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Artigos principalmente sobre Psicologia Clínica de Orientação Analítica e Psicanálise.

sexta-feira, 14 de março de 2008

“A Ingenuidade e a Genuinidade da Besta...”



Não procuro encontrar no encontro das minhas palavras com a leitura das mesmas, um processo pelo qual se pretendem fazer valer ensinamentos concretos (ou sequer mesmo ensinamentos em si), de objectividade de valência transmissiva daquele tipo de conhecimento que por alguns (e pela sua potencial necessidade de minimização da incerteza e consequente ansiedade proveniente) só o é quando positivista, baseado (talvez) em modelos prévios e padronizados do que foi, do que é, e do que por eles é pretendido e desejado que a ciência seja: uma ciência positiva.

A aplicação da técnica científica na prática clínica psicológica é um processo que indubitavelmente está e estará associado à envolvência complexa do “domínio” da subjectividade-objectiva da “técnica de aplicação da própria técnica científica”: a arte da aplicação da técnica cientifica pela própria arte.

Será assim tão escuro esse negro?

Não deverá ser suposto expectar ouvir respostas quando o que se faz são apenas perguntas, pelo menos as minhas respostas, pois são as vossas que a vós mais vos interessam, independentemente da qualidade auto-classificativa que nelas se sentem a sentir.

Exigir compreender?

A liberdade da (para a) “Besta Primitiva” é a “Sua” própria angústia de liberdade (libertação)?

Sou o que sou(?) também sendo o que sinto?

Se não há a aceitação por uns, há a compreensão dessa dimensão por outros?

Não pretendo, “aqui”, ser científico (“positivo”), se não é essa a forma, se não é esse o caminho, se não é esse o conteúdo, se não é isso que mais preponderância valorativa tem para compreender “o que sinto de ti”.

Como exigir uma outra forma “que não sou”? O valor da génese genuina independentemente da sua produção final...

Adaptar, quando se pretende libertar a “Besta”?

Aceitar, a existência tantas vezes frustrante do existir das “barbaridades”?

Não querer ser só a “Besta em Liberdade”, nem ser só ela na sua “Prisão”, mas não querer também que ela não exista quando é indissociável (d)a sua existência... não será querer ser mais (ou menos) do algo que (não) são?

Ninguém tem a obrigação de conhecer o que de si lhe é “intencionalmente desconhecido”. “Não sei ser outro que não este EU total e repartido”.



Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 12/03/2008

1 comentário:

Anónimo disse...

(in)genuamente pode-se dizer que o ser se compreende na pretensão de dizer-se o que/ como não se pretendia...mas o que pretendia na sua (in)genuinidade está carregado do valor que ele mesmo parte para aquilo que, não pretendendo de um movimento de ser pelo seu mundo externo e interno, o deixa caracterizado na totalidade de oportunidades em que, não sendo, deixou de ser mais ou menos genuíno, para se sentir unicamente enquadrado no padrão de que o outro (ele mesmo) sente como aquilo que é mais ou menos importante no sentido dessa categoria a que chamaram de (in)genuinidade...