À algum tempo atrás, um dos meus pacientes adolescentes, após finalmente ter mencionado os verdadeiros factores que o levaram à tentativa de suicídio, terminou a consulta com um pedido insólito, mas esclarecedor: “Sei que não devia pedir isto, mas podia-me dar um abraço, por favor...”.
Apelando ao afecto não concedido pelos quem mais gostaria de abraçar e de ser abraçado, esta pessoa chora nos meus braços a dor de não ser compreendida, de ela própria não se perceber a si, aos outros e ao mundo que a rodeia. Mais do que isso, e principalmente, revela o investimento deficitário e a atenção também distorcida dos seus mais próximos, quando mais do que nunca precisava “apenas de um abraço”.
Construíram-se laços inadequados e incongruentes com o equilíbrio necessário à exploração saudável do mundo afectivo. Mundo desconhecido, e, difícil de encontrar para o adolescente, quando não se formaram bases preliminares de sustentação emocional, para a tão atribulada descoberta relacional, o encontro consigo perante o outro. Por outras palavras, a adolescência é por si só um período conturbado de descoberta aos mais diversos níveis. Neste, o da descoberta afectiva, será de conveniência que o indivíduo tenha tido a possibilidade de experiênciar, desde o início mais remoto da sua vida, conteúdos equilibrados e assertivos de afecto relacional, para que assim esteja minimamente preparado para o que a vida lhe reservar quando se deparar com os conflitos provenientes dos processos de identificação e autonomia, característicos da adolescência.
De uma forma mais transparente, a descoberta afectiva da adolescência, que aqui se procura abordar, refere-se especificamente ao encontro do “EU” com o real ou imaginário, parceiro amoroso. Certamente, esta questão específica não deve ser alienada do vasto conjunto complexo de factores interdependentes, tais como a sexualidade ou a necessidade de vida em grupo como factor de protecção para o mundo desconhecido e como factor de transposição da vida vinculativa familiar para a vida (pseudo) autónoma.
Dentro da perspectiva integrativa global da realidade adolescentil, esta referência tão específica não deve ser deixada ao acaso, já que nesse sentido os resultados finais poderão ser devastadores, muito para além da adolescência, e em última análise poderão terminar muito antes do fim desta. É apenas um aspecto, a consideração do afecto relacional, mas tem peso suficiente para que a vida do actual adolescente seja diferente na sua vida adulta.
Apelando ao afecto não concedido pelos quem mais gostaria de abraçar e de ser abraçado, esta pessoa chora nos meus braços a dor de não ser compreendida, de ela própria não se perceber a si, aos outros e ao mundo que a rodeia. Mais do que isso, e principalmente, revela o investimento deficitário e a atenção também distorcida dos seus mais próximos, quando mais do que nunca precisava “apenas de um abraço”.
Construíram-se laços inadequados e incongruentes com o equilíbrio necessário à exploração saudável do mundo afectivo. Mundo desconhecido, e, difícil de encontrar para o adolescente, quando não se formaram bases preliminares de sustentação emocional, para a tão atribulada descoberta relacional, o encontro consigo perante o outro. Por outras palavras, a adolescência é por si só um período conturbado de descoberta aos mais diversos níveis. Neste, o da descoberta afectiva, será de conveniência que o indivíduo tenha tido a possibilidade de experiênciar, desde o início mais remoto da sua vida, conteúdos equilibrados e assertivos de afecto relacional, para que assim esteja minimamente preparado para o que a vida lhe reservar quando se deparar com os conflitos provenientes dos processos de identificação e autonomia, característicos da adolescência.
De uma forma mais transparente, a descoberta afectiva da adolescência, que aqui se procura abordar, refere-se especificamente ao encontro do “EU” com o real ou imaginário, parceiro amoroso. Certamente, esta questão específica não deve ser alienada do vasto conjunto complexo de factores interdependentes, tais como a sexualidade ou a necessidade de vida em grupo como factor de protecção para o mundo desconhecido e como factor de transposição da vida vinculativa familiar para a vida (pseudo) autónoma.
Dentro da perspectiva integrativa global da realidade adolescentil, esta referência tão específica não deve ser deixada ao acaso, já que nesse sentido os resultados finais poderão ser devastadores, muito para além da adolescência, e em última análise poderão terminar muito antes do fim desta. É apenas um aspecto, a consideração do afecto relacional, mas tem peso suficiente para que a vida do actual adolescente seja diferente na sua vida adulta.
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 22/02/2005
in Jornal de Albergaria, 22/02/2005
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