Diluídas as expectativas em confrontações com a realidade partilhada, as fantasmáticas platonímicas desencontram o seu lugar no conflito psicótico permitindo à re-elaboração devolvida significar os primeiros passos para a resolução conflitual anterior e/ou para um novo surto de psicose. Da mesma experiência psíquica de confrontação com o mundo externo, é possível que o mesmo indivíduo caminhe num confusional estado de dualidade ou multiplicidade direccional, onde a resolução de “conflitos consequentes” origina outros em consequência dessas resoluções, grandemente devido à não abordagem primária da génese conflituosa, e ao trabalho continuamente secundário e secundarizante das consequências finais e intermédias. Não quer isto dizer que a importância das consequência seja negligenciada ou diminuída, mas não será benéfico esperar que se a fonte inicial de “conflito aversivo” e disfuncional continuar a existir, que os conflitos daí decorrentes possam simplesmente ser re-solucionados sem que apareçam uma e outra vez, sob esta e a outra forma. Na diversidade de formatos mais ampla da aparência observável da batalha interna, essa diversidade é tantas vezes sinónimo da mesma diferença, ou seja, a guerra é a mesma as batalhas é que são diferentes. Resolver (um)a batalha, não é o mesmo que acabar com a guerra, apesar de haverem batalhas com capacidade de a finalizar.
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 12/02/2009