No passado dia 8 deste mês do corrente ano, li um artigo no “Jornal de Notícias” que me causou um efeito de alguma consternação. Na Grã-Bretanha, põe-se em hipótese, numa discussão de tramites legais, um casal conceber um filho (uma pessoa) com a intencionalidade deliberada e específica de este vindouro fornecer o poder curativo para um filho deste casal que tem uma doença genética.
A minha preocupação não tem um caracter ético na sua plenitude, tem sim sentido quando se visiona as possíveis consequências idiossincráticas de um indivíduo humano ainda inexistente. Ou seja, estes pais não desejam o filho pelo filho, mas sim o filho pelo outro. E, isso, pode ser pré-traumático, na perspectiva em que esta futura pessoa será concebida mediante um planeamento sim, mas um planeamento de utilização genética, e não um planeamento de acção afectiva, característica essência da boa saúde mental/desenvolvimental da relação pais/filho e filho/mundo.
É hoje do conhecimento científico que toda a globalidade da preexistência influencia de forma significativa, senão determinante, a futura existência pessoal. Um dos aspectos a ter em consideração como factores de maior peso directo nessa globalidade são as expectativas parentais e as suas motivações criadoras, quer as conscientes, quer as omissas.
Por outro lado será facilmente compreensível que estes pais queiram salvar o filho que conhecem e que de certa forma menosprezem as consequências negativas que poderão surgir para o filho que ainda não vêem. Ao vindouro, é ainda compreensível que o visualizem supervalorizando os traços de positividade provenientes da imagem de necessidade curativa, e, vejam nesse planeamento e futura acção intencional, “apenas” aquilo que possivelmente poderão pensar ser os factores de positividade esperada nesse e para esse filho: “Ele nasceu para a salvação do irmão e isso será um factor de felicidade para ele...(?)”. Certamente não posso pensar por estas pessoas, mas poderão elas pensar pelas que ainda não existem?
A minha preocupação não tem um caracter ético na sua plenitude, tem sim sentido quando se visiona as possíveis consequências idiossincráticas de um indivíduo humano ainda inexistente. Ou seja, estes pais não desejam o filho pelo filho, mas sim o filho pelo outro. E, isso, pode ser pré-traumático, na perspectiva em que esta futura pessoa será concebida mediante um planeamento sim, mas um planeamento de utilização genética, e não um planeamento de acção afectiva, característica essência da boa saúde mental/desenvolvimental da relação pais/filho e filho/mundo.
É hoje do conhecimento científico que toda a globalidade da preexistência influencia de forma significativa, senão determinante, a futura existência pessoal. Um dos aspectos a ter em consideração como factores de maior peso directo nessa globalidade são as expectativas parentais e as suas motivações criadoras, quer as conscientes, quer as omissas.
Por outro lado será facilmente compreensível que estes pais queiram salvar o filho que conhecem e que de certa forma menosprezem as consequências negativas que poderão surgir para o filho que ainda não vêem. Ao vindouro, é ainda compreensível que o visualizem supervalorizando os traços de positividade provenientes da imagem de necessidade curativa, e, vejam nesse planeamento e futura acção intencional, “apenas” aquilo que possivelmente poderão pensar ser os factores de positividade esperada nesse e para esse filho: “Ele nasceu para a salvação do irmão e isso será um factor de felicidade para ele...(?)”. Certamente não posso pensar por estas pessoas, mas poderão elas pensar pelas que ainda não existem?
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 22/03/2005
in Jornal de Albergaria, 22/03/2005
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