapêuticas à base de fármacos para problemáticas do foro psicopatológico. Essa função diz respeito a outra entidade profissional: o Psiquiatra.<br /> Devo desde já alertar que procuro propor aqui uma perspectiva construtiva e incentivadora da colaboração pluridisciplinar, em pról do melhor benefício dos pacientes. Este ponto aparece enquadrado numa concepção quase mitológica da rivalidade hipotética, subliminar e ao mesmo tempo tantas vezes obvia que existe entre estas profissões.<br />A etiologia desse quase mito, pode estar em várias componentes pseudo- abstractas, como a ameaça da Psicologia à Psiquiatria derivada do entrusamento entre competências profissionais, ou seja, ambas têm âmbitos de interesse similares, e sendo a Psiquiatria mais antiga que a Psicologia, uma sente-se ameaçada por outra...<br />Poderiam e não deveriam existir razões para tal hipotética divergência, já que embora o âmbito de interesse seja similar, os métodos de abordagem são diferentes. Mesmo assim há ainda quem defenda que um é melhor que o outro e vice-versa.<br />Na realidade não há um melhor do que outro, até porque se utilizados de forma competente são altamente complementares. Claro que em certos casos a psicoterapia como método de abordagem exclusivo é mais adequada que a terapêutica farmaco- -medicamentosa em seu complemento, o problema é que os casos em que se pode dizer o contrário são muito específicos.<br />Dizer o contrário é dizer que em certos casos a terapêutica farmaco- -medicamentosa é melhor sozinha. Ora, isso só faz sentido num número de casos muito restrito, e mesmo nesses casos de patologia grave e crónica a psicoterapia pode ter uma palavra a dizer no benefício dos pacientes, quer em relação à patologia em si e no que respeita às generalidades circundantes da mesma e tudo o que ela pode envolver, quer para a melhoria da qualidade de vida do próprio e dos que lhe são próximos. <br /> Mas, dirigir a discussão temática nesse sentido nem é produtivo, nem é funcional para qualquer uma das entidades profissionais. O ideal seria procurar funcionar em complementaridade assertiva à revelia de discussões eternas baseadas em argumentos de qualidade no mínimo muito duvidosa.<br /> Para isso, basta perceber que em muitos casos o paciente (alvo de todo o interesse dos técnicos) necessita de ambos profissionais para que possa ter benefícios reais, quer dos medicamentos, quer da psicoterapia. Mais do que isso, nesses casos seria altamente benéfico para o paciente que ambos os profissionais pudessem cruzar dados.<br /> Basicamente, há pacientes cuja estabilidade actual e as condições psíquicas não lhe permitem o usufruto da psicoterapia, e nessa medida necessitam de ser medicados para que dela possam vir a usufruir assim que tenham as condições psíquicas necessárias à sua prática. Há também pacientes que têm todas as condições para a psicoterapia se iniciar sem qualquer medicação, que por qualquer razão vão primeiro ao Psiquiatra, e são muitas vezes medicados sem uma necessidade puramente real (também à Psicólogos que não enviam para a Psiquiatria pacientes que necessitam dela). Há ainda outros que vão à Psiquiatria na procura do comprimido mágico, que não é mais do que a anulação sintomática e não a resolução problemática da patologia em si. Estas pessoas querem tomar comprimidos a vida toda? </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 31/10/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1170433139371563552007-02-02T16:15:00.000+00:002007-02-02T16:18:59.386+00:00“Nem 8 nem 80...”<div align="justify">Este título pode sugerir que uma postura assertiva se refere a componentes de equilíbrio em detrimento de posicionamentos extremos, e/ou mesmo que as posições de extremidade não se enquadram em parâmetros que possam ser passíveis de ser nomeadas como equilibradas. Ou ainda, que as posturas extremas não são de todo adequadas, isto é, não são assertivas.<br />Contudo, nem sempre é assim. Basta avivar a memória para determinados dados que nos indicam que, por exemplo, é em momentos de grande desequilíbrio que a criatividade mais se activa. Outra questão é a forma como é direccionada essa criatividade, se numa vertente funcional, construtiva e produtiva, ou se pelo contrário, numa perspectiva de disfuncionalidade, destrutividade e de inactividade. Então, trata-se não de classificar numa dicotomia dualista e reducionista do género equilíbrio vs. desequilíbrio, mas sim de perceber e adequar as formas de lidar (coping) com esses posicionamentos centrais ou extremistas (ou qualquer outro grau ou dimensão posicional).<br /> É necessário realçar que o que aqui se dá pelo nome de posicionamento, refere- -se, ao estado mental, e que, se pretende alertar para que estar mentalmente desequilibrado não significa necessariamente estar-se doente ou ter-se uma patologia mental. Significa também que, um estado mental extremo ou desequilibrado pode, quando direccionado assertivamente, ser algo muito produtivo e funcional. Pode e deve mesmo dizer-se que todos nós temos pelo menos traços do que poderia ser identificado como características de psicopatologia, mas que quando correctamente utilizados nos permitem viver, por exemplo, longe do perigo.<br />Um exemplo típico disso, são as características ansiosas que nos permitem não sermos atropelados quando pretendemos atravessar uma rua. Antes de o fazermos, as nossas características ansiosas permitem-nos ter consciência do possível perigo eminente e de não atravessarmos sem olhar para os dois lados, tal como alguém já antes nos havia ensinado como meio de prevenção do tal hipotético perigo eminente. São traços de ansiedade utilizados de forma adequada e necessária para evitar o perigo. Se pelo contrário ao atravessarmos a rua ficamos a meio do caminho estagnados pela ansiedade do perigo, corremos o risco de ser atropelados devido a uma utilização incorrecta dos tais supostos traços ansiosos.<br />Melhor dizendo de forma simplista e metafórica, a utilização de traços ansiogénicos de forma assertiva implica comportamentos de fuga ou de luta e não de inactividade. É claro que lutar ou fugir pode ser ou não assertivo, mas isso depende da multiplicidade de factores específicos de cada situação e indivíduo. Ou seja, se no meu percurso encontro um cão raivoso preparado para atacar, ou fico para o enfrentar ou activo um método de fuga ao perigo. Se numa situação dessas ficar estagnado e sem reacção, quando o cão me atacar não vou ter activadas as minhas defesas perante tal perigo, e posso dar-me mal com isso.<br />De toda a forma, as características ansiosas são apenas um exemplo entre tantos outros, tais como as características depressivas, psicóticas, obsessivas (etc.) que podem ser bastante úteis para a nossa vida diária e sobrevivência básica. </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 11/10/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169646183162408532007-01-24T13:27:00.000+00:002007-01-24T13:43:03.176+00:00“Síndrome do Processo Jurídico...”<div align="justify">Como é do conhecimento geral, a transgressão das normas tidas em conta sob a forma legal, dispõe de sanções previstas para os transgressores, e, os lesados pelos actos dos transgressores dispõem também de direitos e deveres legais. Mas, não é de todo enquadrado nos objectivos que fundamentam estas crónicas divulgar verdades de la Palisse. Será sim (não só, mas também) poder incentivar as liberdades pessoais ao questionamento do totalitarismo das verdades consideradas como básicas e absolutistas.<br /> Para clarificar mecanismos deambulatórios, e até consideravelmente justos por parte do leitor, devo orientar a generalidade do tema para a especificidade que pretendo abordar. Isto é, não se trata aqui de agendas políticas, vagas de corrupção, fiscalização inapropriada e ineficiente, reabilitação deficiente das instituições de punição activa, e entre tantos outros elementos passíveis de consideração (não é que estes elementos não estejam implicados directa e/ou indirectamente no assunto aqui abordado).<br />Trata-se sim de abordar alguns elementos relacionados com os processos jurídicos que estão implicados no desenvolvimento do que aqui chamo de Síndrome do Processo Jurídico. Ou seja, abordar tipos específicos de crimes e/ou transgressões legais que podem desenvolver, no indivíduo lesado, traumas mentais com génese por exemplo em violações de carácter sexual, violência familiar, homicídio, maus tratos e outros.<br />Na resolução do trauma mental, com génese em actos passíveis de punição legal tais como os acima mencionados, os lesados numa parte significativa das vezes recorrem ao seu direito legal de acusar os infractores. Não é da minha função fazer julgamentos sobre essa opção válida, mas quando por trás dessa opção estão motivações cuja fundamentação psíquica é distorcida relativamente ao que a realidade dessa opção oferece, então poderemos estar sob a eminência de um possível caso da síndrome que dá nome a esta crónica.