Quando repetimos de uma forma cuja repetição existe independentemente da resposta ou situação a responder, voltamos a (pré) comportarmo-nos segundo aquele padrão cujo registo à muito está imprimido naquela nossa instância que nos designa os princípios, valores e moral. E até que ponto é nossa essa instância, no sentido da sua etiologia (primária) imprimida por outros, no sentido da ausência de real consciência e domínio, no sentido em que o nosso contributo intencional para a sua formação e disposição dinâmica actual é tão diminuto quanto é mínimo o nosso conhecimento sobre a nossa “auto-globalidade” psíquica.
O ponto de viragem: a percepção de controlo (e não o controlo em si) sobre a mudança. A hipótese de que a possibilidade de sermos detentores de contributos sérios e reais sobre o que os desígnios fatalistas em nós imprimidos pelos cuidadores primários é uma via para a nossa autonomia “pré-comportamental”: a criação de uma identidade pseudo alheia ao mundo externo primário. A alternativa ou o complemento “(auto) intra-induzido” à impossibilidade de não receber e ter que “aceitar” (naquela altura?) como nosso, aquilo que aqueles outros “objectos primários” nos atribuíram, para toda a nossa vida?
A interdependência extensível e inegável do vínculo sobrevivente, “pré-disposto” e exigente à própria natureza e condição mamífera, revela-se de forma tão “límpida” nas novas vinculações (reais ou fantasiadas), que esperamos tantas vezes que esses novos “objectos” compreendam e nos respondam da mesma forma que nos “ensinaram” a responder e a esperar respostas, ou pelo menos de formas semelhantes a essas provenientes das ligações afectivas primárias.
Quando essas expectativas são frustradas nas novas relações afectivas com esses novos objectos, podem dar-se acontecimentos internos de dinâmica conflituosa, como por exemplo, entre o que esperamos dos outros (novos objectos relacionais) e o que esperamos de nós (identidade expectável), entre o que os outros primários (os cuidadores “primitivos”) esperam de nós e aquilo em que nos tornámos (identidade dinâmica actual), entre o que de facto adaptamos à nova realidade relacional e o que repetimos de relacionamentos anteriores, entre o que a nossa percepção nos permite visualizar em termos de proximidade ao “eu real” do “eu ideal” e a sua inter-relação com a percepção do objecto “pseudo-externo”, entre outros.
No entanto, é necessário destacar que a existência de conflitos internos é condição indispensável à mudança psíquica, o que não significa de todo que todos eles sejam fundamentais ao salutar “desenvolvimento” pessoal de cada indivíduo. Ou seja, apesar dos conflitos serem necessários para que ocorram mudanças, nem sempre as mudanças que ocorrem são desejáveis e/ou agradáveis, e, nem sempre os conflitos têm resoluções pacíficas ou mesmo resoluções de todo. A própria não resolução conflitual implica mudança, a mudança é de carácter contínuo e permanente, tal como a existência de conflitos, tal como a própria existência (que é sempre relacional?).
2 comentários:
E como é possível viver com o que ficou "entranhado" em mim e com isso, aprender a lidar e a ser congruente comigo mesma (TPC)?
E como resolver as minhas próprias divergências e pelejas interiores com o passado versus presente (TPC)?
E como, e como?...
Questões que me sufocam quando não consigo esbarrar com a resposta, mesmo que esteja logo à minha frente (mais um TPC).
Boa semana!
hum...gostei do que escreveu..eu estou a passar por essa fase!!está a ser dificil ser "eu real" do que o "eu ideal" ,visto que a maneira de gostar que me ensinaram (através de bens matariais) está errada..a vida facil nao tem o mesmo valor,por isso acredito que apesar de todo o sofriment e confusão que me isto m está a causar não é em vão,porque quando isto tudo passar espero sentir me mt melhor,.... continue assim,td de bom.
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