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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

“A mediatização do pseudo-saber.”


A importância que parece ter adquirido a cultura da incessante procura obsessiva do conhecimento ou do pseudo-saber adquirido, almeja conduzir-nos para a psicose da busca de respostas, tantas vezes a perguntas que nem são nossas e/ou a questões que nunca fizemos, ou que nem seria adequado um dia as fazermos.

Caracterizem a vosso gosto, “alguns daqueles” cujas aparições, públicas ou privadas, frequentes e dissociadas de temática especializada, aludem e iludem, respostas de auto-conceito em nome da dita nomenclatura científica que trazem associada ao culto profissional envolvido, ao invés de (des)iludirem simplesmente, pela (des)mascaração da ignorância que a todos nos caracteriza.

Contudo, a velha necessidade de satisfação, real ou fantasmática, vai continuar a ser desenvolvida e a prevalecer, afim de minimizar danos, porventura maiores da insatisfação, do que da satisfação mística, ou seja, parece que mais vale pensar-se que se sabe mesmo não se sabendo até que ponto é essa sabedoria genuína, do que sofrer-se as consequências de se pensar que não se sabe de facto.

Assim, esta “nova” cultura do conhecimento, parece adquirir contornos de “culto do conhecimento”, já que a essência e os processos psíquicos envolvidos são em tudo idênticos aos que se encontram noutros cultos humanos, como é o exemplo dos “cultos de fé”.

Deixo também “a gosto” e à “vossa vontade” a continuidade do pensamento, no sentido das consequências da hipotética veracidade do pensamento anterior, sendo tão óbvias e tenuemente claras quanto coexistentes em contradição.


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 16/09/2008