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Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

“Integridade estática do Eu dinâmico.”


(Deve considerar-se a leitura do presente artigo de forma não generalista, estando incluídas hipóteses hiper-direccionadas de interpretação específica.)
A construção defensiva para a manutenção da integridade do Eu é uma necessidade natural e espontânea da dinâmica intra e inter psíquica, no entanto, essa nem sempre contribui para a funcionalidade do indivíduo, basta para isso que, por exemplo, essa construção defensiva desempenhe um papel inadequado e/ou desactualizado ao ataque real e/ou fantasmático, ou mesmo na ausência de ataque, na expectativa da possibilidade dele poder (ainda) existir (ou de existir de facto).
Ou seja, apesar de ser necessário fazer uma manutenção permanente da identidade é também necessário manter actualizado o sistema de manutenção. Quer isto dizer que, não é suficiente como também pode ser prejudicial manter intacta uma estrutura e organização defensivas, pois nesse caso as possibilidades de desajustamento entre os sistemas defensivos e os hipotéticos e/ou reais ataques são realmente elevadas, tornando assim as defesas em, possíveis e possibilitantes, retraimentos bloqueantes e bloqueadores da expansão individual na relação com o próprio, e consequentemente na relação com o outro.
Pode mesmo fazer a diferença entre a fixação num estado desenvolvimental anterior e a normal progressão identitária do indivíduo, onde fixar-se num estado anterior seria, num exemplo de conflito tipicamente psicótico, viver-se numa “realidade externa” (leia-se pseudo-parilhada) adulta funcionando predominantemente com uma realidade interna infantil. Esse desajustamento desadequante entre uma e outra realidade, onde a externa actual é lida (percepcionada) pela passada (e ainda actual) infantil faz com que da confrontação da realidade partilhada com a realidade idiossincrática (intra-psíquica) se originem conflitos de tipologia aparentemente psicótica. Digo aparentemente psicótica, pois à partida o conflito predominante poderia pensar-se ser entre o mundo interno e o extra-psíquico, mas nem sempre é assim, até porque na origem de muitos conflitos psicóticos estão outros de tipologia neurótica (intra e inter instâncias intra-psíquicas), e vice-versa.
(A dicotomia de divisão de conflitos neurótico-psicótica, aparece aqui como factor potencialmente reduccionista da própria realidade conflitual, quer isto dizer que, embora se possa clivar dicotómicamente para se compreender a predominância de conflitos, de facto essa clivagem pode afastar ainda mais a possibilidade genuína da própria compreensão da dimensão total do objecto.)
Voltando ao sistema defensivo desajustado acima exemplificado, pode mesmo dizer-se que esse inclui barreiras construídas para lidar com ataques que de facto até podem ter existido, mas que hoje já não existem mais, estando assim o individuo a defender-se no presente do seu passado. Melhor dizendo, os ataques ainda hoje existem, mas apenas na sua forma fantasmática da realidade intra-psíquica.
Para o necessário (sanígeno) reajustamento inter-realidades é necessário então reajustar a auto-identificação da realidade intra-psíquica (à realidade partilhada/ relacional), onde o propósito se situará na resolução dos conflitos internos anteriores ainda presentes na realidade actual do indivíduo, ainda que tantas vezes sob formas disfarçadas de sinais e sintomas, também tantas vezes, tão diferentes e diversos da sua etiologia original e originária.
O trabalho de reintegração/reinterpretação do Eu através da resolução (emocional) da dinâmica passada (mas actual), afim de ajustar de forma congruente o individuo, primeiro à sua própria realidade interna, depois à compatibilização e interacção da realidade interna com a extra-psíquica, é um caminho de tendência morosa e com custos de sofrimento elevado, que pretendem ser coadunantes com os resultados, profundos e duradouros desse tipo de terapêutica.
A necessidade de sofrimento emocional elevado como parte integrante terapêutica ou mesmo como o percurso em si para a resolução problemática de alguém num já sofrimento insuportável, embora não seja à partida uma notícia animadora, pode apesar de tudo constituir a abertura de uma nova porta de esperança. Não será preciso muito para perceber, sentindo, que a resolução de problemáticas que por si só já elevam o sofrimento, terá que passar por níveis de sofrimento também eles elevados, … “não será uma guerra sem sangue, nem serão batalhas sem baixas”…
...desintegrar uma estrutura e organização consolidadas ao longo de toda uma vida, para as substituir por uma nova e reparadora integração genuína do Eu, intra e inter relacional, por forma a se chegar a realmente reparar o Eu pathos por um Eu saudável, é tantas vezes caminhar de um falso self para um EU genuíno.

Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 13/10/2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

“A percepção toxicológica e a funcionalidade relacional.”