<br />As motivações a que acima me refiro podem ser inconscientes, mais quanto à sua dinâmica funcional do que quanto ao seu conteúdo. Para que se entenda, as motivações podem ser algo do género (com base em crenças distorcidas e irracionais): a resolução traumática é proporcionada pela culpabilização do infractor; culpar o infractor sob a forma legal vai diminuir as consequências negativas do trauma instaurado; se o culpado pelo aparecimento da dor psíquica for punido ela poderá diminuir ou desaparecer; e, entre outras similares.<br />Quero eu dizer que o indivíduo pode conhecer parte dessa motivação no que respeita à sua materialização consciente em crenças (que o indivíduo desconhece serem irracionais), tais como as já mencionadas. O que o indivíduo pode não conhecer é a tal dinâmica funcional que deu origem a essas crenças e que as mantêm como sendo verdades racionais.<br />Não é demais recordar que o material inconsciente é pré-lógico, pré--linguístico e pré-racional, e, sendo que a origem das tais crenças é inconsciente, é também normal que as crenças se formem na base de todos os outros materiais inconscientes. É ainda relevante focalizar ainda mais esta questão, isto é, após uma situação traumática (como as já referidas) a busca incessante para minimizar os estragos utiliza todas as armas possíveis, mesmo as que não sejam as mais assertivas. O que é certo é que a assertividade é um tipo de linguagem que não se enquadra no material inconsciente, que é pré-linguístico.<br />Para não dispersar do tema, vou descurar todos os outros tipos de armas utilizadas pelos indivíduos após situação traumática, e concentrar-me naquela que vos tenho vindo a tentar expor: a criação de material inconsciente pós-situação traumática, que origina crenças irracionais sob a forma de material consciente, e, que em última instância podem levar o indivíduo a desenvolver a Síndrome do Processo Jurídico.<br />O que é então a Síndrome do Processo Jurídico?<br />A explicação mais breve, talvez a mais clara e a menos complexa, seria dizer que é o conjunto de características psicopatológicas que um indivíduo desenvolve quando numa situação pós-traumática utiliza a arma inconsciente, para além de outras, que lhe permite criar defesas conscientes, sob a forma de crenças irracionais, para poder combater, suportar ou minimizar os danos causados pelo trauma sofrido. Essa condição leva o indivíduo a ter falsas expectativas quanto aos objectivos do processo jurídico, isto é, basicamente acreditar que através da condenação do infractor a sua dor vai pelo menos diminuir, o que na realidade não acontece. O facto de o lesado esperar, consciente ou inconscientemente, que a condenação do infractor resolve os seus problemas mentais pode levá-lo a um estado de novo choque e/ou trauma agravado, pois chegar a uma nova conclusão de que a dor continua lá, que a condenação em nada aliviou o seu sofrimento, ao contrário do esperado, é o mesmo que dizer que estão então instaladas as condições ideais para o desenvolvimento da referida síndrome.<br />Claro que a juntar a tudo isto, não pode e nem deve deixar de ser referido que a normal morosidade de quase qualquer processo jurídico é uma inevitável forma de reforçar as características necessárias para o desenvolvimento da síndrome. Ou seja, após um longo período de processo jurídico em que o indivíduo acredita piamente que quando este acabar a sua dor também não se perlongará mais, e que para além disso já sofreu demais com o próprio processo e por causa dele que já não será justo sofrer mais, então o prognóstico torna-se ainda mais grave.<br />Reparem que de uma forma muito rudimentar estes indivíduos têm a expectativa de resolução de conflitos internos (lidar com o sofrimento causado pela situação traumática) através de soluções externas a si próprios (condenação do infractor através do processo jurídico). Tal como já disse anteriormente não me compete a mim avaliar a eficácia dos objectivos propostos pela lei. Mas compete-me alertar para aspectos peculiares, como este que vos trago. <br />Os processos jurídicos não resolvem os problemas mentais dos lesados. Pode mesmo acontecer que piorem esses problemas mentais, se não forem tomadas medidas necessariamente adequadas à idiossincrasia dos casos. </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 27/09/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169645177302104542007-01-24T13:11:00.000+00:002007-01-24T13:26:17.320+00:00“Sexo e ciúme...”<div align="justify">Estamos numa altura do ano na qual uma parte significativa da população portuguesa aproveita para passar férias, sendo que dessa parte significativa a maioria opta por destinos que envolvem a componente vital água, mais especificamente as designadas praias.<br /> Para além de toda a dinâmica social, de recreio, da procura de lugares com propensão à diminuição da temperatura corporal (isto é, a procura da água para combater o calor externo, próprio do Verão) e de tantos outros factores motivacionais, existe também um interessante regresso às origens de pós-concepção e pré-nascimento (mas isso é outra questão cuja abordagem poderá ser focada noutra crónica, e, para que esta não deambule num tema que não é o seu, por agora não a alargo mais).<br /> Este é um tema polémico que se destina principalmente a esclarecer alguns entraves relacionais ao nível do casal. Quero eu dizer, problemáticas conjugais cuja origem primária se situa na não compreensão da inevitabilidade da existência das pulsões sexuais e de tudo o que a sua existência pode envolver. Por outras palavras, há casais que têm problemas relacionais motivados pela não compreensão e consequente não aceitação de uma das componentes básicas do ser humano.<br /> Obviamente que a complexidade do tema e a vastidão implicada no mesmo pode originar interpretações inadequadas das generalizações acima descritas, que por si só são algo perigosas. Para evitar correr riscos dessa índole nada melhor que exemplificar com casos reais, isto é, deixar o geral em prol da especificidade.<br /> Um casal heterossexual, cuja mulher tinha muitos ciúmes do marido, fazia questão de dar aso à sua conjuntura obsessiva constituída pela possibilidade de ela não ser a única mulher do seu cônjuge, pelo medo de perder o marido, pela sua insegurança em não ser suficientemente boa (e, tantas outras). Para isso e por causa disso, necessitava da constante e permanente confirmação de que as suas obsessões não tinham razão de ser, tornando essa confirmação em “rituais compulsivos de perseguição” ao seu parceiro. Numa outra linguagem, para esta mulher se por exemplo o seu parceiro olhasse para outra mulher, independentemente da forma ou do porquê, isso era o mesmo que ele lhe dizer que não a amava, e/ou ele a traía, e/ou ela não era suficientemente boa para ele.<br /> O que é certo é que este homem (heterossexual), tal como qualquer outro, tinha a tendência natural de olhar para o sexo oposto (já para não falar da tendência natural para olhar para outros seres humanos independentemente do sexo). O que este homem tinha de diferente de tantos outros é que a sua tendência natural de olhar para o sexo oposto estava pseudo-constrangida pela postura compulsiva da sua mulher, que lhe ditava para fazer o contrário à sua tendência natural. O que aconteceu, na verdade foi uma confirmação involuntária e ao mesmo tempo natural das obsessões infundadas da mulher. Ou seja, este marido não fazia nada de errado sendo que é natural olhar para outras mulheres, não significando isso que ele a traía, e/ou que ela não era suficientemente boa e assim sucessivamente. Apesar disso o que ela interpretava era a confirmação da razão de ser das suas obsessões (tecnicamente, um viés confirmatório) e não a tendência natural do marido (“olhar para o sexo oposto”) que já permitira anteriormente contribuir para juntá-los e ainda contribuía para os manter. Esta mulher tinha medo dessa tendência natural contribuir para que o marido se juntasse também com outra mulher.<br /> Existem aqui factores que vou descurar tais como as consequências catastróficas da vida diária deste casal, e, da vida diária de cada um dos elementos em particular. Apesar disso devo ainda referenciar que as obsessões desta mulher aumentavam significativamente na ausência do marido, e, quando este voltava por muito fiel que ele fosse para ela isso era algo irreal. Já para não falar ainda do efeito contraproducente em relação aos “objectivos” da mulher referidos nos conteúdos obsessivos, isto é, este marido inconscientemente encarou o tal constrangimento como um factor de propensão para “olhar para as outras mulheres”, o que ainda tornou a situação mais complicada.<br /> Voltando agora ao início e às praias, imaginem este casal na praia em que vocês elegeram para as vossas férias... Talvez para este casal essa praia não tenha propriamente o significado que por norma se atribui às férias e à quebra da rotina anual.<br /> É ainda necessário realçar que no caso acima referido, independentemente de tantas outras problemáticas que pudessem existir e mesmo da génese do conteúdo obsessivo da mulher, este casal tinha um funcionamento deficitário e mantinha esse mesmo tipo de funcionamento principalmente devido a uma questão que se tornou psicopatológica na mulher enquanto ser individual. O que é facto é que a sua psicopatologia acabou por contagiar o casal e consequentemente também o marido enquanto indivíduo.