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Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

"Solidão Compreensiva"


Quando todos parecem não notar a existência de alguém, no sentido em que esse alguém encontra a verdadeira solidão compreensiva, a desesperança de soluções para a vida, cada vez que se depara com situações percepcionadas como aversivas, pode tornar-se de sentido único na sua resolução prática: o alivio da dor através do seu fim radical.
A génese multifacetada e plurifactorial da dimensão global que pode originar o termo da vida auto deliberado pode atingir contornos cujo potencial desencadeante se atribui, não propriamente a acontecimentos externos aversivos, mas sim à conjugação da percepção dos ditos acontecimentos como de índole negativa (de forma real ou desfasada) com um conjunto de determinações preexistentes no individuo, que se referem à sua dor psíquica.
Quando os níveis preexistentes de dor psíquica se encontram no limiar do tolerável pelo indivíduo em questão, qualquer fonte de acréscimo de dor é o suficiente para desencadear um processo de sustentação vital, isto é, a pessoa tende a encontrar uma solução para que a dor que sente diminua ou mesmo acabe.
Note-se que a dor física tem um limite, ou seja, quantificando a dor não é possível sentir mais dor que “x”, enquanto que quando se fala de dor psíquica não existe um limite que se possa considerar como tal.
Voltando à ausência da partilha compreensiva, este é um ponto que tal como um infinito de outros, pode ser um “bom” item para despoletar um comportamento adverso à auto sobrevivência. Mas o que interessa realmente não é decifrar o conjunto (de mais a menos infinito) de itens que têm potencial desencadeante mediante as condições “adequadas” para que isso aconteça, interessa sim perceber em cada pessoa no momento “certo” qual deles está a dar um contributo importante.
Repare-se que isto tem uma importância grande quando se trata de remediar de forma urgente, tentando (muitas vezes em vão) impedir que alguém se suicide, mas a um prazo menos imediatista perceber o que pode desencadear não só não basta como pode não chegar realmente.
Será necessário mais do que remediar uma e outra vez, fazer com que isso não chegue a ser preciso, se ainda houver “tempo” para isso.

Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 29/05/2007

8 comentários:

david santos disse...

Olá, vizinho!
Então!? Albergariaestá boa?
Tem um bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Viva Sr.João

Parabens pelo Blogue, mais um de Aveiro e com excelente qualidade.
Força!

Bom fim de semana

david santos disse...

Boa noite, João.
Uma vez que os textos vêm publicados em jornais do nosso Distrito, eu posoo publicá-los, está bem?
Claro que o autor é sempre o autor, fica sempre o nome dele.
Se não concordares, diz-me.
Obrigado.

João Castanheira disse...

Viva David Santos.

Penso que não há qualquer problema em publicar os meus artigos, desde que seja respeitada a versão original e que seja referida a origem e o autor, assim como também comunicado ao autor o local da publicação.
Ou seja, da minha parte não há objecções, mediante as premissas que referi.

Agradeço desde já o interesse demonstrado nos meus artigos.

Tudo de bom,
João Castanheira.

Sónia Neves disse...

Boa tarde! Após a sua simpática visita ao meu blog, vim encontrar o seu blog! Gostei do que li!

Agradeço o seu comentário e faço votos de que continue a visitar os "paineis de Aveiro"!

Cumprimentos!

saltapocinhas disse...

Olá João!
Vim retribuir a visita, mas ainda não te li com a atenção que mereces.
Vi à pressa mas gostei do que vi.

bjs

Fernando Pinto disse...

Obrigado por ter visitado o meu "Olhar Ovarense". Tenho outro Fotoblogue chamado "Labirinto de Olhares", onde publico regularmente. Passe por lá quando tiver tempo.

Gostei muito deste seu espaço, das imagens, dos textos. Parabéns!

Abraço,
FMOP

peter_pina disse...

estive aqui a espreitar o blog...e ...parabens!

p.p.