O condicionamento proveniente da toxicologia da percepção do mundo (interno/externo) nem sempre serve a fins sanígenos, tal como poderia ser, para alguns, expectável que a sua função fosse exactamente a de emancipação da funcionalidade do ser relacional. Isto é, poder-se-ia esperar que a toxicidade incluída na visão do mundo por cada indivíduo o munisse de parâmetros de funcionalidade adequada à relação, específica e única, desse mesmo indivíduo com o mundo com o qual ele se relaciona.

No entanto, a toxicidade, no sentido da contaminação da percepção por elementos idiossincráticos, auto, hetero e multi dirigidos, traz à relação um dos cernes da existência relacional, o da partilha de toxicidades(?). Ou seja, a necessidade de exteriorização do Eu materializado na relação com o próprio Eu, e umas tantas outras vezes com o outro (?) (esta seria uma forma, ainda primária e patogénica, narcísica de relacionamento).

A “boa” funcionalidade relacional tende a existir não necessariamente quando há uma real partilha ou inter e/ou intra-entendimento (?), mas sim quando ela serve a existência mútua dos seres que se relacionam. Melhor, quando permite consumar a existência do Eu pela existência do nós, o outro faz-nos existir (na relação que com ele estabelecemos – forma de relacionamento sanígeno).

Ora, isso levanta mais uma vez, a questão linearmente psicótica da exclusividade de funcionamento intra-relacional, onde o indivíduo apenas se relaciona entre si próprio, uma espécie de psicose extrema onde o contacto com o mundo externo, aparentemente não se efectiva. Quer isto dizer que, mesmo num estado de funcionamento extremista de aparente total ausência de contacto ao mundo relacional externo ao indivíduo, dificilmente isso não passará de uma pseudo-aparência, já que esse ser teve (ou tem) que se relacionar, ainda que (pseudo) uni-direccionalmente (do mundo externo para esse indivíduo) para que pudesse sobreviver, pois o mundo externo é ainda assim o seu habitat. Até porque há alguma impossibilidade uni-direccional, pois o indivíduo ao receber do mundo externo já está a relacionar-se com ele, embora isso não signifique que devolva a esse mesmo mundo uma forma relacional que o mundo dos humanos possa, ou mesmo consiga, inter-entender.

Então, parece que o dúbio percepcional se manifesta, quer pela presença do código imposto e imprimido desde as relações primárias e precoces, quer pela toxicidade que essa imposição parece limitar/permitir os indivíduos nas novas construções relacionais. Quer isto significar que a perspectiva de abordagem analítico-relacional de base, umas tantas vezes impede a construção genuína de novas relações, e outras tantas vezes permite que haja abertura pré-disposta a essas novas formações.

Apesar da existência de fundamentos base, que funcionam como reguladores e até por vezes como padrões de aceitação/rejeição e funcionalidade/disfuncionalidade relacionais, isto é, das relações primárias para as novas relações, isso tem vindo a ser visualizado como objecto de análise para a mutação profícua do indivíduo. Ou seja, será a partir do (re)conhecimento desse material inconsciente, primário e primitivo, que posteriormente será possível ao indivíduo crescer genuinamente nas novas relações, se a nova relação for genuinamente nova em toda a dinâmica multi direccional que a contempla.


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 15/06/2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

“A vontade inconsciente de matar a minha mãe (complexo de Édipo negativo?).”


Extracto de uma sessão, com a confidencialidade devidamente assegurada, paciente em associação livre…


“A elaboração intrapsíquica do relacionamento edipiano primário na forma invertida de papeis, onde o pai representa “a mãe a conquistar”, devido à indisponibilidade materna percebida e/ou fantasiada para ser conquistada pelo filho, encontrou-se mais tarde, na vida adulta desse filho, na emersão para a pseudo-consciência da actividade pulsional de morte do desejo inconsciente de matar a sua mãe.


Matar a mãe que o pai representa fantasmáticamente, ou matar a mãe real?

Este “Édipo” parece encontrar-se agora num estado secundário confusional, ou pelo menos num estado de continuidade confusional primário, onde não entende qual o seu papel natural, não sabendo quem conquistar (pulsão de vida/sexual) e quem matar (pulsão agressiva/ de morte).

A angústia proveniente da dúvida permanente instaurada parece alimentar a confusão primitiva sobre quem é quem, hetero fantasiando, e sobre quem é ou que “Édipo” deve ser (ou deveria ter sido).


E onde cabe o papel do irmão de “Édipo” no seio desta tentativa frustrada de perceber quem é a mãe a conquistar e o pai a aniquilar?

“Édipo” sente-se demasiado fragilizado para ser o guerreiro conquistador que a natureza dele próprio espera que ele seja, a luta é demasiado feroz, os adversários são mais fortes, e existe ainda o fantasma de não saber quem são os aliados e quem são os inimigos, “Édipo” está confuso e decide não lutar.