<br /> Acima referi que se ia tratar de um assunto relacionado com a problemática conjugal devido à não compreensão da inevitabilidade da existência das pulsões sexuais e da consequente não aceitação dessa condição básica no ser humano, mas dizê-lo apenas dessa forma não é talvez o mais assertivo. É imprescindível acrescentar que por vezes existem obstáculos que não dão permissão à possibilidade compreensiva. Ou seja, podem existir (como no exemplo referido) componentes psicopatológicos impeditivos para que a simples compreensão possa ser suficiente para resolver o problema. “Basta” que para isso haja uma conjuntura de moral aprendida que não seja compatível com a compreensão de “toda” a dimensão das pulsões sexuais, do próprio ou dos outros. Isso significa que a esse indivíduo pode ter sido ensinado por exemplo a negar ou a associar a perversidade às pulsões sexuais inevitáveis. Isso pode ainda significar uma não auto e/ou hetero compreensão e aceitação, como ser humano na sua “plenitude”.<br /> O importante é que, independentemente da dimensão moral aprendida e de toda a conjuntura natural, o casal e o indivíduo em particular tenham um funcionamento adequado e não problemático, perturbado, psicopatológico. Ou seja, é quase impossível existir alguém sem conflitos internos, e é até normal eles existirem, mas torna-se necessário averiguar se esses mesmos conflitos permitem um funcionamento dito normal ou se pelo contrário tornam o funcionamento significativamente deficiente nas mais diversas áreas de vida ou em pelo menos algumas das mais importantes. </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 31/08/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169644267132336402007-01-24T13:06:00.000+00:002007-01-24T13:11:07.496+00:00“Encarregado de Educação Menor - Inversão de Papeis?”<div align="justify">É supostamente certo e sabido que a escolaridade (“obrigatória” em Portugal até 9.º ano de escolaridade ou 16 anos de idade) é uma das componentes, do complexo e vasto rol educativo, cuja importância real e relativa se pode considerar fundamental. Da anterior afirmação, poucos serão os que a contestem, pelo menos no que respeita à sua essência. Certo ou errado!?<br /> O que certamente importa são aqueles que se enquadram no grupo dos poucos que a contestam, e que não a contestam de uma forma qualquer e insignificante. Quero eu dizer que existem pessoas que por exemplo não consideram fundamental para a educação dos seus filhos a componente escolar.<br /> Vejamos um exemplo resumido e ilustrativo retirado das sessões de psicoterapia de um paciente seguido por mim. Esta pessoa quando tinha quinze anos de idade foi literalmente obrigada pelo seu pai a abandonar os seus estudos, sendo ainda, para além disso, também obrigada a trabalhar. Apesar do seu sucesso escolar e da sua vontade de continuar o seu percurso escolar, viu-se na condição daquilo que na língua portuguesa se pode designar por escravatura, já que todo o seu dinheiro, fruto do seu trabalho física e psiquicamente pesado (e ilegal), era retido pelo seu pai. O indivíduo em causa descontente com esta situação indesejada, resolveu pedir ajuda às autoridades competentes, que cumpriram o seu papel, permitindo-lhe voltar para a escola (este processo de pedido de ajuda envolveu grandes dificuldades).<br /> Claro que esta história não fica por aqui, pois apesar de ter concluído o 9.º ano, este indivíduo viu-se novamente obrigado a abandonar a escola por falta de meios de sobrevivência. Isto é, teve que ir outra vez trabalhar, desta vez para poder comer, ter tecto, vestir, e, quem sabe viver.<br /> Não posso deixar de realçar mais uma vez que esta pessoa tinha sucesso escolar, melhor dizendo, tinha boas notas. Ou seja, ou bom aluno e um potencial futuro desalojado da sua vida pelo próprio pai (esta interpretação baseia-se na globalidade de material terapêutico e afins que por razões obvias de espaço e sigilo profissional não estão aqui mencionadas).<br /> Partindo para uma componente mais teórica da questão torna-se imprescindível esclarecer que, independentemente do conjunto motivacional que levou à acção por parte do progenitor acima referido, não se trata de uma tentativa de responsabilizar o filho de forma inadequada. Quando muito a acção resulta numa responsabilização forçada e na consequente inversão de papeis? Não. O papel de pai (encarregado de educação) foi desempenhado pelo filho (educando), mas o papel do filho (educando) continuou a ser desempenhado pela mesma pessoa. Ser filho e ser pai ao mesmo tempo é algo perfeitamente normal, ou seja um indivíduo é filho do seu pai e esse indivíduo tem depois os seus filhos. Mas ser pai de si próprio, e filho de si também, na mesma pessoa... (Con)fusão de papeis...</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 02/08/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169643949802685572007-01-24T13:04:00.000+00:002007-01-24T13:05:49.803+00:00“Nojo e luto...”<div align="justify">Quando existem motivos suficientemente fortes para provocar o nojo, infelizmente nem sempre esses mesmos motivos são desencadeadores do processo de luto normal, luto este necessário para que toda a conjuntura psíquica desagradável seja realmente ultrapassada de forma considerada normal (entenda-se por nojo ou luto toda a dinâmica global desagradável ,que incluí tristeza e/ou mágoa e/ou pesar e/ou desgosto e/ou repugnância e/ou entre outros, devido à morte ou perda de um ente querido).<br />Assim, um indivíduo pode sentir nojo ou luto, mas não entrar num processo de luto dito normal. O processo de luto normal pode ser caracterizado por quatro etapas interrelacionadas e graduais, que normalmente têm a seguinte ordem temporal: choque e negação, protesto e dor, desespero, e, aceitação. A duração de um luto normal é altamente variável consoante todo o conjunto de parâmetros existentes, no entanto por norma não ultrapassa os 12 meses. As características sintomáticas mais comuns são algo semelhantes a algumas da depressão patológica (tristeza, choro fácil, perda de peso, falta de apetite, insónia, etc.), mas esses sintomas são considerados normais devido à origem (morte ou perda de um ente querido).<br />O que normalmente difere um luto patológico de um normal é que no patológico, para além de tudo o que se considera comum acontecer (descrito sucintamente acima), o indivíduo pode apresentar: tendência para se culpabilizar acerca das causas da morte ou da perda do ente querido e/ou pelo que poderia ter sido feito para evitar o sucedido; ideação de morte exclusivamente de substituição e/ou de solidariedade, isto é, querer substituir o ente que morreu por ele próprio e/ou querer morrer com ele; lentificação psicomotora persistente; desvalorização da morte e/ou perda; perda significativa da funcionalidade de forma persistente e prolongada nos diversos contextos de vida; alucinações relativas à voz ou imagem do ente que morreu ou que se perdeu.<br /> Uma outra característica de qualquer tipo de luto é a imutabilidade do sucedido, e a consequente inevitabilidade do sofrimento causado. A forma de lidar com o sofrimento torna-se assim o foco principal de toda a conjuntura que está envolvida no luto e no seu respectivo processo. Ou seja, o luto não pode ser evitado e tem que ser necessariamente vivenciado, o importante é conseguir, na medida do possível, viver o sofrimento causado da forma mais assertiva e adequada possível. Isto é, por exemplo, negar aquando do choque, protestar a perda e/ou morte, viver a dor inevitável, desesperar, e, aceitar a condição imposta pela vida: a morte e/ou perda. Pode ser caminho para o luto patológico, por exemplo, persistir na negação do sucedido, tentar evitar e/ou camuflar e/ou negar o sofrimento, tentar não desesperar se assim o tem que ser, não aceitar a seu tempo o que se passou.É ainda de realçar que a vivência idiossincrática de cada luto específico, pressupõe especificidades que são importantes considerar, às vezes mais do que as generalidades acima descritas. Existem muitas pessoas que consideram precisar de ajuda profissional mesmo para ultrapassar um processo de luto dito normal, e outras, que se poderiam considerar em luto dito patológico não necessitariam dessa ajuda. Claro que por norma e salvo raras excepções, um luto patológico requer ajuda profissional, pois as consequências da não ajuda são quase sempre nefastas para a vida do indivíduo em processo de luto e para os que mais próximo dele se situam. Basta ter em conta exemplos reais como: o indivíduo que persiste na fixação que a morte do ente querido foi culpa sua e que acha que deve morrer também, nem que para isso tenha que se matar; ou naquele outro que depois da morte de um ente querido nunca mais foi capaz de trabalhar, isto 17 meses depois; ou ainda aquele que realiza as suas actividades diárias como se o ente querido ainda estivesse vivo, quando este já faleceu à mais de 10 anos; e tantos outros. De qualquer forma a ajuda profissional, quando bem orientada, é normalmente bastante eficaz e produtiva neste tipo de casos. </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 19/07/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169643619306272062007-01-24T12:57:00.000+00:002007-01-24T13:00:19.310+00:00“Fogo posto...”