O grupo local de Aveiro da Amnistia Internacional promoveu, ontem, no Hotel Moliceiro, uma tertúlia sobre Bullying (violência escolar), a propósito da comemoração do Dia Mundial da Criança. A intervir estiveram o psicólogo clínico João Castanheira e um representante da Associação Consensus, que desenvolve trabalho na área da Violência nas Escolas e Mediação Escolar.
O Diário de Aveiro falou com João Castanheira, no sentido de saber o nível actual de ocorrências do fenómeno, como se manifesta, e se as escolas sabem lidar com a situação. De acordo com este psicólogo, apesar de o conceito de Bullying ser relativamente recente, «já existe há muito tempo; há casos muito antigos», defendendo que a solução não deverá passar pela intervenção política.
João Castanheira afirma que «não se deve negligenciar a vítima», alertando para a importância de «nos focarmos no agressor, com uma intervenção de fundo a nível terapêutico». «Eles próprios são vítimas antes de serem agressores, tentando deixar de ser minimizados, inferiorizando os outros», explica, acrescentando o tipo de «agressor vítima, que responde à agressão».
Actualmente, e de acordo com o psicólogo, as agressões verbais e a humilhação adquirem tanto peso como a agressão física, sendo que a principal característica do fenómeno se prende com o seu «carácter de permanência, que pode ter como resultado extremo o suicídio».
Segundo João Castanheira, e baseando-se em estudos já efectuados, «existem crianças com predisposição para ser vítimas, pelas suas próprias características», das quais destaca a fragilidade e a tendência para a depressão. «Os agressores e as vítimas têm características muito semelhantes; têm é uma forma completamente diferente de lidar com elas», revela.
No que respeita à sua opinião sobre se as escolas sabem como gerir o problema, João Castanheira não hesita em responder que não, acreditando estarem a preparar-se nesse sentido, «principalmente a nível informativo». «É uma situação que se verifica, sobretudo, nos recreios, onde as crianças têm liberdade para partilhar uns com os outros; não há supervisão, senão entre elas próprias». Na sua opinião, a solução não passará pela anulação desta socialização interpares.
De acordo com os estudos mais recentes, o fenómeno está presente por todo o país, independentemente da região, sendo que «quanto mais novas são as crianças, mais envolvidas estão», com maior incidência no sexo masculino.»
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