Mais tarde descobre que mesmo que não queira essa(s) guerra(s) não se pode dissociar de a(s) travar, se não lutar morre (é aniquilado, foi?), se lutar pode morrer, pode matar (conquistar o objecto de investimento sexual/de vida), mas não pode nem consegue pacificar antes de ir para a guerra.


Será que ele ao conquistar confusionalmente o pai, isto é, o pai em representação invertida da mãe, não estará também a conquistá-lo a ele enquanto pai realmente?

Conquistar o pai (de facto) implica matar a mãe (de facto), ou matar a mãe é matar o pai que funciona em representação materna (?) possibilitando assim conquistar a mãe “real”?”


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 28/04/2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

“O inter-entendimento bi-focal e a existência humana.”


A situação desencadeada pela diversidade factorial e desencadeante pela unicidade causal, constrói deliberadamente a forma dispersa de entoação do cântico interno, essa linguagem de entendimento próprio que é o próprio entendimento, a comunicação pré-linguística é já ou é ainda nomenclaticamente a propriedade de significação e significado do construto da percepção elaborada da fantasmática proveniente dos quase fios de realidade capaz de estar imbuída na consecutiva e permanente auto-dissertação e também vinda da internalidade primária, aquela que é aparente e dubiamente seca de extras ao interior, a impossibilidade fusional na própria impossibilidade de clivagem.

Por outra perspectiva, a sintonia comunicacional parece ser, não só mas também, sinónimo do estado fusional primário, ou pelo menos da emancipação dos traços e reservas disso, uma espécie de sentido e sentimento do intra e inter entendimento que anteriormente e na sua fase mais precoce permitiu a sobrevivência fantasmática e real de um novo ser no aclamado mundo extra uterino.

Pela vida fora, a transferência do entendimento primário parece repetir-se em replicação contínua da mais reptiliana forma relacional, como e sob a forma padronizada de relação com o mundo, a fim de possibilitar significação prévia e posterior à existência individual, revelando-se a imprescindível necessidade de identificação primária na construção de relacionamentos subsequentes, assim, minimizando as consequências da insegurança e incerteza que caracterizam a desmistificação dos fantasmas de confrontação com a expectativa precoce de aversividade externa, apesar dessa ser também internalizada e internalizante.

Ainda de outra maneira, a sensação de sintonia relacional parece conjugar num mesmo momento temporal, a realização fusional primária e a pseudo unicidade clivada, isto é, o individuo materializa na relação com o outro a capacidade simultânea de se fundir com ele e de se separar dele, de ser um ser individual e de ser um ente relacional, de estar em “pleno” entendimento consigo e com o outro, a possibilidade novamente real e fantasmática da existência ter significado partilhado e individual.

A importância do entendimento dual e bi-direccionado, ou pelo menos da sensação dessa existência simultânea, parece ser uma das mais valorativas formas de confirmação da própria existência na sua mais básica forma de percepção de realidade, ou seja, a sensação de mutua inter-compreensão (nem que momentânea) parece permitir ao individuo infirmar a ideia da não existência, quer da pré-vida, quer da morte, e talvez o mais importante, da própria vida.

O ser só e por si só não existe mesmo existindo (?), existe muito mais na relação com o outro do que só na relação consigo próprio (?). Mesmo em condições tipificadas como patogénicas, como nas ditas psicoses severas extremas onde há um suposto comprometimento muito significativo da relação do individuo com o mundo externo partilhado, o individuo ao existir num estado clivado com tudo (ou quase tudo) o que lhe é externo parece que apesar de ainda assim existir, não existir tanto quanto os outros que lhes é ou lhes foi permitido (re)fundirem-se com a sua “mãe” após a vida intra-uterina, isto é, a sintonia comunicacional externa parece comprometida ao receptor, embora isso não signifique que para o emissor essa sintonia não exista mesmo que de forma não dual, já que ele pode estar auto-sintonizado e mesmo perceber-se hetero-sintónico, mas clivado para o mundo da partilha humano-relacional: o inter-entendimento bi-focal.


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 14/04/2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

“Do anonimato à consciência…”




No texto que se segue não estão presentes construtos de generalização, mas sim especificidades idiossincráticas, com trâmites de confidencialidade devidamente acautelados.

Permitida a confrontação com o presente sinalético em auto-percepção de disfuncionalidade, a exploração do conjunto de fontes promissoras das resoluções pretendidas parece causar ainda mais a continuidade do estado parcial depressor, já de si dependente da fantasia de realidade construída sobre um passado cuja negligenciação fora demasiado elaborada em formato de rigidez, (pseudo)estática e indutor de papéis correspondentes a “Eu’s” falsos.