<div align="justify">Numa altura do ano em que os fogos florestais fazem parte da nossa vida diária, será conveniente alertar para uma perspectiva específica da realidade global que se apresenta: o fogo posto pelo prazer de ver arder.<br /> Ou seja, não se trata de fazer uma abordagem generalizada dos fogos que se iniciam pela mão humana de forma intencional, mas sim remeter a abordagem ao que se designa por piromania. Deste modo todas as outras formas de fogo posto que não as incluídas nesta perturbação não serão abordadas.<br /> As pessoas com perturbação piromaníaca têm um comportamento incendiário de forma intencional e deliberada (e, muitas vezes com grau elevado de premeditação), ocorrendo várias vezes ao longo da vida. São pessoas que antes da acção comportamental incendiária experienciam um aumento significativo da tensão, e que, normalmente se sentem aliviados (libertos de tensão) após consumado o acto inicial (pôr fogo). São indivíduos que por norma sentem fascínio, interesse, curiosidade e/ou atracção pelo fogo em si e pelos contextos em que ele ocorre (para estas pessoas ver um fogo pode ser uma actividade muito prazerosa).<br /> O que realmente distingue estes incendiários com patologia piromaníaca dos outros incendiários intencionais (patológicos ou não) é que os indivíduos com piromania não ateiam os incêndios com objectivos lucrativos (financeiros ou outros), nem para marcar posições políticas ou sociais, nem para demonstrarem a sua ira ou vingança, nem para melhorar as suas condições de vida, nem mesmo como consequência de questões alucinatórias ou ideias delirantes (e outros). Na piromania os incêndios são ateados pelo prazer de ver arder, pelo prazer do fogo em si, pelo gosto em ver o poder destrutivo causado em propriedades e florestas, pelo prazer dos resultados finais...<br /> Uma outra característica importante destas pessoas refere-se à sua incapacidade avaliativa sobre as consequências dos actos cometidos por si numa perspectiva de avaliação que se considera a normal. Ou seja, a sua avaliação das consequências tem uma dimensão exclusivista (no sentido do prazer dos resultados obtidos pela consumação do fogo posto), que não lhe permite olhar para a realidade de outra forma que não essa, a sua perspectiva reducionista e distorcida da realidade.<br /> Apesar de não existirem dados conclusivos quanto a características etárias da patologia sabe-se que quando ela existe na adolescência está normalmente associada a outras patologias como as perturbações do comportamento, as perturbações de hiperactividade com défice de atenção e as perturbações da adaptação. Isto é, a piromania pode ver-se como perturbação pseudo-isolada, como perturbação associada ou como forma sintomatológica.<br />Felizmente para nós este tipo de patologia pode-se considerar rara, mas mesmo assumir isso é inconclusivo, pois a informação nesse sentido não me parece de todo suficiente. Por exemplo, ao olhar para o panorama nacional de incêndios e para a investigação muitas vezes inconclusiva das origens dos incêndios, a possibilidade de legitimar um número de incendiários piromaníacos aproximado à realidade esvais-se.<br />Assim, parece-me obvio que, independentemente da tipologia da prevenção existente na questão dos incêndios, não se conhece a realidade de forma suficiente para que se possa produzir um sistema de prevenção mais eficaz, pelo menos no que se refere à prevenção da percentagem de fogo posto. Ou seja, se não se conhece sequer quem incendeia (ou mesmo se é alguém que incendeia ou se são causas naturais), não se pode determinar o perfil do incendiário, e se este perfil não pode ser traçado então não se pode objectivar a realidade de forma a perceber por exemplo qual a percentagem de incendiários piromaníacos e qual a sua significância. Ao desconhecer-se este tipo de premissas, a prevenção enquanto medida eficaz de combate aos incêndios intencionais pode estar seriamente comprometida ao fracasso.<br /> Posto isto, apresentar medidas no sentido do melhoramento das equipas de investigação científica poderia contribuir para inverter o ciclo anual dos incêndios (equipas multidisciplinares, formação e equipamento pode ser um investimento que poderia poupar muito aos cofres do estado a longo prazo). E juntando o útil ao agradável essas equipas de investigação poderiam dar um contributo significativo para a investigação psicológica da piromania, de outras formas patológicas associadas a comportamentos incendiários e mesmo na abordagem de perfis psicológicos, e, entre tantos outros planos de trabalho de utilidade pública. <br /> Seria muito útil verificar a importância (significância) do grupo de incendiários piromaníacos para possivelmente identificar e controlar de forma eficiente o grupo referido através de um conhecimento mais próximo da realidade dos números e das características da sua patologia. Só se pode contribuir para a investigação a este nível se se tiver acesso aos indivíduos que têm esta patologia, e para isso é necessário identificá-los...<br />Esquecendo agora um pouco aqueles fogos cuja origem se desconhece por completo ou parcialmente... De todos os incendiários intencionais acusados, julgados e culpados quantos foram submetidos a uma avaliação psicológica no sentido acima referido? Qual a importância real da avaliação psicológica para determinação da imputabilidade ou inimputabilidade do indivíduo julgado em tribunal?<br />Estas e outras questões são fruto do ainda ténue e aligeirado peso real da Psicologia e Psiquiatria Forenses quer no que respeita à decisão em tribunal, quer no que respeita às dimensões cientifica e de investigação. Por exemplo no que respeita à decisão, se ela tivesse em conta o real valor da avaliação psicológica poderia ser decidido, no caso de piromania, o acompanhamento adequado à patologia e não só a pura e simples prisão, que por si só não vai fazer com que o indivíduo deixe de ter a patologia, como também não a vai amenizar. O mais real será esse indivíduo voltar a dar aso ao seu prazer pelo fogo quando for libertado... E o ciclo (piromaníaco) continua... </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 28/06/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169642958384227882007-01-24T12:41:00.000+00:002007-01-24T12:49:18.386+00:00“Preciso de ajuda...”<div align="justify">O processo de autodeterminação da necessidade inultrapassável, incontornável e inadiável do pedido de ajuda psicológica é muitas vezes um processo tão ou mais complexo que o próprio processo terapêutico daí decorrente. É de realçar que não sendo fundamental recorrer à ajuda psicológica profissional nalguns casos, esta se demonstra preciosa na resolução das problemáticas existentes nesses casos de aparente não necessidade de ajuda, e, existem casos em que não existe problema algum e que as pessoas recorrem à ajuda no sentido de melhorar a sua vida e/ou de progredirem sobre si mesmas, para si próprias.<br />Para muitas pessoas chegar à conclusão que se tem um problema não é tarefa fácil, e quando esse problema é um problema que não se resolve por si, que não passa com o tempo (muito pelo contrário tem tendência ao agravamento), que sozinhos não o solucionam, que as pessoas que os rodeiam também elas não podem ou não conseguem ajudar, é, variadas vezes um problema com um peso tão importante quanto o problema em si, e, com uma dificuldade de reconhecimento acrescida (pela gravidade do problema). Pode até parecer algo paradoxal, mas a gravidade do problema afecta (em grau que depende da especificidade do problema e da sua interpretação) a capacidade de discernimento sobre o próprio problema.<br />Mesmo quando a dificuldade não passa pelo reconhecimento da problemática existente, a questão do passo inicial (pedir ajuda psicológica profissional) está muitas vezes inibida por um conjunto diverso de factores, tais como a auto e hetero imagem social e tudo o que lhe está implicado implícita e explicitamente, a questão financeira da linha profissional privada, a cada vez mais extensa lista de espera dos serviços públicos de psicologia e psiquiatria e entre muitos outros.