Não haverá muito tempo para discussões quando a emergência suplanta a dúvida razoável, a limitação que já existia torna-se escandalosamente maior, de um segundo para o outro, entre a vida em pleno sofrimento do segundo anterior e a expectativa do seu desaparecimento total e aniquilante no segundo que se segue…
Que sofrimento é esse não mensurável que ao mesmo tempo sugere ser dimensionado de intolerável, insuportável, incontornável, incompreensível, cuja solução aponta para hipóteses de finitude infinita, onde as ditas alternativas também infinitas não conseguem atrair nem o sentimento, nem o pensamento, nem o desejo de acção inactiva, do ser que não deseja “mais” do que a própria vida que deseja e que não consegue visualizar esse desejo (nesse momento)… Desejar a morte, não é desejar morrer, é desejar (continuar?) a vida de uma outra forma que não aquela que o fez desejar morrer (ou retirar-se daquela vida)…
(Um) (d)O(s) problema(s) está muitas vezes na incapacidade momentânea de desejar, expectar, imaginar, visualizar uma vida que não faça desejar àquele ser a sua própria morte: a incapacidade de sonhar ou a fixação no pesadelo(?).
A solução final, “(col)matante”, culminante, quando pretende ser a luz para iluminar a solidão, será o resultado mais escuro que a própria escuridão(?), como matar a solidão com o totalitarismo representativo da própria imensidão humanamente inatingível que ela representa?
Pois não… Não tem que fazer sentido, se o poder impulsivo estiver imbuído de expectativas de conclusão, de um final, qualquer que ele seja, um que seja “apenas” melhor que o sentimento do “segundo anterior”, nem que para isso o “segundo seguinte” seja a inexistência do ser…
Mas isso, não pode deixar de ser uma realidade enviusada, reducionista, nem diria propriamente distorcida, diria mais incompleta, aquela visão que não se dispõe a ver mais do que aquilo que a própria visão nem vê… De facto, querer morrer pela morte, não será “apenas” querer outra vida?