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Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

“(Re)Viver.”


Não há forma (que se “conheça”) de alterar o passado, mas há maneira de mudar no presente a forma como ele é visto. Essa mudança, (re)interpretação, é tantas vezes suficiente para que esse passado pareça também ele próprio ter sido alterado.

Quando se fala em catarse, em nome do reviver intenso de experiências passadas para que se possa “ultrapassar” essas situações que ainda nos dias de hoje são, por exemplo, elementos perturbadores e perturbantes da vida quotidiana do estado mental, isso deve querer significar pelo menos (e entre tantas outras coisas) que a re-experiência “imagética” proporcionou uma re-interpretação da experiência primária/ “real”.
Reviver para redescobrir novas formas de olhar, e não simplesmente “curar” através da re-existência mental de acontecimentos passados. Voltar a vivênciar o passado para permitir viver (n)o presente, especialmente quando esse passado, funciona como elemento de bloqueio da actualidade.

Há alguém que não quisesse (realmente) mudar alguma coisa do seu passado se isso fosse possível?
Basta, por exemplo, aceitar hoje que esse passado é imutável para que ele próprio mude de imediato nas nossas mentes!? E, ele mudar nas nossas mentes funciona como uma alteração dessa própria realidade vivida, pois a percepção que temos dela é também ela alterada… E a realidade não é mais (ou muito mais para nós próprios) do que a forma como a vemos! Embora seja possível olharmos para um mesmo objecto do mundo externo, a possibilidade de o vermos da mesma forma é algo que ainda não é possível determinar com clareza devidamente fundamentada.
Verifiquemos o exemplo de um livro ou de um filme… A realidade “objectiva” é “esse objecto visível”, o livro ou o filme, mas a realidade de facto não é o livro nem o filme, é sim a forma como interpretamos o livro ou o filme. Duas realidades distintas sobre o mesmo estímulo do mundo externo…
Mais evidente ainda (ou para alguns menos óbvio) será o objecto do mundo externo “pedra”! A existência da “pedra” é um facto cuja questionabilidade não é relativa (ou só o é pela questionabilidade da sua própria existência). Já a interpretação da existência da realidade “pedra” torna-se difusa de difícil consenso, pois a (in)visibilidade da mesma está altamente condicionada pelo todo que constitui cada elemento “perceptor”: o ponto de vista do elemento que percebe!

O principal objectivo que se alia a esta visão, que é também ela um construção da realidade, é a transmissão da ideia de que é possível alterar a (“nossa”) realidade independentemente do momento temporal a que ela se refere, desde que a estratégia de mudança passe primeiro por nós próprios e só depois pelo mundo externo: se nós mudarmos, mudamos a forma como vemos o mundo, pois a construção da (“nossa”) realidade parte sempre de nós.
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 31/07/2007

1 comentário:

TERMAS DA AMIEIRA disse...

venho convidar-vos para que visitem o blog www.termasdaamieira.blogspot.com onde denunciamos todo o mal que estão a fazer à Serra, Termas e tudo aquilo que não é da Camara de Soure, nem da Figueira, nem de ninguem mas sim de todos os Portugueses...