<br />Um principal de entre os muitos outros não referidos acima, é o facto de que certas patologias cuja sintomatologia contém uma distorção acentuada da realidade não permitirem ao indivíduo ter a capacidade de formular processos de forma assertiva e eficaz que lhes permitam tomar as decisões mais adequadas perante as situações que vão ocorrendo. Assim, a sua dificuldade decorrente do problema pode agravar o próprio problema inicial de diversas formas, uma delas é a de não ter a capacidade para perceber por si (ou mesmo pela motivação de outros) que precisam de ajuda ou que para a obterem têm que tomar essa decisão no sentido de a concretizarem em acção. Recorrem muitas vezes a discursos tipificados (e/ou discursos internos de dissuasão da acção comprometedora) como por exemplo que não vale a pena, que ninguém os consegue ajudar, que não existe ajuda possível, ou ainda, que são capazes de resolver tudo sozinhos, que é melhor deixar andar (do que ser exposto ao sofrimento de base da problemática quando confrontados com a problemática em si...), que passará com o tempo, que tudo se resolverá com uma fórmula mágica (como por exemplo com exclusiva terapia farmacológica)...<br />É ainda necessário focar que a responsabilidade do pedido de ajuda passa não só pelo próprio indivíduo em questão, mas também pelos elementos (pessoas) circundantes a esse indivíduo, que têm uma importância relativa e muitas vezes determinante quer para essa decisão do pedido de ajuda, quer para a existência e resolução da problemática. Deve então ser tida em conta a co-responsabilidade das pessoas que fazem parte da vida do indivíduo que precisa de ajuda. Obviamente que a maior responsabilidade do pedido será conveniente que seja do indivíduo em questão, já que por exemplo o terapeuta dificilmente conseguirá ajudar alguém que coloca oposições severas a ser ajudado.<br />A questão que se coloca é: “Preciso de ajuda psicológica profissional?”. Apesar da simplicidade aparente da pergunta, quando a fazemos a nós próprios a complexidade aumenta. Pior será impedirmo-nos de ter a autoliberdade de a fazermos quando ela se torna adequada (“Então e quando é que ela se torna adequada?”). No mínimo será imprescindível perceber que até fazermos a primeira questão, outras perguntas vieram antes dessa, e, que se nos questionamos, normalmente procuramos respostas. Deverá ser essencial não apenas questionar, não apenas responder, mas também tornar em acção aquilo que muitas vezes fica apenas em palavras ou no pensamento.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 07/06/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169642138881833902007-01-24T12:27:00.001+00:002007-01-24T12:35:38.883+00:00“Na ausência do agente punidor...”<div align="justify">Uma das questões estudadas na ciência psicologia, segundo a perspectiva comportamentalista, é a punição. Relativamente a este aspecto (objecto de estudo, e, mais tarde estratégia de intervenção para diminuição da frequência, intensidade e duração de um comportamento indesejado) pode dizer-se que as evidências experimentais de laboratório demonstram que é realmente eficaz. Isto é, por exemplo se se associar a um comportamento não desejado um estímulo aversivo, esse comportamento terá tendência para diminuir na sua frequência, intensidade e duração.<br />Materializando este exemplo descrito teoricamente para uma componente mais prática, é o mesmo que dizer, metaforizando, que quando alguém faz algo de “errado”, punir essa pessoa é uma estratégia eficaz para que essa pessoa não o volte a fazer. De facto não se pode retirar a esta estratégia a eficácia “merecida”, mas deve ser questionada na sua assertividade enquanto resposta e enquanto estratégia operacional, e, especialmente quanto à sua real eficácia.<br />Quer isto dizer que se for analisada a estratégia “punição” nos termos acima referidos, ela parece ser “o remédio para todos os males”, mas se for visualizada duma perspectiva mais aprofundada, ter-se-á de imediato a noção de que a realidade que se apresenta é outra. Ou seja, para além da demonstração empírica laboratorial, a demonstração empírica da realidade em si revela que as principais críticas, já à muito fundamentadas, a esta estratégia são o mais próximo da verdade: a punição não funciona na ausência do agente punidor, isto é, só funciona na sua presença física.<br />Mesmo esta critica é facilmente criticável, quando se pensa nas tais experiências laboratoriais, mas há diversos exemplos práticos e do conhecimento de todos que a exemplificam de forma clara: é o caso do tão discutido “código da estrada” e da tão polémica e ambígua forma de actuar de alguns pais quando se questionam de devem ou não “bater” nos filhos como parte integrante da educação.<br /> Relativamente ao “código da estrada”, parece-me ser um exemplo que pode servir de metáfora e/ou analogia para outros tantos exemplos, no sentido em que o seu carácter cada vez mais punitivo do seu não cumprimento, continua apenas a funcionar para que os utilizadores das vias públicas o queiram cumprir quando se vêem confrontados com os agentes da autoridade com competências punitivas. As pessoas não usam cinto de segurança para esse efeito de protecção, mas sim porque é obrigatório, e, se é obrigatório o seu não cumprimento dá coima. As pessoas não andam devagar ou a velocidades que lhes permitem ter segurança mínima por esse motivo, andam a velocidades excessivas e reduzem para a velocidade limite quando sabem que se aproximam de um radar. Obviamente que estas pessoas não são todas, mas não serão a maior parte? O que está em causa é que as pessoas em vez de zelarem pelos seus interesses e seguridade estão fixadas no medo das represálias e nas suas consequências. Não estão tão importadas se têm um acidente e se magoam (a eles e aos outros), estão preocupadas com as coimas e com o facto de serem ou não “apanhados”...<br />Sobre o segundo exemplo relativo à componente educativa (dos filhos), a explicação deixada ao “código da estrada” é esclarecedora, mas contudo insuficiente devido à própria metaforização. Assim, convém ainda ter em conta alguns pontos fundamentais: existem alternativas (realmente eficazes) à punição e/ou métodos punitivos adequados à complexidade da situação específica quando utilizados em complementaridade com outras medidas de redução comportamental; nem todas as formas de punição são de conteúdo agressivo; quando a punição é exercida sob a forma de agressividade física e/ou psíquica (“bater”, “agressividade verbal”...) o efeito gerado pode ser catastrófico, desde o desequilíbrio emocional, o medo, a auto e hetero agressividade, até mesmo ao efeito contrário ao desejado pelo punidor, entre outros; a punição só funciona realmente na presença do punidor, na ausência deste o elemento punido poderá ter o mesmo comportamento pelo qual foi punido; com a utilização da punição como estratégia para a diminuição de um comportamento, o elemento punidor pode ver esse comportamento por si indesejado diminuir (o comportamento do elemento punido) não porque o elemento punido compreende as motivações auto e hetero necessárias para não o efectuar, mas sim pelo medo da punição e de tudo o que esta contém; (...).<br />Assim, responder a comportamentos que consideramos “indesejados” de forma punitiva não resolve a situação comportamental na sua plenitude, se é que a resolve de qualquer forma. A questão prende-se com facto do que realmente queremos que aconteça ou que não aconteça, e nisso temos que nos questionar muito bem a nós próprios, porque senão teremos que continuar a arcar com as consequências dos nossos comportamentos de resposta punitivos. Ou seja, queremos conduzir em segurança ou queremos fugir às multas? Queremos que os nossos filhos conduzam em segurança ou queremos que eles fujam às multas? </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por<em> João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 24/05/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169641651537212782007-01-24T12:24:00.000+00:002007-01-24T12:27:31.540+00:00“O meu amigo silêncio.”<div align="justify">Certamente que o leitor se poderá questionar sobre a generosidade metafórica, de conteúdo controverso e/ou irónico em que se prima este título. De facto, a ausência de conteúdo “sonoro” pode ser benéfica nas situações mais variadas, mas não é de música literal que aqui se pretende abordar. Trata-se em vez disso de relações interpessoais, as relações entre as pessoas, a ausência delas e aquelas cuja comunicação tem características de não a ter, ou, de a ter de forma distorcida. <br /> Como o tema proposto para reflexão é vastíssimo, será considerado apenas numa perspectiva mais específica de abordagem, aquela a que o título faz referencia subliminar: a ausência da relação esperada. Esperada no sentido de imposição social ou até de imposição biológica? (E) Ou expectativa do indivíduo específico? Vivência da relação que não existe de forma idiossincrática?<br /> O conjunto de exemplos que se tornam casos clínicos é esclarecedor desta temática. São desde os casos em que uma das figuras vinculativas primárias ou não existem ou estão ausentes, até aos casos em que o indivíduo espera encontrar uma nova figura à qual se vincular e não a consegue “achar” pelos mais diversos motivos. Por outras palavras desde a ausência de um pai, até à ausência de uma namorada.<br /> As questões que se levantam não dizem respeito aos casos que, embora esta ausência da relação esperada exista, os indivíduos a vivenciam de forma adequada, isto é, de forma assertiva a tal ponto que essa situação por si só não origina qualquer forma patológica. Mas sim, aqueles que ou não sabem lidar com essa situação, e/ou não a reconhecem como problemática (se ela assim o for), e/ou lidam com ela de forma deficiente/insuficiente.