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sexta-feira, 4 de maio de 2007

“Bancos de Esperma.”

A revista francesa “Paris Match” de 29 de Março de 2007 publicou um artigo intitulado “Leur père s’appelle donneur 66” ou em português “O pai deles chama-se dador 66”. Esse artigo relata um grupo de jovens que através da Internet conseguiram descobrir que são todos irmãos, filhos de um mesmo pai, o dador 66.
É de realçar que todos estes jovens (dos EUA) moram numa área que se pode considerar geograficamente próxima, o que de certa forma pode aumentar o risco de consequências desastrosas (pelo menos para aqueles que ainda não descobriram que são irmãos…). Essas consequências são claramente óbvias, basta que se pense que se podem encontrar ou conhecer num qualquer sítio e se relacionarem entre si de forma amorosa, marital, sexual, e outras, e, o resultado (a todos os níveis) desse tipo de relacionamentos incestuosos já todos sabemos qual é (?)…
Uma das questões é saber-se até que ponto a legitimidade legal dos bancos de esperma se sobrepõe às questões éticas e práticas do assunto. Por um lado, a lei em resultado das necessidades e expectativas parentais (e/ ou pré-parentais) daqueles que a todo o custo desejam ter filhos do seu sangue, por outro as consequências de se ter filhos de sangue por este tipo de vias.
Mais uma vez, as consequências mais directas desses actos dos progenitores são dirigidas aos filhos… Repare-se que este ponto de vista da possibilidade de ligações incestuosas derivadas ao desconhecimento familiar será apenas um dos mais diversos aspectos morais a tratar quando começa a existir também a necessidade de se abrir a discussão pública deste tema.
Desde o dador pago para ser pai, ou melhor, pago para ser um número protegido pela lei, até ao desejo normal desses filhos quererem saber quem está por trás daquele número… Desde as consequências possíveis de saberem que o pai é um número e não há nada que possam fazer para não ser apenas isso, alguém que recebeu dinheiro em troca para doar (diferente de dar) o seu esperma, sem pensar, sem olhar para trás, desinteressado em saber quantos e quem são esses seus filhos, até ao facto de um dia alguém descobrir que casou com a própria irmã, ou descobrir que afinal tem 243 irmãos todos a viverem lá por perto…

Mais número, menos número…
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria
, 26/04/2007

1 comentário:

Anónimo disse...

parabens pelo blog