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Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

“A(l) Re-pudica(o) das Bananas.”


Bravos conceitos de moral e valor, afins de repressão primata ou de sociabilidade aceitável (?), complexos supressores de instâncias indissociáveis, artísticas formas de vulnerabilidade adequada, assertividade (des)regulada, dimensões superiores à própria condição inata, controlo do incontrolável ou sensação de segurança da possibilidade utópica (?), purificação do nojo da percepção agradável, criação sensorial do que os sentidos não falam, codificação, (des)codificação, (re)codificação…
A presunção do auto-conhecimento, enviesada, pelas normativas perceptíveis, aquelas e as outras, as que se objectivam e as que de aparência não se vêem. A mistificação do dado como certo, em absolutismos, reducionismos tremendos da visão perceptiva global do conjunto no seu todo. A necessidade necessária do pleonasmo organizativo, também mas não só, para corroborar com a parcimónia mental e a base primária da sobrevivência.
Quando tudo isto (e tudo mais) é posto em causa, a (des)regulação facilita o aparecimento do que “queremos” acreditar que não temos (vemos?), numa de superioridade intelectiva (que logo se esvai quando aparece aquela ou outra necessidade primária), nos vemos (se ainda houver discernimento para a auto-imagem) envolvidos em actividades comportamentais cujo fundamento não se pode nem deve justificar (ou julgar) por padrões de moral e valores, se nada têm a ver com a fundamentação do seu aparecimento.
Querer compreender algo através de um conjunto de conceitos predeterminados que não só não se adequam como também não fazem parte do mesmo mundo, é um belo exemplo de reducionismo ao mais elevado nível de actividade. É como se de repente quiséssemos perceber uma reacção “química” através (única e exclusivamente) das leis da “física”.
Mas o dito mundo físico, (pseudo)observável e (pseudo)objectivo, tende também ele a ser um “facilitador” da (pseudo)compreensão.
De uma outra forma ou perspectiva perceptiva, continua a ser do domínio do princípio da realidade, num sub-domínio de princípio de sobrevivência. Ora isso implica não anular a perspectiva compreensiva anterior, mas sim complementá-la, tendo em conta que a fonte de análise é assim sendo a mesma que fonte analisada.
Isto é, apesar do domínio da actuação se localizar ao nível da consciência, esta está fortemente contaminada pelos ditames provenientes do inconsciente, já que os obstáculos e barreiras moderadores estão debilitados ou mesmo inactivos, muito devido ao seu nível de importância imediata para a sobrevivência do indivíduo se encontrar altamente comprometida, face à necessidade que é percepcionada.
O título é a “solução” para a terminologia desta crónica no seu sentido, no seu contexto já houvera alguém que muito ênfase dera e contribuíra para esse algo que ainda hoje teimamos em omitir pela sua própria omissão “proprioceptiva”.

Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria
, 12/06/2007

1 comentário:

Jorge disse...

Bom texto.