<br /> É também, de certa forma, comum que neste tipo de ausências se desencadeiem formas patológicas de lidar com a situação já que ela por si só pode ser bastante problemática, o que não implica que exista (ou não) também alguma pré-disposição para a forma ineficaz de lidar com a situação. Até porque, existem formas de lidar com a situação promotoras de resolução das problemáticas e de tudo o que as envolve, e pessoas com características próprias que lhes permitem à prior implementar essas medidas promotoras sem recorrer por exemplo à ajuda psicológica. <br /> Ou seja, a situação tem peso variável de influência para cada indivíduo e cada indivíduo tem características próprias que lhe permitem lidar com essa situação de forma muito singular. O indivíduo é influenciado pela situação e a situação revela contornos promovidos pela influência do indivíduo.<br /> Voltando agora à questão de fundo, o indivíduo perante a ausência relacional esperada, seja na sua forma patológica ou normal envolve sempre um nível de sofrimento significativo. A gestão que o indivíduo faz desse sofrimento, a direcção e os sentidos à qual ele o conduz (exemplo: luta vs. fuga/evitamento), são factores determinantes na extensão ou encurtamento temporal desse sofrimento. Mais do que isso são factores dos quais pode depender se esse sofrimento tem tendência a ser minimizado ou se pelo contrário tende a ficar cada vez maior, até ao ponto do insuportável ou até ao ponto de auto-ruptura com a vida.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 05/04/2005</div><div align="right"> </div><div align="justify">Será obviamente de grande dificuldade expor por parâmetros claros este tema, já que a sua dimensão mais correcta de análise não envolve tramites de linearidade. Por isso, será também de esperar que, aos leitores que se identifiquem com o tema, surja uma certa dúvida razoável. Também por isso foi já referida a idiossincrasia ou forma singular e única que cada um apresenta para cada situação específica. Ainda assim, é possível delimitar postulados de generalização não futurológica, mas sim baseada em dados reais que já aconteceram, e, dirigi-los no sentido do que poderá vir a acontecer.<br />Voltando a questão um pouco mais para a sua vertente prática, e, pegando no exemplo já referido anteriormente da ausência de um pai, na perspectiva de análise da forma patológica de lidar com esta situação, o indivíduo que a vivência demonstra muitas vezes características depressivas provenientes da ausência afectiva esperada e desejada. Essas características, que na sua forma sintomatológica relativa dependem também da fase da vida do indivíduo em que a situação acontece e/ou se inicia, tornam por norma essa pessoa mais vulnerável e fragilizada perante outras situações similares como será o outro exemplo anteriormente referido, a ausência de uma namorada.<br />Ainda por outras palavras, o indivíduo poderá ter tendência a desenvolver uma forma depressiva de lidar com a situação o que não lhe permitirá visualizar a situação de uma forma aproximada do que a realidade representa e apresenta. Até porque uma das características da depressão é a da distorção da realidade, normalmente vivenciada por exemplo apenas na sua forma negativa. Isso faz com que o indivíduo olhe para todas as situações da mesma forma, a negativa, a irreal por absolutismo visual. Assim, quando esse indivíduo se depara com situações similares de ausência relacional, terá tendência para se auto-confirmar na sua perspectiva negativa, de forma infundada. Essa auto-confirmação faz com que essa pessoa viva a realidade com base no seu próprio ciclo vicioso negativo, constantemente confirmado e reconfirmado por si próprio: o ciclo vicioso da depressão.<br />É ainda necessário referenciar que a ausência da relação esperada é apenas um factor que poderá ser desencadeante deste tipo de patologia, pois outros serão necessários para que ela venha ao de cima, e esta poderá não ser a única a ser desencadeada, mas será certamente a mais provável e mesmo a patologia base de outras que possam a ela estar associadas, segundo este factor relacional.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 26/04/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169641014547676212007-01-24T12:13:00.000+00:002007-01-24T12:16:54.550+00:00“Nascer por favor, nascer por amor – expectativas parentais.”<div align="justify">No passado dia 8 deste mês do corrente ano, li um artigo no “Jornal de Notícias” que me causou um efeito de alguma consternação. Na Grã-Bretanha, põe-se em hipótese, numa discussão de tramites legais, um casal conceber um filho (uma pessoa) com a intencionalidade deliberada e específica de este vindouro fornecer o poder curativo para um filho deste casal que tem uma doença genética.<br /> A minha preocupação não tem um caracter ético na sua plenitude, tem sim sentido quando se visiona as possíveis consequências idiossincráticas de um indivíduo humano ainda inexistente. Ou seja, estes pais não desejam o filho pelo filho, mas sim o filho pelo outro. E, isso, pode ser pré-traumático, na perspectiva em que esta futura pessoa será concebida mediante um planeamento sim, mas um planeamento de utilização genética, e não um planeamento de acção afectiva, característica essência da boa saúde mental/desenvolvimental da relação pais/filho e filho/mundo.<br /> É hoje do conhecimento científico que toda a globalidade da preexistência influencia de forma significativa, senão determinante, a futura existência pessoal. Um dos aspectos a ter em consideração como factores de maior peso directo nessa globalidade são as expectativas parentais e as suas motivações criadoras, quer as conscientes, quer as omissas.<br /> Por outro lado será facilmente compreensível que estes pais queiram salvar o filho que conhecem e que de certa forma menosprezem as consequências negativas que poderão surgir para o filho que ainda não vêem. Ao vindouro, é ainda compreensível que o visualizem supervalorizando os traços de positividade provenientes da imagem de necessidade curativa, e, vejam nesse planeamento e futura acção intencional, “apenas” aquilo que possivelmente poderão pensar ser os factores de positividade esperada nesse e para esse filho: “Ele nasceu para a salvação do irmão e isso será um factor de felicidade para ele...(?)”. Certamente não posso pensar por estas pessoas, mas poderão elas pensar pelas que ainda não existem? </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 22/03/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169640711379586542007-01-24T12:06:00.000+00:002007-01-24T12:11:51.383+00:00“A negligência do negligenciado...”<div align="justify">Poucos serão os que ainda não ouviram o velho ditado popular “Filho de peixe, sabe nadar”. Alvo de críticas e contestações dos menos crentes e mais cépticos, este ditado como tantos outros, pode e deve ser analisado, no sentido do seu valor real.<br />Tem tanto de cientifico como de popular?<br />Por exemplo, quando se elabora uma transposição do significado latente para as flexíveis normas da ciência Psicologia, encontra-se aqui uma chave interpretativa das mais diversas realidades. Ou seja, descobre-se que o que por outras palavras se diz em Psicologia, é o mesmo no que este ditado mais se revela: “Os filhos são sempre sintoma dos pais (e/ou das figuras vinculativas que os representam, no caso da inexistência destes)”.<br />Na prática o que isto quer dizer, não é que filho de ladrão vai seguir o mesmo caminho, não é que filho de pobre não vai ter bens materiais, não é uma questão que se possa analisar em correlações directas de causa/efeito. É antes necessário ter em conta todo um conjunto de variáveis que modificam essa correlação directa, transformando-a apenas em linhas de orientação para o desconhecido vindouro. Assim, dizer pura e simplesmente que um pai que fora enquanto filho maltratado pelos pais vai também ele maltratar os seus filhos, está longe do que pode ser considerado linear. Mas, dizer-se que os filhos, desse pai maltratado enquanto criança, são também produto sintomatológico dessa negligência anterior, é uma condição indispensável para a correcta análise da contribuição familiar para a vida dessas pessoas, filhos.<br />Numa perspectiva de análise familiar, o que se quer aqui deixar assente, é que todo o complexo ambiente familiar proporcionado aos filhos, tem uma contribuição, cujo o peso é enorme, para toda a componente pessoal dos filhos. Isto é, existem claramente psicopatologias cuja etiologia é significativamente relacionada com as condições familiares, e condições específicas de cada um desses elementos familiares. Independentemente de outras causas de origem genética, orgânica, cultural, metabólica, e tantas outras, esta, a de origem relacional familiar, está muitas das vezes por trás do aparecimento de problemáticas nos filhos, aos mais diversos níveis.