Silhueta recortada em folha de papel, mostram-se em linhas os contornos da pele, permitem diferir o quão imagética distorcida há nessa realidade construída, e o quanto ela serve perfeitamente para esconder ainda mais fundo uma dor tão distinta dessa que se quer fazer demonstrar através do corpo “auto-deformado”.
Pode até parecer que não, a uma primeira e quem sabe segunda e terceira vista, que a dor posta no “concreto” de um corpo (não) corresponde a uma idealização qualquer, que é uma dor menor, ou melhor, é uma dor transformada, re-integrada, re-interpretada, uma bem mais suportável que aquela que realmente propulsiona, desencadeia, encadeia, o aparecimento dessas ditas perturbações do foro alimentar.
É demasiadas vezes “mais fácil” lidar com uma perturbação que tende para o palpável, do que lidar com aquilo que já nem se sabe bem o que é, o que foi e o que irá ser. Mas, a isso acresce um problema, o problema de se tentar apenas lidar com a sintomatologia considerando que essa sintomatologia é o problema em si, quando ela é apenas um dos resultados consequentes do real nível problemático. Assim, além de se desconsiderar o problema fundamental, ainda se corrobora com a distorção problemática que a pessoa de forma inconsciente elaborou para tornar “mais fácil” a sua vida, ou será, menos difícil?