Agora que já não parece possível retroceder ao inconsciente tão elevados e poderosos conteúdos que não param o desejo de emancipação, esses emergem e amparam o grau confusional que parece trazer ainda mais frustração do que aquela que era desgostada pela simples confusão anónima.

A desmistificação dos padrões impostos e imprimidos pelos cuidadores primários parece agora ter fortalecido o “id” na emancipação das pulsões humano-naturais e fragilizado os ditames que os faziam ficar presos a si próprios em transformações transitórias, dificuldades de existir intrapsiquicamente em pacificação identitária.

Agora que as forças se começam a equivaler na sua potência, a revolta pelo tempo em que a parte mais forte foi a verdadeiramente indesejável começa a apoderar-se do jogo interno, e a frustração mais uma vez se torna a manifestar pelo sentido de impotência de antes não lhe ter sido possibilitado sentir o seu “Eu real”, e de ainda lhe parecer distante a concretização das potencialidades de auto-resolução emotiva.

Uma pessoa (des)construída que repara que não é quem era, mas que apesar disso o foi e o tem sido, e que agora passou a existir um vazio de identidade por preencher, que lhe traz de volta à (re)construção, pois toda a construção anterior de auto e hetero identificação parece ter ficado perdida na falsidade que construíram para ela, e que ela aceitou (como é normal que se faça na “devida altura”) em agradibilidade para a sobrevivência.

Agora na busca incessante da genuinidade, sente a identidade perdida e parece não saber quem é, preferindo muitas vezes ser novamente os “Eu’s falsos anteriores” a não ser ainda ninguém, pela angústia de “não ser”.


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 24/03/2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

“A mesma diferença.”


Diluídas as expectativas em confrontações com a realidade partilhada, as fantasmáticas platonímicas desencontram o seu lugar no conflito psicótico permitindo à re-elaboração devolvida significar os primeiros passos para a resolução conflitual anterior e/ou para um novo surto de psicose. Da mesma experiência psíquica de confrontação com o mundo externo, é possível que o mesmo indivíduo caminhe num confusional estado de dualidade ou multiplicidade direccional, onde a resolução de “conflitos consequentes” origina outros em consequência dessas resoluções, grandemente devido à não abordagem primária da génese conflituosa, e ao trabalho continuamente secundário e secundarizante das consequências finais e intermédias. Não quer isto dizer que a importância das consequência seja negligenciada ou diminuída, mas não será benéfico esperar que se a fonte inicial de “conflito aversivo” e disfuncional continuar a existir, que os conflitos daí decorrentes possam simplesmente ser re-solucionados sem que apareçam uma e outra vez, sob esta e a outra forma. Na diversidade de formatos mais ampla da aparência observável da batalha interna, essa diversidade é tantas vezes sinónimo da mesma diferença, ou seja, a guerra é a mesma as batalhas é que são diferentes. Resolver (um)a batalha, não é o mesmo que acabar com a guerra, apesar de haverem batalhas com capacidade de a finalizar.

Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 12/02/2009

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

“O todo e a vida intrapsíquica.”


Condigno artifício colectivo que oferece permissão ao “self global” para ludibriar o “self específico”, que percorre em linhas que o próprio nem almeja saber que existem, uma forma elaborada de escape ao doloso impenetrável de tão insuportável e insuperável que esse pode ser, para esse ser, sendo “apenas” dele e ele próprio, alienar salutarmente (?) a consciência de si.

Codificação intrapsíquica não tanto aleatória quanto se “gostaria” que fosse, o seu fluxo, fluidez e fluência comportado pela regulação de parâmetros bem mais precisos e menos subjectivos do que tanto “jeito” daria pensar-se que assim seria, importa a parcimónia necessária ao imprescindível estado de permanência inconsciente, esse grande todo que é o “Eu” integra um tão escasso sentido “proprioceptivo” (e logo também “heteroceptivo”) que é quase mais real dizer-se que a própria consciência não existe, se essa for zelosamente interpretada como tal.

Correndo o risco de formulações e fundamentações pouco populistas e até mesmo agressivamente radicais, posso mesmo dizer que a percepção de consciência e a própria em si, não é mais do que “apenas” mais uma parte da outra parte do grande todo, ou seja, a consciência é apenas uma parte do inconsciente, isto é, ela está contida nele (e não o contrário). Esta afirmação faz parecer que ela existe, mas é importante relevar que essa existência é condicionada por um mundo “ambiental” mais forte onde ela vive e está inserida: o inconsciente (o que pode fazer com que a consciência não seja assim tão consciente quanto isso).

Não é mero “cálculo filosófico” colocar-se a típica questão do pseudo saber, sendo quer uma auto, quer uma hetero crítica fundamental para se chegar a saber que se sabe ou não se sabe realmente, isto é: “Estarei Eu realmente consciente de mim (e do mundo)?”.


Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 13/01/2009