<br />Após um diagnóstico diferencial detalhado e adequado a cada problemática específica, ou seja, depois de se saber que a problemática tem origem principalmente ao nível da dinâmica da relação familiar, a abordagem mais correcta a aplicar será uma intervenção ao nível familiar, e/ou uma psicoterapia familiar. Mas, esta não deve ser declaradamente exclusiva, já que essa problemática vem representada nos filhos, e estes devem ser, dependentemente do caso, foco das principais intervenções. Apesar dessa problemática ser representativa da problemática que os próprios pais apresentam “em casa”.<br />É então fulcral ter em conta que existem muitas das vezes pais que, sem se aperceberem e sem terem uma intenção conscienciosa ou sequer uma intenção, (re)produzem nos seus filhos problemáticas que também neles foram mal resolvidas ou não foram resolvidas sequer. Mais do que isso, não se apercebem delas em si mesmos, e apenas vêem os problemas nos seus descendentes. Apresentam-nos como origem, causa e consequência, de todos os conflitos existentes. Querem resolver os seus problemas através da resolução dos problemas dos seus filhos. Resolver os problemas dos filhos é então resolver os problemas dos pais? Quem tem então problemas? </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 08/03/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1169640280991139702007-01-24T11:54:00.000+00:002007-01-24T12:04:41.003+00:00“Ouvir os nossos filhos...”<div align="justify">À algum tempo atrás, um dos meus pacientes adolescentes, após finalmente ter mencionado os verdadeiros factores que o levaram à tentativa de suicídio, terminou a consulta com um pedido insólito, mas esclarecedor: “Sei que não devia pedir isto, mas podia-me dar um abraço, por favor...”.<br /> Apelando ao afecto não concedido pelos quem mais gostaria de abraçar e de ser abraçado, esta pessoa chora nos meus braços a dor de não ser compreendida, de ela própria não se perceber a si, aos outros e ao mundo que a rodeia. Mais do que isso, e principalmente, revela o investimento deficitário e a atenção também distorcida dos seus mais próximos, quando mais do que nunca precisava “apenas de um abraço”. <br />Construíram-se laços inadequados e incongruentes com o equilíbrio necessário à exploração saudável do mundo afectivo. Mundo desconhecido, e, difícil de encontrar para o adolescente, quando não se formaram bases preliminares de sustentação emocional, para a tão atribulada descoberta relacional, o encontro consigo perante o outro. Por outras palavras, a adolescência é por si só um período conturbado de descoberta aos mais diversos níveis. Neste, o da descoberta afectiva, será de conveniência que o indivíduo tenha tido a possibilidade de experiênciar, desde o início mais remoto da sua vida, conteúdos equilibrados e assertivos de afecto relacional, para que assim esteja minimamente preparado para o que a vida lhe reservar quando se deparar com os conflitos provenientes dos processos de identificação e autonomia, característicos da adolescência.<br />De uma forma mais transparente, a descoberta afectiva da adolescência, que aqui se procura abordar, refere-se especificamente ao encontro do “EU” com o real ou imaginário, parceiro amoroso. Certamente, esta questão específica não deve ser alienada do vasto conjunto complexo de factores interdependentes, tais como a sexualidade ou a necessidade de vida em grupo como factor de protecção para o mundo desconhecido e como factor de transposição da vida vinculativa familiar para a vida (pseudo) autónoma.<br />Dentro da perspectiva integrativa global da realidade adolescentil, esta referência tão específica não deve ser deixada ao acaso, já que nesse sentido os resultados finais poderão ser devastadores, muito para além da adolescência, e em última análise poderão terminar muito antes do fim desta. É apenas um aspecto, a consideração do afecto relacional, mas tem peso suficiente para que a vida do actual adolescente seja diferente na sua vida adulta. </div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, por <em>João Castanheira<br />in Jornal de Albergaria</em>, 22/02/2005</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1149804304486313802006-06-08T22:53:00.000+01:002006-06-08T23:05:04.496+01:00“A Psicose da Saúde Pública!”<div align="justify">Qualquer pessoa tem em princípio direito à dita saúde tendencialmente gratuita através do vigente Sistema Nacional de Saúde. Focalizando a saúde especificamente na área mental, qualquer pessoa tem o direito por exemplo a usufruir de consultas de Psiquiatria e Psicologia, tal como tem direito a consultas de clínica geral.<br />O que acontece é que se um cidadão do concelho de Albergaria-a-Velha necessitar de ir ao médico de clínica geral pode ir ao respectivo médico de família nas Extensões de Saúde ou no Centro de Saúde ao respectivo médico ou no caso de uma urgência ao médico de serviço no Serviço de Atendimento Permanente (se este ainda existir…).<br />Se esse mesmo cidadão necessitar de ir a uma consulta de Psicologia, ir ao Centro de Saúde ou a uma Extensão de Saúde serve (ou deveria servir) para entrar numa lista de espera, em princípio para o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro.<br />Pois é, parece que até aqui está tudo relativamente bem, mas mesmo dentro dessa relatividade, é interessante classificar como tendencialmente gratuito um serviço cuja existência não é propriamente ao lado de casa…<br />Depois de esse cidadão ter sido contemplado com um devido encaminhamento, o próprio prestador de cuidados de saúde que o encaminhou (ou tentou encaminhar) pode vir a descobrir que afinal isso não é neste momento possível, pois a referida lista de espera pode estar parada e não estar de momento a aceitar mais pacientes!<br />No caso do referido cidadão ser aceite na dita lista, pode então ter que esperar longos e duros meses de potencial agravamento patológico… Quando finalmente for marcada uma consulta de Psicologia, o mais normal é que independentemente da gravidade do caso ou de características singulares do mesmo que indicassem uma adequação de frequência regular de sessões (por exemplo 1 vez por semana), o cidadão fica a saber que isso também não é possível naquele mesmo serviço (o melhor que pode esperar é 1 vez por mês), que parece exigir aos técnicos que se desdobrem em esforços e atendam o maior número possível de pacientes em vez de os atenderem com qualidade assertiva!<br />Mas, o que realmente é preocupante não é o funcionamento pouco exemplar do Sistema, mas sim as consequências que ele provoca quer ao nível individual e familiar, quer a um nível mais holístico de toda uma sociedade portuguesa.<br />Se o dito cidadão tiver uma fractura óssea essa entidade patológica é em princípio encarada com assertividade, procedendo-se de imediato de acordo com o que se avaliar como sendo o mais adequado para esse caso específico. Se por outro lado esse mesmo cidadão estiver inserido num quadro depressivo severo com fortes características suicidas terá que esperar para ver… Se por acaso chegar a ser atendido no referido Sistema tendencialmente gratuito, a sua patologia pode não ser abordada da forma mais adequada (não por desejo dos técnicos), o que se pode revelar ameaçador para o sustento vital do indivíduo.<br />Já para não referir os custos elevados a todos os níveis, desde o financeiro, ao psíquico e ao social. Exemplo: o dito cidadão com quadro depressivo severo ao percorrer todo o referido e moroso processo vai estar disfuncional e improdutivo durante um período de tempo que poderia ser significativamente minimizado… Basta agora multiplicar esse cidadão por tantos outros com as mais diversas psicopatologias e com certeza irão ter um devastador resultado final. Isto ainda acreditando que será minimamente eficiente e eficaz a intervenção psicológica no Hospital já referido.<br />O que me parece certo é que o actual Sistema gasta demasiado dinheiro aos contribuintes por negligência política e legislativa. O pior é que a grande maioria desses elevados custos advém não do processo em si, mas sim das suas consequências ao nível do não tratamento adequado dos maus funcionamentos individuais ao nível da especificidade das patologias de carácter mental.<br />Não querem pagar a mais técnicos porque isso seria demasiado dispendioso para o actual e já debilitado Sistema, preferem pagar progressivamente mais caro do que aquilo que realmente lhes aparenta. Os custos a longo prazo são já neste momento irreparáveis, e não vejo medidas propícias a pelo menos remediar um pouco que seja esse mal instalado. Parece-me tão claro que a patologia psíquica mais severa é aquela que só permite ver a realidade com distorção tal que o funcionamento perante a mesma se torna altamente inadequado, essa é a psicose da nossa Saúde Pública, que pensa estar a poupar não passando isso de uma terrível alucinação.</div><div align="justify"> </div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, <em>por João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria</em>, 09/05/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1149780621917860622006-06-08T16:25:00.000+01:002006-06-08T16:33:14.420+01:00"Rótulo para a graça e para a desgraça."