Este título pode sugerir que uma postura assertiva se refere a componentes de equilíbrio em detrimento de posicionamentos extremos, e/ou mesmo que as posições de extremidade não se enquadram em parâmetros que possam ser passíveis de ser nomeadas como equilibradas. Ou ainda, que as posturas extremas não são de todo adequadas, isto é, não são assertivas.
Contudo, nem sempre é assim. Basta avivar a memória para determinados dados que nos indicam que, por exemplo, é em momentos de grande desequilíbrio que a criatividade mais se activa. Outra questão é a forma como é direccionada essa criatividade, se numa vertente funcional, construtiva e produtiva, ou se pelo contrário, numa perspectiva de disfuncionalidade, destrutividade e de inactividade. Então, trata-se não de classificar numa dicotomia dualista e reducionista do género equilíbrio vs. desequilíbrio, mas sim de perceber e adequar as formas de lidar (coping) com esses posicionamentos centrais ou extremistas (ou qualquer outro grau ou dimensão posicional).
É necessário realçar que o que aqui se dá pelo nome de posicionamento, refere- -se, ao estado mental, e que, se pretende alertar para que estar mentalmente desequilibrado não significa necessariamente estar-se doente ou ter-se uma patologia mental. Significa também que, um estado mental extremo ou desequilibrado pode, quando direccionado assertivamente, ser algo muito produtivo e funcional. Pode e deve mesmo dizer-se que todos nós temos pelo menos traços do que poderia ser identificado como características de psicopatologia, mas que quando correctamente utilizados nos permitem viver, por exemplo, longe do perigo.
Um exemplo típico disso, são as características ansiosas que nos permitem não sermos atropelados quando pretendemos atravessar uma rua. Antes de o fazermos, as nossas características ansiosas permitem-nos ter consciência do possível perigo eminente e de não atravessarmos sem olhar para os dois lados, tal como alguém já antes nos havia ensinado como meio de prevenção do tal hipotético perigo eminente. São traços de ansiedade utilizados de forma adequada e necessária para evitar o perigo. Se pelo contrário ao atravessarmos a rua ficamos a meio do caminho estagnados pela ansiedade do perigo, corremos o risco de ser atropelados devido a uma utilização incorrecta dos tais supostos traços ansiosos.
Melhor dizendo de forma simplista e metafórica, a utilização de traços ansiogénicos de forma assertiva implica comportamentos de fuga ou de luta e não de inactividade. É claro que lutar ou fugir pode ser ou não assertivo, mas isso depende da multiplicidade de factores específicos de cada situação e indivíduo. Ou seja, se no meu percurso encontro um cão raivoso preparado para atacar, ou fico para o enfrentar ou activo um método de fuga ao perigo. Se numa situação dessas ficar estagnado e sem reacção, quando o cão me atacar não vou ter activadas as minhas defesas perante tal perigo, e posso dar-me mal com isso.
De toda a forma, as características ansiosas são apenas um exemplo entre tantos outros, tais como as características depressivas, psicóticas, obsessivas (etc.) que podem ser bastante úteis para a nossa vida diária e sobrevivência básica.
Contudo, nem sempre é assim. Basta avivar a memória para determinados dados que nos indicam que, por exemplo, é em momentos de grande desequilíbrio que a criatividade mais se activa. Outra questão é a forma como é direccionada essa criatividade, se numa vertente funcional, construtiva e produtiva, ou se pelo contrário, numa perspectiva de disfuncionalidade, destrutividade e de inactividade. Então, trata-se não de classificar numa dicotomia dualista e reducionista do género equilíbrio vs. desequilíbrio, mas sim de perceber e adequar as formas de lidar (coping) com esses posicionamentos centrais ou extremistas (ou qualquer outro grau ou dimensão posicional).
É necessário realçar que o que aqui se dá pelo nome de posicionamento, refere- -se, ao estado mental, e que, se pretende alertar para que estar mentalmente desequilibrado não significa necessariamente estar-se doente ou ter-se uma patologia mental. Significa também que, um estado mental extremo ou desequilibrado pode, quando direccionado assertivamente, ser algo muito produtivo e funcional. Pode e deve mesmo dizer-se que todos nós temos pelo menos traços do que poderia ser identificado como características de psicopatologia, mas que quando correctamente utilizados nos permitem viver, por exemplo, longe do perigo.
Um exemplo típico disso, são as características ansiosas que nos permitem não sermos atropelados quando pretendemos atravessar uma rua. Antes de o fazermos, as nossas características ansiosas permitem-nos ter consciência do possível perigo eminente e de não atravessarmos sem olhar para os dois lados, tal como alguém já antes nos havia ensinado como meio de prevenção do tal hipotético perigo eminente. São traços de ansiedade utilizados de forma adequada e necessária para evitar o perigo. Se pelo contrário ao atravessarmos a rua ficamos a meio do caminho estagnados pela ansiedade do perigo, corremos o risco de ser atropelados devido a uma utilização incorrecta dos tais supostos traços ansiosos.
Melhor dizendo de forma simplista e metafórica, a utilização de traços ansiogénicos de forma assertiva implica comportamentos de fuga ou de luta e não de inactividade. É claro que lutar ou fugir pode ser ou não assertivo, mas isso depende da multiplicidade de factores específicos de cada situação e indivíduo. Ou seja, se no meu percurso encontro um cão raivoso preparado para atacar, ou fico para o enfrentar ou activo um método de fuga ao perigo. Se numa situação dessas ficar estagnado e sem reacção, quando o cão me atacar não vou ter activadas as minhas defesas perante tal perigo, e posso dar-me mal com isso.
De toda a forma, as características ansiosas são apenas um exemplo entre tantos outros, tais como as características depressivas, psicóticas, obsessivas (etc.) que podem ser bastante úteis para a nossa vida diária e sobrevivência básica.
Crónicas da Mente Esquecida, por João Castanheira
in Jornal de Albergaria, 11/10/2005
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