<div align="justify">Somos todos diferentes mas nem todos somos iguais?!…<br /><br />Quando uma criança é sinalizada devido a características que a diferenciam das restantes e ditas crianças normais, isso significa (ou deveria significar) exactamente isso: é uma criança diferente da maioria das crianças da mesma idade e do mesmo meio envolvente.<br />Para atribuir designações diagnosticas que determinem que uma criança é diferente das ditas normais, é antes do mais necessário perceber como se chegou a esse conceito pseudo-abstrato que é o conceito de normalidade.<br />Conceito esse que é até bastante simples de explicar, pois normalidade significa, neste contexto, o que é mais normal, sendo que o que é mais normal é o mesmo que dizer o que é mais comum. É na base do que é mais comum que se determinam quais são as características esperadas para uma determinada idade e meio envolvente, estabelecendo-se assim um padrão de expectativas consideradas como o que é normal.<br />Tudo o que foge de forma significativa a esse referido padrão é passível de ser diferenciado, como por exemplo no caso do âmbito da “inteligência” desde um diagnóstico de debilidade mental até a um de sobredotação.<br />Independentemente de todos os múltiplos e diversos fundamentos que revelam a necessidade de se diagnosticar uma criança como sendo diferente, como por exemplo a intencionalidade de intervenção terapêutica, existem implicações profundas derivadas desse diagnóstico, quer para a própria criança diferente, quer para todos os que a envolvem, que na sua grande maioria das vezes tomam contornos de difícil gestão para os demais.<br />Uma dessas implicações é a usual rotulagem das crianças diferentes, que têm que viver com isso desde o momento em que são sinalizadas e com uma enorme tendência para se arrastar pela vida fora. Ser diferente implica não ser igual aos “normais”, o que muitas vezes na prática significa ser marginalizado, posto de parte, gozado (etc.), ou seja diferenciado pela negativa. O ideal seria compreender que é necessário perceber as diferenças para que seja possível adequar a abordagem diferenciada a essas crianças, mas numa perspectiva de tratamento diferenciado pela positiva: tratar alguém de forma específica porque é diferente da maioria não é a mesma coisa que tratar esse alguém marginalizando-o por aquilo que o distingue.<br />O rótulo pode também ter consequências de outras índoles como é o caso das expectativas perante alguém que “é débil mental” ou que “é sobredotado”. O que acontece vezes demais, é enquadrar-se essas pessoas num patamar padronizado e estigmatizado (ou até mesmo cristalizado) do que se pode esperar delas. Pior, muitas vezes baseando essas expectativas em mitos erróneos e altamente desqualificantes, como por exemplo: “como é débil mental não vai conseguir fazer isso…” ou “como é sobredotado vai ter excelentes resultados académicos…”.<br />Só para alertar que por exemplo existem casos de debilidade mental em que os indivíduos conseguem coisas extraordinárias (como acompanhar matérias escolares dos ditos normais) e existem enumeros casos de sobredotação com índices elevados de reprovação escolar.<br />O que parece ser evidente é que existe uma espécie de cultura mitológica que notoriamente causa claros entraves à integração dos diferentes dos ditos normais. Veja-se por exemplo que ao longo da história da humanidade diversos casos de pessoas que hoje em dia se consideram como génios, que na altura em que viveram eram considerados no mínimo como muito desadequados.<br />A lei da parcimónia mental parece prevalecer (como normal) em detrimento do conhecimento de causa, e da compreensão desse próprio conhecimento…<br /><br />A utopia de uma realidade incontestável… Todos diferentes, todos iguais?!<br /><br /></div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida, <em>por</em> <em>João Castanheira</em><br /><em>in Jornal de Albergaria</em>, 24/05/2006</div><div align="right"></div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29436817.post-1149775546963981422006-06-08T15:00:00.000+01:002006-06-08T15:07:57.146+01:00"Vítimas"<div align="justify">Queria aqui deixar uma pequena nota sobre o sentido útil que poderiam tomar algumas intervenções ao nível da saúde mental. Mais especificamente, no que respeita à tipificação do apoio dado quando por exemplo ocorrem crimes que envolvem violência doméstica.<br />Quero eu dizer que por norma existe, em Portugal, a tendência para o apoio à vítima, e em simultâneo e de forma muito automatizada, a tendência para a criminalização pura e simples do agressor.<br />Isto, entre muitas outras coisas, significa que para o agressor não se tem por hábito dar por exemplo apoio psicológico de âmbito profissional. Como pequeno aparte devo referir que no Reino Unido existem centros de apoio especializado para os aqui referidos como agressores, tal como cá em Portugal existem instituições de apoio à vítima.<br />Qual é então o sentido desta questão?<br />Muito basicamente: tratando os agressores não haverá vítimas!(?)<br />Obviamente que o absolutismo utópico da anterior afirmação nos remete para uma reflexão mais holística e talvez menos optimista. Ou seja, seria irreal pensar-se que em saúde mental existem curas totalitaristas e que mesmo que as houvesse isso iria permitir que deixassem de existir agressores e as consequentes vítimas. Mas, isso não significa que um apoio psíquico especializado e direccionado aos agressores não iria de uma forma muito significativa reduzir o potencial de reincidência dos que já agrediram pelo menos uma vez.<br />Isso significa também, que a nossa tendência para o encarceramento criminal não pode ser uma via única de tratamento de problemáticas, cujo fundamento correctivo que subjaz o aprisionamento, não satisfaz sequer de forma mínima esses mesmos fundamentos.<br />Devo realçar que não está aqui em causa a importância óbvia do apoio prestado às vítimas, mas sim a importância subliminar da utilidade do apoio que se poderia prestar aos agressores. Por muito desconexo que possa parecer à partida, dar apoio aos agressores pode ser também dar apoio às vítimas, e/ou, dar apoio a potenciais agressores pode ser também uma forma de não existirem algumas delas.<br />Um pequeno exemplo prático: quando alguém foi vítima de violência doméstica pode por exemplo telefonar para uma linha de apoio especializada nesse tipo de problemas, no caso dos agressores poderia funcionar de forma preventiva, isto é, poderia telefonar para uma linha de apoio especializada em agressores antes de cometer a própria agressão (este exemplo da linha telefónica de apoio já foi testado noutros países e os resultados são até agora satisfatórios). Ou, quando alguém foi vítima de agressão tem em princípio direito ao apoio psíquico (de emergência, psicoterapia, etc.), porque não dar o mesmo direito ao agressor?<br />Claro que para que se possa apoiar os ditos agressores eles têm que ser sinalizados por terceiros, ou por reconhecimento próprio. Mas, no actual sistema de actuação, nem uma nem outra forma terá muito interesse prático, a não ser que existam meios financeiros que permitam usufruir de técnicos especializados na sua prática clínica privada. Por outro lado, mesmo que existam possibilidades económicas, outros factores de peso podem contribuir negativamente para a acessibilidade ao referido apoio, tal como, o já referido encarceramento como solução “exclusiva”.<br />Eu entendo que não é propriamente fácil aceitar ou mesmo reflectir de forma clara e isenta sobre esta questão. Basta que para isso o leitor pense que por exemplo o seu filho foi abusado sexualmente. Se isso fosse um acontecimento real a sua capacidade de reflexão isenta sobre o tema estaria praticamente condenada ao insucesso. Mas, se uma forma preventiva de actuar proporcionasse condições para que esse mesmo agressor não voltasse a fazer o mesmo a outra criança, filho de outra pessoa, o que é que o leitor pensaria? Condená-lo a uma pena o mais pesado possível, limitando todas as possibilidades de reabilitação, e possibilitando a repetição criminal quando saísse da prisão? Ou, condená-lo a uma pena de funcionalidade assertiva, que “obrigasse” a um “tratamento mental” para além da habitual prisão pura e simples?<br />Merece um agressor o direito ao direito de não o ser mais?<br />Não quer dizer que seja possível em todos os casos a reabilitação, ou mesmo numa grande parte, mas é certo que existem casos em que o tratamento tem todas as possibilidades de singrar, e se não se der a possibilidade de sequer se perceber quais são esses casos, então pode dizer-se que mesmo prendendo essas pessoas nada se fez para que não houvessem mais vítimas desses agressores com potencial de recuperação. </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="right">Crónicas da Mente Esquecida<em>, por</em> <em>João Castanheira</em></div><div align="right"><em>in Jornal de Albergaria,</em> 06/06/2006</div>João Castanheirahttp://www.blogger.com/profile/09311631182740384114noreply@blogger.com0